As pessoas mudam. Tive várias oportunidades de aprender isso ao longo da vida, mas nem uma vez sequer deixei de me surpreender ao perceber uma mudança. Tanto em mim quanto nos outros.
Tive um namorado que após terminarmos passou a fazer absolutamente tudo que eu havia lhe pedido durante o namoro. E que nunca fez comigo, diga-se de passagem. Eu podia jurar que ele havia feito uma lista! Da marca de roupa que ele usava ao esporte que praticava tudo havia se transformado no exemplo vivo do namorado que eu gostaria de ter. Mas não comigo. Fiquei indignada, afinal, se não lhe custava nada seguir meus conselhos (e até gostava deles, pelo visto) porque não havia se esforçado pra mudar enquanto estava comigo? Juro como nunca havia entendido o porquê e confesso que, no fundo, o que eu queria era uma especie de reconhecimento. Eu queria ouvir que estava certa o tempo todo. Maldito ego.
Por incrível que pareça, notei que esse fenômeno se repetia em praticamente todos os relacionamentos que eu conhecia. Passei anos acreditando que fosse apenas implicância, sei lá, birra. Mas hoje eu acho que finalmente entendi.
As pessoas mudam. Pode ter certeza que alguém já mudou por sua causa. Pode ter certeza que você já mudou por causa de alguém. E, provavelmente, não foi de propósito. Muitas vezes, ao falarmos sobre o que achamos que aquela pessoa deve mudar pra ter uma vida melhor ou ser uma pessoa melhor nos baseamos no que consideramos bom pra nós mesmos. E em um relacionamento essas preferências tornam-se bem egoístas, também nos preocupamos com o que será melhor para gente, para o nosso futuro com aquela pessoa. Mesmo quando não impusemos a nossa vontade, expressar a nossa opinião sobre qualquer assunto, principalmente quando se opõe a opinião do outro é, de certa forma, influenciá-lo. Ninguém está imune; nem aquele que tem a personalidade forte, nem aquele que tem a cabeça fraca. Nem mesmo os manipuladores e os manipulados. As pessoas que mais amamos são as que mais nos influenciam.
A gente muda porque é impossível se apaixonar e se reconhecer. A gente muda porque o amor nos faz isso. Senão pelo próximo, por nós mesmos. A gente muda porque, talvez, no fundo, sempre quiséssemos mudar e nos faltasse coragem, nos faltasse exatamente alguém que nos daria um empurrãozinho. E, porque, algumas pessoas que nos envolvemos nos limitam e nos impedem de ser quem realmente somos. Não por mal, mas porque queremos tanto ser aceitos por ela, pela vida dela, se encaixar nela, nos planos dela que, sem que percebamos, nos aproximamos de quem ela gostaria de ser e não de quem nós gostaríamos de ser, entende? Uma coisa eu lhe garanto: você só vai se dar conta disso depois que passar. Sério.
Eventualmente, a gente tem que aceitar que nem sempre aquelas pessoas que gostamos tanto fossem certas. Às vezes, são necessárias pra que a gente aprenda e evolua como pessoa. Às vezes, somos necessárias à elas pra que elas aprendam também. E mudem. Porque isso faz parte. Às vezes, mesmo uma história longa que se arrastou por anos foi um rito de passagem. Para ambos. Um cruzamento perfeito do destino pra que pudessem se reavaliar, se conhecer melhor, se perder e até se encontrar. Foi indispensável pra que se torne alguém do qual se orgulhe. Foi doloroso também, é claro. Não seria amor se não fosse intenso. Mas talvez você tenha precisado passar por certas coisas e certas pessoas que de tão erradas desafiaram a sua sanidade.
Talvez, só talvez, tenho sido destino e, mesmo assim, não foi tão especial quanto você pensa. Foi apenas preciso. E, talvez, só talvez, da próxima vez que você vir alguém que mudou a sua vida – e nem saiba – você se sinta grato porque isso, no mínimo, te fez amadurecer. E, apesar de tudo, se surpreender com essas mudanças é sinal de que nunca deixamos de aprender.