A gente erra, mas também perdoa. A gente xinga, mas também acaricia. A gente se esperneia, mas também de emudece. A gente se adapta. A gente se transforma. Quando estamos dispostos, quando a nossa força de vontade sobrepõe nossas angústias, a gente faz tudo que pode. A gente tenta. Mas nem todo mundo vale a pena esse confronto.
O segredo talvez seja esse: não desistir. Acreditar que qualquer sapo pode virar príncipe, que um amor de verão pode terminar em casamento. Mas o que temos de nós se vivemos por nos doar? Somos o resto. Resquícios de planos, sonhos e traumas. Dizer que não esperamos retorno é utopia – além de estúpido. É claro que queremos reciprocidade, é claro que sonhamos com o dia em que todo esforço valerá a pena. É claro que no fundo estamos inundadas de esperança. Por isso a gente tenta, por isso a gente aguenta. Mas nem todo mundo vale a pena esse tempo investido.
Se apaixonar não tem receita de bolo: faz isso, faz aquilo e serão felizes pra sempre. Nada disso. Algumas vezes, você vai fazer coisas que nunca imaginou por ele; vai se contradizer, vai se confrontar. Outras vezes, ele vai fazer por ti o que não fez por nenhuma outra; vai se doar, vai mudar. Mas na maior parte das vezes ninguém está contando esse placar, ou seja, tenha em mente que independente do seu esforço, se envolver e fazer dar certo é um resultado em conjunto. Se um não tenta, dois não conseguem, e se for o caso, o ponto final tem que partir de alguém.
Esquecer é parte de um longo e doloroso processo de auto-superação. Você luta contra si mesma, incansavelmente, até que um belo dia descobre que já nem se lembra mais. Não há nada de errado em se desapegar de uma história que não lhe rende nada mais do que saudade. Ser feliz com alguém faz parte do mesmo processo, e um belo dia você descobre que amor não é feito de certezas e, sim, de tentativas. Ora, falhas. Ora, tolas. Porém sempre na insistência que duas pessoas construam uma só vida.
O que pra nós foi eterno, às vezes, não dura mais do que um segundo para os outros. Discordo piamente da ideia de que ao final de uma relação conclui-se que “não deram certo”. Todo mundo é capaz de dar certo por um tempo, mas eventualmente histórias muitos desagastadas ou com excesso de cobranças tendem a não se estender muito. Isso porque estamos tão apegamos a um ideal de relacionamento, a um perfeccionismo de sentimentos, que menosprezamos atitudes e palavras que não condizem com a nossa expectativa de par perfeito.
Pessoas diferentes tem maneiras diferentes de demonstrar sentimentos. Não dá pra ensinar a alguém a te agradar “da forma correta”. Amor é sobre adaptação. No início da paixão somos uma massinha de modelar feliz e com o passar do tempo enrijecemos em nossas expectativas. Em razão disso, nós demos certo, sim. Pelo tempo que foi necessário, pelo tempo que foi bom. Você foi inesquecível, mas não insubstituível.
Muitas vezes, fraqueza se reduz a insistência de manter alguém que se faz distante ao lado. Pra desistir é preciso ser mais forte do que a gente pensa. É preciso trocar o conforto pelo medo, a segurança pelo risco, cortar nossas próprias asas antes que alguém o faça e não temer a queda. Mas, meu bem, você não vale nem a porra dessa saudade.