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Este texto faz parte de um projeto de postagem coletiva entre nós, os Escritores da Era do Compartilhamento, com o tema “Não me venha com desculpas tortas”.

Fiz tudo que pude, disso eu tenho certeza. Caí de cabeça a fim de dominar seus pensamentos, de abraços abertos pra afagar suas dores e de peito escancarado para quando quisesse repousar. Queria ser teu colo e teu apelo. Eu queria ser a melhor e a pior parte de ti, e não sobrou nada em mim depois de você que não estivesse impregnado com seu cheiro. Eu tinha sido invadida por uma onda desgovernada de delírio e afeto que desembocava a cada sorriso seu. E naquele justo instante que não dizíamos nada enquanto nossos corpos conversavam, eu sabia que tinha valido a pena. Não precisamos de tanto assim para fazer valer, todo mundo nos serve por uma noite ou duas. Eu errei quando pensei que você valesse por uma vida inteira. Errei quando troquei minha sexta feira sem compromisso entre taças e poesia por uma relação de possibilidades duvidosas. Eu errei quando desesperadamente insisti em te fazer a metade que sequer me faltava. E errei quando cruzei a tênue linha do amar com o querer; quem ama, por vezes, desiste. Quem quer, apenas persiste.

Mas não me venha com essas desculpas tortas me acusando de ter estragado tudo como se você não quisesse. Desde o início, você queria o fim, e eu queria o recomeço. Me parta o coração, me confunda, brigue comigo, mas não me deixe a mercê da incerteza do tempo pra resolver nossos enganos. Não sou morna, nem meio termo e, tampouco, sou tolerante. Me poupe de seus sorrisos gastos, suas frases ensaiadas. Meio amor só preenche corações pequenos. Eu transbordo em noites quentes, transbordo no grito e na pele. Não quero ser compreendida, sou pra ser vivida. Vivo à beira do abismo entre o tudo e o nada. Não tenho problema nenhum em me doar por inteiro, sei exatamente onde meus cacos se encaixam. Cada vez que me despedaço é um misto de agonia e prazer que sustenta minha essência.

Ando com os pés atrás de um coração exposto, você deve se entregar ou sequer me estender a mão. Não te culpo por não ter aprendido a me amar como eu mereço. Sou livre, sou intensa. Não é todo mundo que gosta e, principalmente, não é todo mundo que aguenta. Dispenso homem sem coragem, eu vivo intensamente o medo. Medo de não ser aceita, de não ser recíproco, medo de ser uma sombra de mim mesma. Por isso, me excedo, me ponho à prova. Prefiro pecar por amar demais do que a falsa paz de quem não se arrisca. Se você nunca superou uma perda, certamente não aprendeu a valorizar o que tem – ou a quem tinha. Seu problema foi ter usado as desculpas como escudo pra te livrar da culpa de não saber como agir. Amadurecimento é ser autêntico, e não, hipócrita. Me leve do céu ao inferno, machuque minha alma cansada, mas não tente me iludir. Eu não pedia por seus cuidados, mas por suas verdades. Agora é tarde.

Você que me desculpe por não me contentar com as migalhas de um amor malfeito. E me desculpe por não tornar o ciúme uma dependência pra nós dois. Discutir pra provar a confiança era seu vício, não meu. Você não foi páreo pra mim, agora sei disso. Não quero ter afeto parcelado, de pouco em pouco não me sacia. Prefiro o desgaste de tentativas intensas do que o conformismo visceral da rotina. Amor é tão abrangente em sua definição que cabe a nós e o mundo inteiro sem que precisemos viver em prol de alguém.

Leia o texto dos outros participantes do projeto: Thaís Veríssimo, Leca Lichacovski, Ju Umbelino, Maria Fernanda Probst, Valter Junior, Fábio Chap, Celio Heitor, Flávia Oliveira, Sâmia Louise, Pâmela Marques, Jô Lima, Monalisa Macedo , Fernando Suhet, Jéssica Delalana , Cristina Souza, Rogério Oliveira, Vitor Avila, Jeessy Batista, Caroline Sassatelli.

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