Eu sinto muita falta de ter algo contigo, mas sinto ainda mais de pensar que tínhamos algo. Sinto falta da esperança, sinto falta de quando me convencia de que você gostava de mim, de repassar nossos diálogos na minha cabeça só pra sentir em determinadas partes o coração palpitar. Mas quando eu penso na gente, no que você me oferecia, no que dizemos e fizemos um para o outro e o quanto você ainda é responsável por me fazer bem ou mal (uma tarefa que não deveria ser incumbida a ninguém) eu fico desesperada pra eliminá-lo da minha vida como se fosse uma doença, de modo que eu até esqueça as coisas boas que tivemos. Porque, no fundo, não tenho nenhuma dúvida de que vou ser mais feliz assim.
Afinal, se eu dou a uma pessoa do meu passado o poder de me desestabilizar desse jeito, diante do que venho fazendo pra me sentir bem, ponho tudo a perder. É regressão. Mas isso não é exclusividade de quem passou. Vai continuar acontecendo com qualquer pessoa que entrar na minha vida se eu não assumir o controle dela, entende? Eu preciso estar bem sozinha, porque senão vou só pulando de galho em galho e sofrendo do mesmo jeito, já que essas pessoas vão acabar sustentando as expectativas e as frustrações de outros relacionamentos, além das angústias que partem de dentro de mim.
Quando eu começo a me sentir mal por qualquer coisinha que seja, como quando vejo o impacto que alguém estar falando comigo ou não têm sobre como eu me sinto bem comigo mesma, eu já quero tirar completamente essa pessoa da minha vida porque não vejo sentido pra isso acontecer. Como eu posso dar esse poder a alguém? Quem pode ser merecedor dessa responsabilidade de me fazer feliz além de mim mesma? E daí eu lembro do tempo que eu não pensava em absolutamente ninguém, não sentia nada e estava muito mais focada em mim, então, logo concluo que prefiro estar sozinha.
A tendência é que a gente siga em frente, ou pelo menos, um dos lados siga. Então, se eu sustentar a ideia de que podemos nos reencontrar e ficar juntos novamente, há grandes chances de que você siga em frente sem mim. E quando eu me der conta, vou ser passado pra ti enquanto ainda espero que você seja meu futuro. Quero dizer, pode acontecer, é claro. A questão não é acreditar ou não nessa possibilidade, mas simplesmente entender não vale a pena insistir pra se manter na vida de alguém que te afasta.
Às vezes, eu me pego pensando “eu queria que fosse você”. Eu queria que fosse você aquele que eu viveria uma história intensa que no fim desse certo, que eu calasse a boca de muita gente e, inclusive, meu pessimismo. Eu queria que fosse você aquele que eu dissesse que, apesar de tudo, foi o grande amor da minha vida. Porque pra mim, ninguém nunca chegou tão perto de ser ele quanto você, entende? E daí eu me conta de que não precisa ser você, eu simplesmente quero. E meu querer não é racional, é tipo um capricho infantil. Ele se baseia só nas minhas decepções do momento, no quanto eu já falhei em relação a isso, no quanto eu não consegui me apegar a quem estava interessado ou me apeguei demais as pessoas erradas. E quando penso sobre você, e não sobre as coisas boas do início e quem você era, mas quem se tornou comigo, eu percebo que por mais que eu queira, pode ser que simplesmente não seja você.
Demorei um pouco pra descobrir que não valia a pena. Alguma coisa, lá no fundo, me impedia de seguir em frente e eu continuava me apegando à detalhes pra justificar a minha insistência. Mas percebi que, na verdade, essa “coisa” era medo de fracassar mais uma vez, de não ser o suficiente, de não saber onde eu errei. Precisei me enfrentar, e foi o que fiz. Precisei te perder pra me encontrar. Meu final feliz estava o tempo todo dentro de mim.