Honestamente, eu não me lembro de ter tido em outra época tantas amigas solteiras ao mesmo tempo. Aliás, há cerca de um ano, a impressão que eu tinha é que a vida estava afunilando. Quero dizer, meus amigos mais antigos – aqueles casais que se formaram ainda no colégio – estavam casando, noivando, comprando apartamento, engravidando. Enquanto eu me confortava na ideia de ser nova, de não precisar ter pressa. Mas, francamente, eu não sou tão nova assim, e um ansioso tique-taque ricocheteia o meu peito. Muitas vezes, me senti atrasada, problemática, histérica. Mas nada que boas noites de vinho não resolvessem, diga-se de passagem.
Acontece que da noite pro dia várias amigas minhas terminaram seus relacionamentos. Para algumas, um choque; sem mais, nem menos. Dormiu dois, acordou uma. Para outras, um alívio; a espera do estopim que levasse ao fim já havia se tornado um martírio. Às vezes, você se acostuma com as coisas do jeito que estão e para de se questionar se é o melhor que pode ter. Ou ainda, se você é o melhor que pode ser por alguém. E isso vale para todos os casos.
Não deu outra e o assunto em qualquer oportunidade se tornou os motivos que desencadearam o término, os sentimentos que as envolviam e as expectativas quanto a vida de solteira. No início, qualquer amargura era entornada de uma vez só como uma dose de tequila. Na insistência de se fazer sentir feliz, não se sentia mais nada. Nem mesmo dor.
No entanto, à medida que o tempo costurava as rupturas mais profundas, velhas cicatrizes, até então esquecidas, latejaram novamente. Era a sensação de “menos um” ou de “não foi dessa vez”. Mas quando será, afinal de contas?
Mesmo quando já convictas que há males que vem para o bem, minhas amigas, ainda não sentiam confiança. Ou seja, você pode até saber sem pestanejar os erros e acertos da sua relação anterior, mas isso não vai fazer com que as próximas sejam mais fáceis. Tornar-se frígida não é maturidade. Tornar-se orgulhosa não é se valorizar. E de tanto buscar em qualquer faísca de compatibilidade a chance de acender uma história, de certa forma, o sentimento congela. Coração de gelo é tão frio quanto frágil.
A verdade é que inevitavelmente o tempo nos torna mais exigentes. Cavalheirismo perde a pose de bom moço munido de rosas e chocolate e dá lugar aquela cumplicidade de quem se interessa em saber como foi seu dia. Romantismo deixa de lado a exposição em redes sociais e se torna um café da manhã na cama em um dia sem absolutamente nada de especial. O próprio ciúmes, tantas vezes já usado como termômetro da relação, é trocado pela liberdade de ir e vir sem a obrigação de ficar. O que elas querem é se sentirem valorizadas.
Daqui pra frente não dispomos mais do privilégio de estar com alguém apenas pela covardia de ficar sozinha. Se tudo acontece por uma razão, o amor existe pela intenção de quem quer fazê-lo acontecer. Não tem mistério, mulheres só buscam um amor sincero.