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Vou te falar, cara. Presta bem atenção que é pra você não se perder nas suas confusões de amores líquidos e sentimentalismo barato. A barra está pesada. Passei esses anos todos fugindo das alucinações do amor, quando não, sofrendo com os sintomas e hematomas que ele deixava. Sempre fui o tipo de garota que quando cisma com o tal do amor, mergulha de cabeça, corpo, mente e alma. Se você não está na mesma onda, pula fora antes que alguma distante lá no horizonte resolva aparecer e te derrube da prancha, sem direito à salva vidas.
Cheguei até aqui convicta de que uma hora você iria aparecer. Meio doido, com uns neurônios funcionando a menos devido ao ensino puxado da faculdade, um cara família, um cara que não se perdesse nos joguinhos de amores ( preferência que não brincasse com isso), um louco pela vida. Não precisa conhecer a coleção completa do meu escritor favorito e nem entrar nas minhas ondas de leitora compulsiva, nem ligar para meus transtornos obsessivos, mas que aceitasse meus filmes melancólicos e respeitasse meu espaço. Sabe, eu até assistiria Star Wars numa boa, se você me prometesse colo, brigadeiro e louça lavada. Na verdade, acho que um apaixonado por música ou pela escrita me faria uma namorada mais amável. Um apaixonado, isso! Pode ser apaixonado pela cerveja, pelo clube de futebol, pelas revistas pornôs, mas que antes seja apaixonado por mim.

Sei que você vai acha tudo isso uma loucura. Te entendo. Lidar comigo não deve ser fácil. Mas você vai vir e vai ficar aqui, cuidando de mim, dos meus medos, traumas e frustrações, mesmo não sabendo lidar com nada disso. Vou te contar, cara, tenho medo de escuro. Nem o ensino superior e o inicio da fase adulta me ajudaram esquecer esse medo. Não assisto filmes de terror, desde que você assista comigo. Aprecio qualquer tipo de comida, inclusive a culinária japonesa, não precisa se preocupar. Curto baladas, jantares à luz de velas e um bom drink. Meu avô diz que vinho branco é a minha cara, nunca soube o motivo, mas adoro. Fica a dica.
Talvez nem com esse mini manual você saiba me compreender, mas sei que vai saber a hora certa de fazer tudo. E também nunca achei que alguém precisasse de manuais para encontrar o seu grande amor. Ele chega, do nada. De uma hora pra outra. Não dá nem tempo de dar uma faxinada no apartamento ou fazer café para recebê-lo. Sei que com você vai ser assim. A gente vai se trombar na rua, você derrubará minhas folhas de estágios da faculdade e todo educado, se perdoará sem desviarmos os olhares. Ou vamos no encontrar num desses barzinhos lotados, você me verá tirando a carteira da bolsa para pagar a conta e achará isso o cúmulo. Se oferecerá para fazer isso e de queda estenderá as mãos para me ajudar descer os degraus do bar. Eu sei, ali não será mais você e eu, será nós. O inicio do nós, pra sempre.
Mas pode ficar tranquilo. Já esperei anos por você, se quiser esperar mais um pouco não me importo. Só não se atrasa quando o cupido decidir que está na hora. Sem atrasos na hora certa, combinado? Estou cheia de atrasos, de falsas promessas, de pessoas que colocam tudo na frente do amor, de pessoas que acham que se não for um Doutor não será mais nada da vida, de pessoas que não se entregam. Ó, o mundo não precisa de mais Doutores Alguma Coisa. Durma direito no dia anterior, descanse e venha, estarei a sua espera. E te aceitarei, sendo Doutor ou não.
Venha na sua hora, na hora que for pra ser, mas vem com calma e leveza. Venha na intenção de ficar e fique. Não esqueça que a onda pode até derrubar meu castelo de areia, mas antes, ela te derrubará também.
Então vem, cara.
E não esqueça o pão de queijo pra acompanhar o café.

 

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