Vou puxar mesmo a sardinha pros homens. E tudo porque eu estou cansada de ouvir que todas as mulheres querem as mesmas coisas. Sério. Todas tem na ponta da língua o que o cara ideal deve ser: romântico, fiel, inteligente, bonito, rico, blá blá blá. Não, não, não, não! Vocês querem o Ken da Barbie! E por isso se frustram cada vez mais; quando não, chegam ao ponto de aceitar aquele que lhes preencha apenas um dos pré-requisitos, ainda que não seja sequer o mais importante. Quando digo mais importante me refiro à relação, aos dois, ao casal, entende? Não é o mais importante pra você, pro seu ego ou pra exibir pra suas inimigas. E, falando sério, estamos em uma corrida contra o tempo; a ansiedade nos domina, as decepções nos esmagam, o medo se apodera de nossas entranhas. Todo mundo é uma bomba relógio prestes a despejar todos anseios de uma vida em cima do primeiro cristão que pegar. Portanto, é deprimente esse acirrado duelo de controle: quem consegue mudar primeiro o outro, antes que desistam de tentar por tanto se machucar. Quem?
Calma, agora vamos entender como chegamos a esse ponto. Desde nosso tempo de colégio, as meninas tinham por dever, obrigação e inclusão na sua turminha, que gostar de algum garoto. Nessa época, não tinham seus valores e tampouco pré-requisitos estabelecidos, então, geralmente o bam-bam-bam da garotada era aquele menino que fosse mais bonito. Bonito para aquela fase segundo possivelmente os padrões impostos pela mídia teen – assim como hoje que a molecada endeusa os garotos tipo Justin Bieber. Ou seja, as meninas foram ensinadas a depender sempre de um sentimento fictício. Criado pra sustentar seu próprio ego e baseado no conceito de beleza unânime. O que acontecia era que todas as meninas gostavam do mesmo menino e vice e versa. Os tidos como nerds – que na minha época chamavam-se cdf e, não, não eram legais como hoje – os esquisitos, mais magrinhos, desajeitados, que não gostavam de esportes, que não ouviam músicas descoladas, eram rejeitados. E provavelmente sofriam bullying também, embora isso não existisse no meu tempo – éramos mais independentes; bateu, levou e ponto.
Contudo, meu bem, os tempos mudaram. Se apegar ainda a esses conceitos de beleza, de status, de poder, não vão lhe trazer a mesma felicidade de ganhar um Kinder Ovo de antes. Quer você aceite, quer não: nós crescemos. Então, ao invés de ficar listando todas as qualidades surreais que esse príncipe deve ter, que tal não subestimar a atração de outras qualidades?
1) Senso de humor.
Não tem nada que eu deteste mais sobre alguém do que ele não rir de mim. Ou comigo. Sério. EU QUERO SER O TIRIRICA DA RELAÇÃO! Sou dessas. Eu gosto de fazer as pessoas que eu amo sorrirem, eu gosto de gargalhar sem motivo algum até chorar, até me contorcer de dor na barriga. E, sinceramente, as pessoas que me fazem mais feliz são aquelas que tem essa mesma vontade de compartilhar a demência comigo. Eu valorizo pessoas idiotas. Aquelas que fazem piadas na desgraça, que tem crises de riso de nervosismo, que não reprimem nenhum pensamento por não terem vergonha daquilo que as faz sorrir. Imagina como deve ser passar o resto da vida ao lado de alguém que vai fazer piada até do teu mau humor! Se sorrir não é amar, o que mais pode ser?
2) Valorize o que você gosta.
Se ele odeia Gossip Girl não vai ser fácil te ouvir falando sobre a série, nem sobre as novas tendências de moda ou sobre a cor que está decidindo pintar seu cabelo. Mas, entretanto, todavia, contudo, saber respeitar as diferenças é ainda mais importante do que não tê-las. Pode ser alguém que seja seu oposto, não tem problemas. Vocês ainda podem dar certo independente disso. Mas se for alguém que não suporta te ouvir falando das coisas que você gosta, prefere não estar com você do que estar fazendo algo que não lhe agrada – mesmo com toda sua insistência pela companhia – é um tremendo egoísta. E pior, do tipo que menospreza seus interesses e possivelmente se vê como quem está acima deles. Ou seja, a ausência desse defeito é de suma importância pra longevidade da relação.
3) Goste de dividir comidas.
Eu estava achando ela realmente legal, e então como se surgisse do nada…
Não sei vocês, mas eu simplesmente amo cutucar o prato alheio com meu garfo. Eu apenas quero tudo que você pediu. E o que eu pedi também, claro. QUERO TUDO! Sendo assim, é incrível encontrar alguém que diz “Pede isso que eu peço aquilo e a gente divide.” Sério. Dá vontade de responder: pra você está bom casar na primavera?
