Uma pontada no peito. Isso foi tudo que eu senti. E todas nossas brigas, as tentativas de nos machucarmos, os planos que não saíram do papel, o cheiro do seu lado da cama, o encaixe de nossas mãos dadas, o instante em que eu olhava pra ele e pensava na minha sorte, tudo se resumiu a uma pulsação fina e tão profunda que pareceu durar uma eternidade. De repente percebi que tudo havia mudado, daquele momento em diante eu estaria novamente só, e me peguei pensando do que eu tinha tanto medo: estar sozinha ou estar sem ele? Se eu soubesse que aquele seria o nosso fim, eu teria impedido. Teria lhe puxado de volta, até dito algumas mentiras, teria feito promessas tão tolas quanto falhas.
Se você soubesse o quanto dói em mim não saber de ti…
Se você soubesse por quantas noites não dormi pensando em nós…
Se você soubesse por quantas vezes vi suas fotos e me imaginei contigo…
Se você soubesse quantas vezes me controlei pra não puxar assunto…
Se você soubesse por quanto tempo venho desviando da sua rua pra não correr o risco te ver…
Se você soubesse sobre a pontada no peito que eu sinto quando passa por mim e fala como se fôssemos somente amigos…
Se você soubesse da angústia que eu sinto por disfarçar o meu querer…
Se você soubesse o que eu trocaria pra te ter de volta… Se eu soubesse que nosso último beijo seria nosso último beijo…
Mas a gente nunca sabe. Pus minha melhor máscara de orgulho, fiquei rígida. E acabou. Tirei de letra ficar sozinha, foi até bom, confesso. Mas, não vou mentir, se alguma outra vez eu sentir meu coração disparar daquele jeito, eu vou lutar por ele. Tem gente que passa a vida esperando essa pontada, e eu desperdicei a minha. Se quer um bom conselho: não troque seu amor por um punhado de orgulho. A gente se acostuma a ficar só, a não se importar. A gente se acostuma até com a dor. Mas com o vazio que a pontada nos deixou, não. Mas eu não sabia, e continuo insistindo em tornar nosso ponto final uma reticência só pra ver se você percebe a falta que me faz…