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Levei um tempão pra perceber que duas pessoas são capazes de inúmeras versões da mesma situação. Nem sempre se trata sobre certo e errado, sensato e irracional ou sentimentos versus razão. Às vezes, é um punhado de boa vontade (ou a falta dela) que faz com que a perspectiva seja alterada. Ou seja, parei de me esforçar pra ser bem vista a quem fazia questão de ressaltar o pior em mim. Gente que nos põe pra baixo não faz isso para o nosso bem. Há uma diferença gritante entre críticas construtivas e puramente maldade. Há muito lobo disfarçado de cordeiro, com malícia em segundas intenções e um sorriso caloroso no rosto. Sempre preferi a honestidade.

Já passei muito tempo tentando me encaixar nas expectativas que criavam sobre mim. Tentando ser alguém que eu nunca poderia, e não por falta de vontade. Fiz isso porque queria ter alguém, mas também porque queria ter uma relação. A gente determina o tempo que acha que as coisas devem acontecer e acaba se frustrando quando a vida não cumpre o prazo. Temos aquela sensação de injustiça entalada na garganta que, muitas vezes, nos faz pensar que talvez o problema seja com a gente. Já cheguei a acreditar que não fosse boa o suficiente, bonita o bastante, interessante ao ponto de merecer uma chance, então percebi que a única coisa que faltou em todos meus relacionamentos foi seletividade.

Perdi meu tempo com tanta gente que estava só de passagem, que não queria ficar, talvez sequer devesse tentar; gente que só veio pra colorir meus dias, deixar suas lembranças, me ensinar um punhado de coisas e ir embora. Gente que eu deveria ter deixado livre, se não estivesse tão preocupada em provar meu valor. Mas, no fim das contas, aprendi a me importar cada vez menos com o que pensavam de mim.

Que vantagem haveria se eu fizesse alguém se apaixonar pelo o que inventei de mim? Aprendi que amor é deixar as máscaras caírem, é se expor. E descobri que alguém que teme te conhecer ou te condena por ser quem é não pode ser a mesma pessoa que vai te ensinar a se aceitar. E é disso que a gente precisa: alguém que nos aceite, que nos entenda e, sobretudo, não torne as diferenças uma enorme distância entre os dois. Essa é a pessoa por quem vale a pena lutar.

Aprendi que ser adulto é falar sobre o que sente, é dar mesmo a cara à tapa. Maturidade é também ter a humildade de se conhecer e reconhecer não saber de tudo (nem perto disso), mas sobretudo se perdoar. Se a gente não aprende com os erros todas as tentativas são em vão. A vida segue em frente a quem enfrenta o que vier a seguir.

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