Sempre tive preguiça desses encontros tão iguais. A verdade é essa. Todo esse papinho de levar para jantar, de bancar o bom moço me cansa. Parece que as pessoas têm se tornado cada vez mais montadas, fingidas. Endeusando sentimentos forjados na esperança de se sentirem especiais para alguém. Porque, no fundo, o que elas querem não é se apaixonar – como dizem – mas ter quem se apaixone por elas. Coisa de ego, coisa de menino. Inocência de quem ainda tem medo de ser aquele que ama demais, que se doa demais, e acha que esse é o lado fraco da relação. Não acredito nessas mudanças totais, sabe? Que um pau que nasce torto milagrosamente vai ficar retinho. Mas acredito que o amor seja o maior combustível para essa mudança ou, pelo menos, a vontade de fazê-la. Afinal de contas, tem que ter vontade. Tem que ter querer.
Você precisa estar disposta a mudar, a se conhecer, a melhorar. Você precisa querer isso para ser feliz com quem quiser, mas principalmente consigo mesma. Por isso, para evitar o desgaste causado por joguinhos, você precisa saber o que ninguém tem coragem de admitir.
1) Mandar mensagem assim que acorda, perguntar tudo sobre como foi seu dia, insistir pra lhe ver várias vezes na semana e fazer planos em voz alta de futuro é muito fofo, não é? SE você estiver apaixonada por quem o faz. Do contrário, como é que essa criatura não se tocou ainda que se você não está puxando assunto é porque você não está interessada NELE? Ou seja, a mesma atitude, na mesmas circunstância, para ser boa ou ruim só depende da visão de quem a recebe. Sabe aquela surpresa que você tem pensado em fazer para ele? Pois é, não faça até ter certeza de que ele não chamará a polícia achando que você está perseguindo-o. Quem sabe, armada. Só por precaução. Nem tudo é que parece ser, mas é o que você pensar que seja, entende? Uma atitude, qualquer que seja, pode ser encarada como algo romântico se a pessoa estiver apaixonada ou algo assustador se a pessoa não estiver interessada.
2) Tem gente que é alérgica à camarão a tal ponto que somente o cheiro é capaz de lhe empolar da cabeça aos pés. O que fazer sobre isso? Nada! Há milhões de outras coisas muito gostosas que ela pode comer. O que é um mero camarãozinho perante a infinidade do universo, certo? Não. Han-han. A desgraçada da alérgica quer camarão. Certas pessoas só aprendem depois de ter dado a cara à tapa (e apanhado à beça). A expectativa que criam em cima de uma coisa que não podem – ou não devem ter – é a desculpa perfeita para sentirem pena de si mesmas. Não deu certo com o coração? Bola pra frente! Há tantos peixes no oceano.
3) Aqui vai a verdade suprema: qualquer pessoa que você não considere atraente, com o tempo, tende a se tornar. Porque quando a gente cria afeto por alguém, mesmo se fraternal, não conseguimos mais acha-lo a palmatória do diabo ao avesso de antes, entende? O que é algo maravilhoso. Principalmente, se você é esse alguém e se aproveita da sua bomba relógio para ser extremamente legal até conquistar quem seria “muita areia pra o seu caminhãozinho”. Xeque-mate, baby. Portanto, não julgue um livro pela capa. Pode ser você a dormir abraçada com ele depois. Literalmente.
4) Quando o término do relacionamento se oficializa é dada a largada para a maior e mais perigosa competição “Quem está melhor?”. O objetivo é sempre provar que você já se recuperou, não se lamentou nem por um dia e não poderia ter tomado uma decisão melhor ao terminar. Bônus: emagrecer, comprar novas roupas, mudar o corte de cabelo e se cobiçada em lugares públicos. O resultado disso todo mundo já sabe: não há verdadeiros ganhadores. Mas mesmo alertados sobre as consequências quem é que consegue se ver livre do desejo de ficar por cima? Provavelmente Buda. E ninguém mais. Mas, na verdade, a indiferença é a maior prova de ter seguido em frente, isso sim.