4) Cabeludos.
Ok, não tenho uma explicação tão racional pra essa. Honestamente, como não se apaixonar por um cara de cabelos desgrenhados? Ó ANJOS, LEVEM ME EM SEUS BRAÇOS!
5) Habilidades manuais.
Saiba cozinhar de verdade – se gostar muito é ainda melhor- saiba montar um móvel, construir uma casa na árvore, fazer eletrodomésticos milagrosamente funcionarem. Saiba pintar, tocar algum instrumento e até mesmo dançar. Se essas coisas não fossem tão legais, fantasias como de bombeiros e mecânicos não seriam tão sexys. Só acho.
6) Tenha conteúdo.
Eu me sinto muito confortável perto de você. É impressionante porque eu geralmente não me sinto confortável perto de..bom, qualquer um.
Pra mim, pessoas que gostam de ler são surpreendentemente mais interessantes, mas eu sei que ler não é a única forma de ter conteúdo. Então, o importante é que ele seja alguém que procure se informar, assistir um jornal, ir à uma palestra. Que não tenha medo de discussões todos contra um, que não contente-se com a informação mastigada por via das redes sociais. Que seja alguém que você vai poder conversar sobre o resumo da novela ou a situação política do país, e mesmo que não concordem, ainda assim se respeitem, se entendam. Se imagine bem velhinha, sentada numa cadeira de balanço com teu macho ao lado, tudo que você precisa é uma companhia pra conversar ou pra ter aquele silêncio confortável existente nessa ligação.
7) Puxe sua orelha.
Quando alguém está deliberadamente apaixonado torna-se incapaz de olhar com clareza dos defeitos do outro. Tudo bem, contanto que seja uma fase. Se manter cego, alheio as coisas que realmente te incomodam não é, de forma alguma, um intensificador pra relação. Você precisa de quem vá te ajudar a melhorar, quem liberte o melhor de si e te alerte sobre seus percalços. Valorize quem está disposto a isso sem medo de te perder, mas que, claro, saiba ponderar te magoar também. Uma relação, ainda que não seja das melhores, pode ser das mais proveitosas. Só depende de você.
8) Tenha paciência com as “conversas de mulherzinha.”
Eu estou apenas me sentindo especialmente “vadia” hoje.
Você sabe que tem dias que vai estar o cão de chata. Vai estar falando pelos cotovelos, vai estar hipersensível. Nossa, vai ser um porre! E a maioria das mulheres sabe exatamente quando fica assim, aliás, algumas só podem fazer de propósito porque acham bonitinho serem mimadas. Sério. Não caio nessa conversa de tpm o mês inteiro. O que existe é cara de abuso de nascença! Mas, enfim. Ter alguém com essa paciência dos deuses, que vai te ouvir como se falasse de um massacre mundial é louvável!
9) Te chame de meu amor.
“É claro que eu te amo, Chuck. Eu sempre amei você. Eu te amo mais e mais a cada dia se é que é possível amar alguém tanto assim.”
Inevitavelmente, com o passar do tempo a relação esfria. E naturalmente os casais tornam-se menos carinhosos entre si. Bom, eu considero uma qualidade inenarrável está do lado de alguém que nunca esqueça de te chamar de meu amor. Que mesmo diante dos desentendimentos, do aprendizado, do cansaço, da rotina, não deixe de te chamar de meu amor. E dizer o quanto você está bonita quando acordar toda assanhada. Alguém que vai te fazer lembrar que todos os dias encontra motivos pra estar com você. Simples.
Eu sei que nós somos jovens jovens jovens, somos um exército e isso nos dá o conforto de pensar que temos tempo e podemos simplesmente esperar de braços cruzados que a ideologia que temos de par perfeito caia do céu. Acontece que a realidade é outra. Não estou dizendo para se contentar com “qualquer coisa”, principalmente o que não a faça feliz apenas pra não ficar sozinha. Sério, não faça isso. É depressivo. O que eu quero dizer é que essa pessoa de encaixe perfeito com seus planos, provavelmente, não existe mesmo. Relacionamentos são flexíveis, moldados. O ideal seria valorizar aqueles com qualidades de caráter, de índole e, não, o que a sociedade em geral impõe como estereótipo de bom partido. Eu sei, é difícil se desapegar de algumas crença infundadas ainda na adolescência, mas é uma questão de tempo, logo, de maturidade. Quando você menos perceber -se houver qualquer esforço da sua parte, claro – vai estar descartando antigos Kens e avaliando outras qualidade. De gente de carne e osso, cicatrizes e traumas; tão errantes quanto persistentes, tão dispostas quanto reais.