Bate, acalenta, castiga, ampara, contradiz, confirma, prende, liberta, puxa, empurra, solta. Algumas vezes nos solta de forma tão inesperada que quase não conseguimos nos estabilizar novamente. Ela faz uma reviravolta que você não sabe direito que caminho seguir ou como caminhar.
E se tem uma coisa que a vida gosta é de nos testar. De jogar com a gente, sabe? Ah, a vida jogando com os nossos corações! Literalmente. Nos joga para amores, amarras, problemas e decisões cada vez mais intensos, cruéis e desoladores. Cada nova paixão parece ser a última. Cada decisão irredutível. Aquele emprego sem graça parece ser o único. Todos os sermões da sua mãe fazem você decidir sair de casa. Aquele desentendimento com seu amigo aparenta ser eterno e cada coração partido te faz desistir do amor.
Ficamos tão sobrecarregados das tarefas e deveres que esquecemos de lembrar; por mais perversa que a vida possa parecer, ela sempre nos oferece opções. Ela nos oferece o mundo.
A vida dá mais porrada do que carinho, eu sei. Contudo, parece ser assim que de fato a gente se descobre. Mas não custava nada maneirar, né?! – Vida, mulher, facilita ai, vai! – Mas ela não ouve, se faz de surda ou talvez seja mesmo.
Vez ou outra, resolvo parar e observar a vida com suas peripécias. Não consigo ver nada mais engraçado do que vê-la aprontando com os corações. É de fato uma grande ironia, diria até sarcástica. A vida insiste em não cruzar os corações – vida, mulher. Tu és uma aberração.
Corremos atrás de quem queremos, quem queremos corre atrás de outro e quem não queremos corre atrás de nós. (Han???)
É assim que é. É só. Sem paz, sem amor. Por favor, não se atire do balcão da cozinha, não arranque seus cabelos (o formol cuida disso), nem espere o trem numa via férrea desativada. Só aceite.
Vida, querida amiga. A vida com seu jeitinho de nos conduzir por caminhos que só ela vê sentido.
Acredite, eventualmente, a vida esquece de ser maquiavélica e vacila. EVENTUALMENTE teu coração vai flechar o alvo certo (ou no mínimo o alvo que também ti quer, porque encontrar o certo ‘tá’ complicado). EVENTUALMENTE, porque a vida não foi treinada pelo Gavião Arqueiro. Acredito que a vida teve aulas de conduta com o Coringa, porque ela adora acender o fósforo e depois só observar o circo pegar fogo. O pior é que essa desgraçada ainda acha graça – mulher, melhore.
Por fim, entre tantos tapas, tropeços e alguns eventuais acertos, crescemos. A plenitude não se alcança com sorte, nem com conquistas dadas. Nos tornamos plenos junto com as cicatrizes e com os rombos que a vida nos deixa. A vida é isso; essa linda ironia onde não paramos de fechar os buracos e de morrer de amor, para depois morrer de rir.
COLABORADORA
Leilane Freitas, 22 anos. (@lleilanefreitas). Estudante de Jornalismo, louca, mais perda do que cego em tiroteio, buscando o sentido da vida, ainda não sei se é pra esquerda ou pra direita, se é pra cima ou pra baixo. Sou impaciente, não gosto de pouca coisa, esse lance de comer pelas beiradas não funciona comigo, eu que me lambuzar, saca? Amo o mar e a paz que me traz, sou amante da simplicidade da vida e das pessoas, ainda acredito nas palavras.