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Se eu disser que não te quero mais estarei mentindo. Na verdade, acho que hoje te quero mais do que ontem. E te quero ainda mais quando escuto seu nome em qualquer conversa, quando atravesso a rua procurando algum sinal de que poderíamos nos esbarrar por uma sorte – ou ironia – do destino. E te quero muito mais quando um frio na espinha me invade ao cruzar com uma foto sua, se sequer for possível querer tanto alguém assim.

Então, meu bem, definitivamente não foi por falta de querer. Foi por excesso. Absolutamente por excesso de querer aguentei me dilacerar de lábios cerrados sempre que punha a prova o que você dizia sentir por mim. Por excesso de querer engoli o amargo da minha língua mordida de tantas vezes que jurei nunca mais voltar pra ti. E pelo mesmo excesso, te deixei. Te querer demais me envenenou, me entorpeceu. Estive sedada pelo tempo que rompi meus planos para me desencaixar aos teus.

Eu disse que gostava de você, não que pararia minha vida por sua causa. Você já devia saber que cedo ou tarde eu iria me cansar de tentar chamar tua atenção, de implorar por tua consideração. Não dá pra fazer alguém entender a nossa importância pra si, se cada vez que damos o braço a torcer e perdoamos o malfeito, valemos menos pra nós mesmas. Eu sei que amor também é sobre perdão, e por isso não me arrependo de nenhuma das vezes que distribuí segundas chances como se compensasse as vezes que eu também errei. Eu precisava me reconstruir, eu precisava de tempo. Mas preferia investir em cenas de ciúmes que me proviam o mínimo de apego à ideia de que você realmente gostava de mim.

Talvez se eu tivesse sido mais corajosa nossa história agora fosse outra. Talvez de fato pudéssemos seguir em frente sem citar as inúmeras pedras que catamos no caminho a postos de serem jogadas. Mas, honestamente, eu quis mais pra mim. Eu sempre quis mais pra mim. E talvez por isso me dediquei a te fazer quem eu quisesse. Eu não respeitei suas limitações, confesso. Sobretudo, não respeitei o seu querer. Se você não estava disposto a mudar por mim de que valia a insistência?

Acredito que no momento certo você vai perceber que talvez esse tenha sido seu maior erro, assim como eu me dei conta que disfarçar a dor ao esbanjar um sorriso não mantinha meu coração intacto. Pensando bem, será que não fomos apenas um disfarce um para o outro? Uma máscara de satisfação feita para maquiar o contentamento de nossos fracassos. Quando duas pessoas já não se fazem mais bem, qual o propósito de estarem juntas? O que pode nos manter ao lado de alguém que seja maior do que nossa própria felicidade individual?

E sabe o que eu descobri? Que só querer não é o bastante. Que relacionamentos são compartilhados e, não, competidos. Que se alguém não te estimula, mesmo que de forma inconsciente acaba por te desmotivar. Que se as lembranças são mais presentes do que as próprias atitudes, então, nossa história não passa de uma saudade inconveniente. Que o contrário de construir uma relação não é a ruína da mesma, e sim, a estagnação de duas vidas. Mas, sobretudo, eu descobri que hoje não preciso mais de você. Talvez nunca tenha precisado, honestamente. Talvez eu só tenha te querido demais antes mesmo de saber se você era o suficiente.

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