Fui atrás dele. Não foi uma decisão sábia, eu sei disso. Mas acontece que chega uma hora que somos tomados pelo desejo de chegar ao limite, é como se puséssemos a nós mesmos contra a parede. Um momento em que você se pergunta “vai fazer alguma coisa ou vai esperar que algo aconteça?”. Porque, você sabe, pode ser que nada aconteça. Pode ser que a sua história, assim como tantas outras, nunca chegue a sair de um mero rascunho ensaiado. Pode ser que na próxima saída, na próxima esquina, ele conheça alguém que ocupe um espaço que, até então, não lhe cabia. Pode ser que um filme ou uma música lhe faça compreender a falta de necessidade de se buscar uma outra metade. Já estamos completos, a verdade é essa.
Você cresce e aprende que apanhar de cinto dói bem menos do que um coração partido. Seu pior pesadelo se torna fracassar diante daqueles que demonstram ter conseguido – mesmo que tudo seja uma bela mentira ensaiada. Mas antes que possa perceber vai estar bem mais forte do que jamais imaginou. Pessoas interessantes preferem os obstáculos, aquilo que lhes motive a vencer. Elas vivem à deriva do recomeço, sem medo de jogar para o alto o que – ou quem – lhes impeça de voar. Pessoas interessantes sobrevivem com uma esperança latente após um amor conflituoso, anseiam por pernas trêmulas, mãos suadas. Elas preferem o frio na barriga, estar ao lado de quem lhes desperte admiração, respeito e, claro, um tanto de loucura também do que permanecerem conformadas como gente normal.
Estar com alguém não é essencial, mas excesso de força de vontade, de querer. Pode ser que ele não queira tanto assim. Ou não te queira tanto assim. Não temos como saber disso e nem de uma porção de coisas que pedimos resposta quando o coração se aperta. Mas é por isso, e somente por isso, que devemos buscar aquilo o que faz vibrar. Que devemos optar pelo caminho que o deixe em paz, mesmo contra o senso comum, mesmo contra sua própria razão.
E, talvez, isso te faça pensar que anda se tornando mais ranzinza, mais impaciente, no entanto, não é bem verdade: o tempo passa e a gente aprende a selecionar melhor tanto as mágoas quanto as alegrias. O importante é focarmos nosso filtro de energias mental em coisas boas, pessoas do bem e sonhos que nos inspirem. Quaisquer detalhes que nos façam criar um caleidoscópio de opções pra que não percamos a esperança de olhar novamente e enxergar o novo. Portanto, se você se sentir inquieta e diferente daqueles que parecem ter tido a “sorte” de uma vida comum, talvez você seja mesmo. Mas não há problema algum. Com o tempo, a gente aprende a valorizar quem nos merece e abrir mãos daqueles que não puderam nos compreender. Uma vez que nos livramos das expectativas, escolher a quem amarmos é só mais uma forma de liberdade.
Eu fui atrás dele. Mandei uma mensagem, uma frase que representa minha alma inteira. Ele não sabe disso, é claro. Primeiro preciso vencer a mim mesma antes de ganhar o mundo. Essa pequena e desmerecida conquista da paixão sob o orgulho é exclusivamente minha. Fui atrás dele, e sei que não foi uma decisão sábia. Pode ser que ainda doa muito, mas pode ser também o primeiro esboço pra reescrevermos nossa história. Eu só saberia se tentasse e não é como se eu não tivesse medo de ter o coração partido; eu tenho. E muito. Mas é como se, por ele, valesse a pena a tentativa de arriscar meu próprio destino.