Outro dia, conversando com uma amiga minha ela me perguntou como eu podia falar tanto de amor se por ele eu já sofri tanto. Passei muito tempo me achando indigna de amar, já chorei muito questionando deus e o universo do porquê eu não conseguia sentir isso por ninguém, porque isso não me parecia valer a pena. A imagem que eu havia plantado na minha cabeça era de que o amor era uma armadilha de loucos, de que era destrutivo, problemático. Isso era o que eu via na relação dos meus pais, dos meus amigos e até na mídia.
Sou o tipo de pessoa que evita listar os defeitos das pessoas que gosta. Faço isso porque eu sei que eles existem, mas não vejo a necessidade de ficar lembrando-os a mim mesma, principalmente, quando não posso fazer nada a respeito. Somos humanos, a verdade é essa, e quando amamos alguém tendemos a enaltecê-lo, às vezes até tratá-lo como uma divindade. A gente esquece que aquela pessoa por melhor que seja pra gente tem seus próprios erros, traumas, medos e arrependimentos que, talvez, nunca cheguemos a conhecer. Ou conheceremos aos poucos. Não sei o que assusta mais, sinceramente.
Então, ele veio a minha procura enquanto eu tentava fugir. Foi uma colisão caótica. Tive que aprender a lidar com esse outro lado de mim que eu desconhecia completamente. Falhei muitas vezes. Decepcionei pessoas que me amaram de graça. Enlouqueci, trouxe à tona minhas inseguranças. Fui contraditória e orgulhosa. E o fim dessa história nos leva ao início desse texto: eu me permiti sentir.
E isso me mudou de uma forma linda.
Temos que respeitar as decisões que não conseguimos compreender, e as escolhas que nos parecem erradas, porque não podemos interferir tão diretamente no aprendizado e crescimento do outro. Eu sei, eu também queria poder dizer aonde eu vejo que alguém está vacilando (baseado nas minhas próprias experiências, inclusive) e isso ser o suficiente pra que ela mude ou procure melhorar, mas isso está além da nossa vontade, do nosso direito. Algumas pessoas precisam mesmo quebrar a cara pra aprender, pra amadurecer. Não cabe a nós determinar quando isso deva acontecer. E vale ressaltar que essas mesmas expectativas caem sob nós. Às vezes, nos sentimentos incapazes de agradar e, às vezes, sentimos que não merecemos estar com alguém assim. Por isso o excesso de cobrança em prol de uma perfeição inexistente cada um se torna desgastante com o tempo. Um relacionamento harmonioso não é aquele em que não há discussão, briga, decepções, mas aquele em que, embora passe por milhares de obstáculos de convivência e autoconhecimento de ambos, ainda assim, tem amor pra resistir ao fim.
Descobri que uma das melhores sensações da vida é amar alguém, e não só se sentir amado. É muito bom olhar para uma pessoa e ver esperança em seus olhos. É incomparável a gratidão de encontrar com quem dividir seus dilemas sem culpa. Eu permiti que o amor me inundasse, me fizesse perder a cabeça, me beijasse a alma. Eu quis me consertar por ele. Não lutei contra, pelo contrário, só eu sei o quanto lutei pra mantê-lo. Então, tudo fez sentido: meu passado, meus planos, meus medos. Era como se a minha vida inteira tivesse me preparado pra esse momento. Eu não me arrependo. De nada. Choraria o dobro, faria tudo de novo, mergulharia de cabeça outra vez. Eu achava que fosse uma fraqueza e hoje percebo que é a base de toda minha força. O amor me fez alguém do qual me orgulho. Eu não trocaria isso por nada! E mal posso esperar pra vê-lo cruzar meu caminho pra me reinventar mais uma vez.
Lindoooo <3