Existem homens que ainda amam, ou querem amar. Enquanto existir humanidade haverá amor e esse tipo de humano. “Errare humanum est”, desde Gregos e Troianos, mas se até manos que só abordavam causas sociais começam a abordar o amor é sinal de que ele é forte. “Pode pá”. Na verdade ele faz parte da sociedade e do meio social. Convalesce às vezes, é verdade, mas sempre ressurge com os raios de sol fulminantes que iluminam lugares de calor. O fogo é da paixão, que direcionado se torna algo mais consistente e sólido, como uma fogueira que não se apaga, mantida com gravetos de intensidade. Em volta, dois (um par), a brindar com taças de vinho (ou cerveja, por que não?).
“Quem ama dá vexame, gasta o que não pode, faz o que não deve, escreve sem ler…”, (cantou bem o Grupo Raça). Pieguices ‘pagodísticas’ entoaram a expressão desse sentimento por um tempo, antes de prevalecer a dor de cotovelo – sem ligação com Lupicínio Rodrigues. Canções românticas são de modo geral bregas. O ‘Rei’ deu status de chique a algumas delas, mas no caso dele, é um amor que martela e remartela todo final de ano a promessa de continuidade na tela, sem uma renovação de atitudes. Quase como novela. Tragicômico. Encontram-se na frente da tela e fazem seu horário nobre quando o reclame diz que é. Um reclame aqui que ninguém atende; lugar onde ninguém liga. Ninguém liga?
Existe a música que marca uma história partilhada, mas só ficar nela por todo o período juntos é como dar sempre a mesma carta (sem menção a baralho, no entanto essa referência faz lembrar o jogo, que é do c*…, já que tudo e todos estão embaralhados), algo escrito a mão com caligrafia de quem treme por não saber psicografar tudo que a alma dita, no momento do conhecimento mútuo, quando a descoberta era a de um Indiana Jones que perscrutava novas culturas em calabouços do desconhecido, ou de uma Angelina (como Tomb), que enfrentava tombos e perigos para obter sucesso em sua missão universal. Salvar o mundo ou o próprio mundo?
Novas epístolas devem ser escritas com a inspiração dos momentos vividos. Novas canções devem ser feitas mesmo sem o conhecimento de pauta e partitura. Todos os dias. O gênero é documentário. São semelhantes de espécie, díspares de gêneros, que procuram soluções para as equações diárias. Matemáticos e físicos renomados se descabelam para encontrar uma única fórmula que explique tudo isso. Não existe. A razão de toda escrita sobre o tema é a soma de todas as venturas e desventuras.
Por isso: “Ame, seja como for, sem medo de sofrer. Pintou desilusão, não tenha medo não, que o tempo poderá lhe dizer: que tudo traz alguma dor e o bem de revelar que a tal felicidade sempre tão fugaz, a gente tem que conquistar”. Paulinho da Viola cantou. O samba (a tristeza que balança) sempre teve mestres em ruminar a dor, sem deixar a esperança, a ironia, e a alegria de lado. Nem tudo é Yin-Yang.
Muitos erram ‘achando’ que amam ou do ‘jeito’ que amam, e ai cabe pensar se o dito em ‘Paula e Bebeto’ é válido: “qualquer maneira de amor vale aquela? Vale amar? Vale à pena? Valerá?”.
A revista ‘Alfa’ foi feita para machos ‘Alpha’ e faliu. Toda e qualquer cartilha é falha, pois elege os que a lerão como binários, excluindo o livre arbítrio do pensar diferente. Por mais que a suscetibilidade a erros similares seja ponderável, não se mensura o mar de sentimentos difusos que existem e coexistem em todo ser humano, em toda mulher que ainda ama, que ainda erra, que ainda tenta. Homens também, ainda os há.
Giorgio Lima
Jornalista, Escritor e Compositor, não necessariamente nessa ordem.
Mais textos em: www.emblogio.blogspot.com.br
Muito bom seu texto. Mas, na sua opinião, quantos amores verdadeiros, desse descrito no texto acima, podem existir ao longo da vida?