Pra você que ainda acredita que quando o sentimento persiste e a saudade lateja, ainda que sequer haja um relacionamento, se trata de amor verdadeiro, às vezes, é teimosia sua. Um mero capricho do coração sob a razão. Se a gente não aprende a negar as vontades que nos fazem bem por não mais que um instante, nos distanciamos gradualmente da plena paz interior. Terminar não é, nem de longe, a pior parte. Aceitar o fim, esse sim, é o verdadeiro desafio. Temos que enfrentar a nós mesmos, nos forçar a abrir os olhos, acreditar que talvez as coisas não tenham sido como nos lembramos.
Talvez tenhamos fantasiado diálogos pra compor romances que nos orgulhássemos de recitar. Temos que driblar a esperança que por tantas vezes já nos arrancou sorrisos pra que possamos reaprender a rir. E nos livrar da sensação de perda, de desistência, a cada vez que achamos ter cruzado com o amor e falhado em mantê-lo. Já nem conto nos dedos quantas vezes insisti enquanto meu coração pedia socorro. Avancei quando devia ter recuado. Persisti ao invés de ter me afastado. Precisei esgotar as possibilidades, saber que havia dado tudo de mim para, ao final, saber que não fui eu que perdi.
Chega uma hora que não saber seu papel na vida de alguém cansa. Conversar só piora, ignorar angústia. E você se dá conta de que está prestes a desistir. Tem gente que simplesmente não vale o esforço e, quando insistimos, acabamos por nos afogar em amores rasos. A gente varre as angústias pra debaixo do tapete na esperança de esconder a bagunça de dentro. Mas isso é só um disfarce. Pra nos reinventarmos temos que saber qual o lugar de cada coisa em nosso peito e manter só aquilo que nos faça bem.
Já voltei atrás depois de ter jurado seguir em frente. Já perdoei mais uma vez depois de jurar ser a última. Nem sempre fiz as melhores escolhas. Mas sigo em paz por ter consciência de que fiz tudo que pude. Todo dia eu enfrento meus monstros internos, e ninguém sabe. Tem dias em que o cansaço me arranca lágrimas. Tem dias que a esperança me acolhe em riso. Temos que ser gentis uns com os outros, respeitar mesmo o que não conseguimos entender. Cada um sabe das batalhas que vence dentro de si.
Mas sabe de uma coisa? A gente vai fazer isso quantas vezes forem preciso. A gente vai recomeçar, mesmo que doa. A gente vai se reerguer mais uma vez ainda que juremos que seja a última. E vai dar certo porque TEM que dar certo. Porque a medida que conhecemos uns aos outros, entre decepções e expectativas, aprendemos sobre nós mesmos. E, no fim, essa jornada não se trata de encontrar o grande amor da sua vida, mas como se apaixonar por si a ponto de não precisar implorar carinho a ninguém.