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Quando estive sozinha, eu tive que descobrir o que me fazia bem, como me reerguer em dias tristes, como gargalhar sem motivo. Foi como se eu tivesse a chance de, pela primeira vez na vida, ter um encontro comigo. Exceto que, gostando ou não do que visse, teria que aprender a lidar com isso. E só assim eu pude entender que se nem mesmo eu pudesse me aceitar e me perdoar, como poderia esperar que alguém o fizesse?

Ao mesmo tempo que foi doloroso, foi libertador. Assumi o controle da minha solidão, não sentia mais a necessidade de curar um “amor” com outro. Nem de agarrar toda oportunidade de um novo romance, ainda que sequer me interessasse ou que a incompatibilidade entre nós fosse gritante, porque eu não tinha mais medo de ficar sozinha. Eu estava bem E estava sozinha. Duas orações independentes que se interligam e, não, se submetem. Talvez resultado do quanto já pedi aos céus por uma luz. Quando eu estava com alguém sentia que era uma escolha absolutamente minha, racional, até mesmo egoísta. Eu já estava cheia, transbordando de sentimentos, não precisava de quem me completasse. A única falta que eu sentia era de ter com quem pudesse compartilhar o que aprendi. Me dei conta de quantas vezes havia sido levada pelo fluxo, saía de casa pra me distrair e, no entanto, estava sempre me perguntando se eu não preferia estar assistindo um filme ou lendo. Porque a gente aprende que não pode se entregar, que tem que continuar lutando, perseverando. Mas não quer dizer que seja igual para todo mundo. Tem gente que não espera sequer o coração sarar e com ele ainda em pedaços decide amar alguém. Uma atitude tão corajosa quanto precipitada. Tem gente que tem um medo danado de se deparar com seu reflexo no espelho e perceber que ele é dependente de sua reação, e ninguém pode fazer isso em seu lugar. Tem gente que já está tão acostumada a ter uma vida composta que mal sabe falar no singular. Tem gente que não sabe do que gosta porque, talvez, nunca teve a chance de perguntar a si mesmo.

Temos o caminho acelerado, estamos sempre correndo contra o tempo como se fosse nosso pior inimigo, como se já nascêssemos atrasados para ser feliz. Às vezes, é preciso frear as emoções, travar o passo e se perguntar a direção. Talvez o que você vem buscando nos outros seja também aquilo que falta em ti. Talvez você evite enfrentar a si mesmo ou tenha receio de se descobrir o que nunca imaginou. Por isso mesmo, quando ouvimos das pessoas que estimamos algum dos nossos defeitos dito em voz alta nos dói muito mais. Mas se ignorar não é a solução, pelo contrário. A gente precisa se ouvir também, se dar um consolo de vez em quando. A gente precisa se entender ou, pelo menos, não desistir de nós mesmos. Fiz as pazes com minha solidão, não posso evitá-la. Não quero dizer que vá ser sempre assim, mas só eu sei o quanto me custou aprender a gostar de mim, então, mereço estar com quem saiba o mesmo. E não menos que isso.

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