“Eu não quero ser esquecida, confesso. Eu ainda quero ser especial pra você. Eu me sinto cansada. Eu não quero passar por todos esse processo com outra pessoa. Eu não quero gostar de alguém de novo. Era pra ser você. Só você. E sem você, não quero que seja mais ninguém”, dizia a última mensagem que lhe enviei.
Com ele não foi como das outras vezes. Aliás, eu senti vergonha por toda vez em que achei ter gostado de alguém antes dele. Era como se, por ele, aqueles com quem me envolvi não passassem de um mero erro de diagnóstico. Nada se comparava. Eu não queria estar por cima, vencer na disputa de egos. Me apavorava pensar que ele fosse apenas uma obsessão ou um passatempo. Porque se fosse, se por acaso ele fosse uma distração a qual me apeguei, então eu não sabia nada sobre o amor. E talvez não soubesse mesmo porque o que eu sentia era tão intenso que chegava a me assustar. Eu havia entregado as cartas. Tudo que eu queria era que ficássemos bem. Eu estava com meus sentimentos nus e sem nenhum pudor. Sem medo. Eu queria que ele me visse como os outros não puderam ver.
Decidir superar foi uma das melhores e mais dolorosas escolhas que já fiz. Assim como toda perda, me derrubou e, assim como toda fase, passou. E eu sobrevivi ainda mais forte. Cedo ou tarde, a gente percebe que a paz que tanto procuramos está no adeus que não permitimos que aconteça. Depois de um tempo, eu pude entender que até mesmo esquecer era uma decisão daquelas capazes de nos mudar pra sempre. Quando o sentimento está apertado dentro da gente é sinal que está na hora de abrirmos mão de guardá-lo, pois ele ocupa um espaço que não lhe pertence mais.
Eu não estava feliz ao terminar, é claro. Quem ficaria ao deixar pra trás alguém que o coração quer ao lado? Mas eu estava em paz, e por mais que sentisse saudade, eu não trocaria essa paz por nenhuma promessa de quem teve a oportunidade e não soube valorizar. Um dia você simplesmente se dá conta de que, ainda que decida tentar mais uma vez, não existe essa de “voltar a ser o que eram”. Escondem-se as cicatrizes, mas muitas vezes, a dor persiste calada. Que se deem, antes de mais nada, a chance de fazer dar certo com uma melhor versão um do outro para que os antigos erros não se repitam.
No fundo, a gente sabe quando alguém se importa. Às vezes, a gente finge que não vê, outras, já finge que acredita. Mas, dentro da gente, sabemos a verdade: quem gosta não esconde. Homem quando sente falta vai atrás. Quando quer estar com você te procura. Homem quando se importa, demonstra. Talvez você que espere demais de um menino. Não vale a pena lutar pra permanecer na vida de quem não faz nada pra te manter.
Às vezes, a saudade permanece quietinha dentro da gente e a gente acaba se acostumando. Às vezes, ela escorre pelos olhos. Mas sentir saudades não é desculpa para tentar de novo, sobretudo, se não houver reciprocidade. A saudade existe pra que a gente aprenda a valorizar quem não nos deixa partir. No fim das contas, não vou guardar rancor. Aprendi a perdoar, mas não quero esquecer. Não por lhe desejar mal, mas por ter aprendido minha lição: o preço da confiança quebrada é o coração partido.