O mundo me decepciona muito, e sei que decepciono o mundo com minhas imperfeições. Chega uma hora que somos tentados a desistir, pois tendemos a olhar para o que falta em nosso caminho, e não para o que já foi conquistado. Sentir dói, enxergar dói, a vida parece simples para quem segue alienado. Quanto a mim, travo uma batalha interna para driblar o que espero dos outros. Mas já aprendi que amor próprio é quando você se desapega daquilo que tem medo de perder. Principalmente alguém que custamos a valorizar.
Diante do espelho podemos ver que somos nosso maior obstáculo. Temos medo. Medo de fracassar, medo de deixar de ser amado da noite para o dia. Medo de deixar de amar. Medo de ser esquecido. Medo de esquecer-se de alguém. Medo de não lembrar suas manias, seu número de telefone, seu cheiro. Medo de não encontrar alguém, e de não encontrar-se sozinho. Medo de se conformar, de mudar e de não mudar nadinha. Medo da solidão, e de multidão também. Medo, sobretudo, de nós mesmos. De nos decepcionarmos e machucarmos as pessoas que amamos.
Pois é, o sofrimento é inevitável. Se não por ele, como saberíamos ao que ser gratos? Lutamos pelas nossas próprias vidas, diariamente. Só vem de mão beijada aquilo que não tiramos do papel, uma mera ilusão. A realidade requer coragem. A verdade é que somos mais adaptáveis do que imaginamos. Às vezes, sentir-se perdido e sem chão é parte de um processo pra que nos tornemos mais fortes. Você pode perceber que ao superar uma decepção, a sensação de aprendizado é inebriante. Temos até certeza de que não cairemos outra vez. Mas a vida ensina, pouco a pouco, que quanto mais sabemos sobre nós mesmos, mais temos a descobrir. Faz parte.
O importante é buscar aquilo que te preencha por dentro: desfazer-se de pessoas vazias, amizades superficiais e por que não dizer, daquela calça que de jeito nenhum vai te entrar mais? Desistir na hora certa é uma vitória silenciosa e sem mérito. Mas, às vezes, um passo para trás é o que te leva a seguir em frente. Não podemos perder a fé em nós mesmos, nas segundas chances, nos encontros casuais, afinal, não temos como saber que dia, novamente, sairemos de casa pra cruzar os passos com alguém que mude a nossa vida.