5) Se todo fim é inevitável, todo início é previsível. Que atire a primeira pedra quem desde o primeiro encontro é você mesmo. Nos camuflamos um pouquinho. Fato. Até porque nem tudo precisa ser dito logo de cara. Temos que saber preservar nossos mistérios, certo? Mas o que é mesmo decisivo é a forma de conta-los. Pode ser a porta de entrada para um universo sem mentiras, de mutua transparência ou uma passagem só de ida para a Terra do “eu vou morrer sozinha”. Logo, as pessoas tendem a ser um mais fingidas e aos poucos trazer a verdade à tona. Bom, o melhor que pode acontecer nesse contexto é ter alguém apaixonado pela imagem que tem de ti e, eventualmente, decepcionado pelas expectativas criadas também.
6) Seus amigos dizem muito sobre você, sim. Se você anda em um grupo em que acreditar se destacar por ser mais estudioso, mais interessado, mais maduro, mas isso se deve ao fato de que as pessoas desse grupo tem a capacidade argumentativa de uma criança no maternal, qual o mérito? Não, sério. É óbvio que estar entre pessoas que tem ambições tão grandes quanto as suas vai encorajá-lo a se superar. O mesmo vale para a forma como você se vê. Se acha que está abalando no melhor estilo propaganda de shampoo por onda passa porque desfila com sua bolsa cara e sua turma de amigas feias está muito enganada. O que te faz pensar que gente bonita e bem sucedida é concorrência se chama recalque, verdade seja dita. Ninguém se torna mais inteligente por chamar outro de burro. Prefira ser um agregador, alguém que faz a diferença estando por perto.
7) Decidir terminar é a parte mais fácil. Fato. Às vezes, a gente toma essa decisão várias vezes na mesma semana, e vai ganhando mais confiança à medida que desabafa com alguém sobre. Mas no fim das contas, engolimos em seco nossas verdades entaladas e seguimos em frente. Sozinhas. Ou seja, vencemos nossos monstros internos e mantemos um relacionamento, muitas vezes destrutivo, e nem sequer sabemos realmente por que. Isso é normal. O término é realmente um processo, leva dias, meses, quem sabe, até anos. Se fosse fácil como gostaríamos não hesitaríamos tanto em aceitar, certo? Ás vezes, nosso cérebro nos prega algumas peças e quanto mais decididos estamos sobre terminar, mais lembranças boas vem à tona. É um mecanismo de defesa natural do nosso coração (muito burro, diga-se de passagem). Seja firme! E use esses bons momentos para evitar falar mal do seu ex.
8) Acabar de conhecer alguém e planejar uma vida inteira ao seu lado. Quem nunca? Isso é mais comum ainda de acontecer se você é do tipo que já sabe (ou pensa saber) como será aquele que vai te livrar da vida solteira. Daí, quando você encontra alguém que se encaixa nesse checklist é o pote de ouro no final do arco-íris. Mas quem foi que lhe disse que o melhor pra você é o que você quer? Honestamente, se eu soubesse o que é bom pra mim não viveria em guerra com a balança pra cumprir alguns caprichos. Quanto mais planejado você tiver o relacionamento que ainda vai ter, menos chances ele terá de dar certo. Simplesmente porque toda “premonição” é uma forma de preconceito. Você deixa de viver, às vezes, por medo de sofrer, de errar, de se arrepender.
9) Seu melhor amigo talvez não seja seu melhor namorado, mas seu melhor namorado com certeza também é seu melhor amigo. Ou seja, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Quando nos apaixonamos por um amigo muito próximo, fantasiamos que nosso relacionamento vai ser a maravilha que é aquela amizade em que não há cobrança de nada e apenas nos divertimos. Mas eu vou te contar o final da história: a mãe de Bambi morre. (Ok, um pouco dramática demais). Acontece que a não ser que você tenha certeza da reciprocidade do sentimento – ou confiança o suficiente de que não vai perder uma amizade por causa dos SEUS sentimentos – nem sempre vale a pena arriscar. “Ah, vamos viver o que há pra viver! Ah, vamos nos permitir!” Calma. Não é bem assim quando se envolve carinho de verdade. Às vezes, até mesmo o que você sente com tanta convicção pode ser uma fase. Nada mais que uma fase.
10) Ninguém é tão feliz quanto demonstra nas redes sociais ou tão amado, tão rico, tão bonito. Quando você olha alguém através da internet é como se pudesse ver somente aquilo que ela quer mostrar. Nunca confie em quem exibe demais sua felicidade (ou só fica bonito em foto de óculos escuro). Quem perde muito tempo preocupado em formar uma imagem perfeita para que os outros o elogiem, acha que isso seja o suficiente para representa-lo. Se torna vazio. Ser feliz consome tempo demais, não sobra quase nada para se expor.