Ontem uma amiga minha me mostrou um scrapbook que fez de presente e na hora me lembrei do que havia ganhado do meu ex-namorado. “Você nunca me disse que ganhou”, ela me confrontou. Daí me lembrei de tudo: o formato, as cores, as fotos, o dia e principalmente o porquê. É, eu realmente nunca havia dito nem a ela, nem a ninguém. Aliás, sequer uma foto eu bati, não mandei em nenhum grupo do whatsapp, não fiz nenhuma agradecimento pelo instagram, e honestamente nem sei mais aonde está. Aquilo pra mim, sinceramente, não significou nada. Estava atrasado, tinha perdido o timing. Estava errado. Às vezes, o que a gente espera que seja um ato de romantismo espontâneo é apenas um pedido de desculpas disfarçado.
A verdade é que ninguém realmente sabe o que passado significa. Pra alguns é uma questão longa de tempo contada em anos. Para outros, só basta uma frase, uma palavra mal colocada, uma atitude que não lhe agrade que, de repente, aquilo – ou alguém – se torna passado. Eu tenho uma teoria: passado é uma pedra posta em cima de todo sentimento, toda lembrança, toda ferida. Do tipo que não pode ser movida, não PRECISA ser movida.
Comigo não foi diferente. A gente leva umas boas bofetadas da vida até entender esse jogo. Mas o pior nem de longe é isso. Ruim mesmo é ver seus planos e suas prioridades se desfazerem bem na sua frente. Quanto a isso ninguém te alerta, não é? Malditas sejam as historinhas de amor que começam no colégio e perduram até o término da faculdade – ou de uma vida inteira. A gente acaba acreditando que isso também vai nos acontecer. Que as coisas têm tempo certo, que o destino vai tomar de conta. Ou ainda, que estamos atrasadas para ter nosso romance cravado no calendário.
Mas a gente aprende, sabe? Sem mais, nem menos. E anos depois, assim como eu, descobre que já havia enterrado uma história ainda enquanto a vivia. Às vezes é preciso dar um tempo para recarregar as energias e reaprender a sorrir. Às vezes enquanto nos forçamos a procurar uma solução, evitamos o que pode ser nossa única saída. Às vezes nos acovardamos no medo da solidão que paira como uma nuvem cinza sob nossas cabeças, e a achamos que todos podem vê-la.
No entanto, de nada me adiantaria estar com alguém agora que sequer me desse a vontade de gritar seu nome aos quatro ventos. Acredito que o sentimento tem que nos inundar, nos cercar de planos, nos confortar de sonhos. Ainda acredito que uma relação, mesmo quando sapateia na corda bamba, tem que ser uma alavanca e, não, uma âncora. Mas, sobretudo, que devemos ter paciência. Se algo não acontece quando queremos, pode ser porque algo ainda melhor nos espera. Afinal, no passado não se ama. Ou se ama agora ou nunca foi suficiente.