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“Ele é muito mais maduro do que muito cara mais velho que eu já fiquei”, quando ela me disse isso recuei com todas as pedras a postos de serem lançadas sobre aquele pseudo-relacionamento. Não que eu tenha acreditado, mas honestamente, essa era uma batalha perdida. Se ela acreditava nessa maturidade atemporal em que a idade não representava um agregador de experiências, então, eu nada podia fazer quanto a isso. Disse o que sempre acabo por dizer nessas situações “Não se pode pular fases. Eventualmente, qualquer pessoa vai agir conforme a idade que tem”. Dessa vez, foi ela que não acreditou em mim.

Não a culpo. A gente sempre crer que com a gente vai ser diferente, que encontramos o dito cujo que vai dar sossego ao coração, que cruzamos a bendita linha de chegada. No fundo, a gente sempre tem esperança e, às vezes, sem mesmo se dar conta se deixa levar por ela. Mas, uma coisa é certa: quando você vir um relacionamento muito longo que começou ainda na adolescência, não foi a maturidade que lhes mantéu juntos, e sim, a persistência. Pessoas mudam constantemente. Ora porque sofreram demais, ora porque aprenderam o bastante. Mas sempre mudam e, às vezes, se contradizem. No entanto, estar ao lado de alguém é também saber perdoar todo erro arrependido, compreendido. Estar ao lado de alguém é se tornar adaptável, tomar a forma do outro sem perder sua própria essência.

Na verdade, ninguém está isento disso, independentemente da idade que tenha. Você pode ensinar alguém a ser educado, a ser responsável, a ficar de pé mesmo quando perder o chão, a manter a cabeça erguida mesmo depois de ter seu mundo soterrado. Mas a ser maduro? Não, isso não. Maturidade é consequência e cada um tem sua própria forma de se encarar no espelho. Nem todo mundo gosta do que vê, nem todo mundo vê a si mesmo como realmente é. Às vezes, por querer bem demais a alguém o privamos de seu verdadeiro aprendizado, aquele em que ele teria que catar seus casos um a um, se reconstruir e se fazer inteiro ainda que composto por milhares de pedacinhos. De certa forma, cada um representaria uma parte sua que foi recuperada. E merecida. E como fazer alguém entender o valor que tem suas escolhas sem lhe dar tempo?

Sempre fui cética quanto a relacionamentos em que há uma certa diferença de idade, mas não pelos números em si, mas por representarem fases distintas. Que podem dar certo, eu não tenho dúvidas, mas a pergunta é: a custo de que dariam certo? Os dois tem que ceder, embora inevitavelmente um dos dois tenha que ceder mais. Uma relação equilibrada é quando cada um sabe a sua parte e faz, ao invés de ficar esperando que todo ato de romantismo seja consequência, e não, causa. A gente precisa de quem se doe por nós, é claro, mas a gente precisa se entregar de mãos lavadas a alguém com a certeza de que faz tudo que pode. Então, se você começa um namoro se achando na vantagem, já começou errado. No amor ninguém perde, mas apanha, e eventualmente, aprende. Se não por essa experiência, do que valeria a maturidade sem amar a ninguém?

Por fim, eu disse a minha amiga que tentasse, é claro. Não incentivo a ninguém a viver com o peso do “e se eu tivesse” nas costas. Tem que tentar, e tem que ser pra valer. Se estiver com medo de sofrer, nem perca seu tempo; amor é para os corajosos. Entretanto, também disse que tivesse paciência, não podemos impor o nosso tempo de aprendizado a ninguém. Disse que exercitasse a tolerância, estar com alguém mais novo é ter ciência de que ele, provavelmente, ainda não viveu na prática o que discursa tão bem na teoria. Disse a ela que, sobretudo, não repetisse as mesmas atitudes de quando tinha a idade dele pra se igualar – ou se justificar. Ela teve tempo para aprender com suas falhas, o melhor que pode fazer é ensiná-lo o mesmo. Disse também que amor é simplesmente incentivo, e ainda por cima, atemporal. O que a gente realmente procura é quem nos estimule a arriscar. A maturidade vem com o tempo, com a soma das experiências, mas o amor, não. Ele vence o tempo para fazer do “pra sempre” uma rotina.

 

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