Ainda me surpreendo quando me pedem conselhos, desabafam ou, simplesmente, escutam com atenção o que eu tenho a dizer. Pessoalmente eu sempre conto alguma piada ou termino sendo irônica porque, sinceramente, parte de mim ainda não consegue crer que aqueles olhares ansiosos esperam de minhas palavras algum conforto ou solução. Respiro aliviada quando escuto em réplica coisas do tipo “Tem razão. É verdade.”. Penso comigo mesma “Ufa, consegui! Essa foi por pouco.” E, às vezes, quando eu leio meses depois o que escrevi, duvido que eu mesma tenha escrito! Coisa de gente doida, né? A verdade é que eu não perco um bom debate e me envolvo com as discussões e crises de séries tanto quanto as reais. Não posso negar, eu gosto do drama. E superá-lo, por pior que seja, me traz uma sensação de paz indescritível. Talvez, por isso eu goste tanto do drama, por causa do pós-drama. Culpo Maria do Bairro.

Bom, assim surgiu a entrevista à convite das meninas Juliana, Isabela, Larissa e Bianca da FMU FIAM FAAM (Sp) com base no texto 50 tons de cinza no Facebook de Marcelo de Matos Salgado.

1 – A internet ajuda ou atrapalha nos relacionamentos?

R: Acredito que atrapalha quando você é uma pessoa reservada e, sinceramente, na maioria dos casos, madura também. Quando se tem um relacionamento sólido, em que a insegurança não tem vez, a internet se faz completamente desnecessária. Agora, quando você gosta da exposição, de exibir seu romantismo para os outros e incitar uma certa competitividade entre casais, abusar de ferramentas como instagram e facebook te dão um tipo de satisfação e conforto de “ser feliz” quando vir isso comentado por outros. E ainda há o caso de quem tem um relacionamento à distância, em que a internet, é sim, um grande aliado pra afastar a saudade.

2 – Na maioria das redes sociais é preciso um perfil do indivíduo. Na sua opinião, as pessoas são realmente elas ou são um fake de si mesmas?

R: Elas são a projeção do que gostariam de ser. Um espelho turvo, onde você só enxerga suas melhores qualidades.

3 – Quais os tipos de alterações sociais e culturais as redes sociais estão gerando?

R: A principal delas é, sem dúvidas, o falso contentamento gerado por esses recursos. Cada vez mais pessoas esquecem-se de suas próprias conquistas, suas batalhas reais, seu objetivo para uma vida, e se conformam em ter curtidas suficientes pra que seu dia tenha valido a pena. Elas não enxergam quão superficial é focar suas expectativas em algo efêmero. E tampouco quão ínfimo se tornam os problemas gerados por algo virtual.

4 – Porque você acha que as pessoas buscam definições mais amplas que masculino e feminino?

R: Fator individualidade. Não é de hoje que as pessoas buscam formas de expressão que as destaque da maioria. Obviamente, que a maioria é só uma questão de perspectiva. Por exemplo, aquelas que gostam de um rock mais pesado, tendem a se vestir para se destacar, logo, vestem-se todos iguais. Então porque se acham diferentes? Porque, para eles, destacam-se para maioria. Mas, partindo do pressuposto que cada pessoa tem um estilo que lhe agrada mais, se reuníssemos todos os estilos de todas as pessoas, o que teríamos seriam várias “panelinhas” se achando diferentes e únicas e, na verdade, nenhuma maioria a qual ser comparada. Deu pra entender? Ou seja, o normal se tornou sacal, a juventude não quer mais fazer parte da linha que segue nos conformes, estão cada vez mais se expondo, se conhecendo. Alguns por real aptidão, outros por simplesmente “ir contra o sistema” e ainda outros porque ainda não formaram opinião sobre e seguem a influência de pessoas próximas ou que admiram – podendo inclusive, se tratar de artistas e pessoas do gênero.

5 – Você concorda com a lei AB1266, que dá aos estudantes o direito de “participar de programas, atividades e instalações” baseados na sua auto percepção sexual, independente do seu sexo quando nasceram? Como você se sentiria se estivesse em um banheiro feminino e de repente entrasse uma pessoa do sexo oposto?

R: Acho que isso está sendo supervalorizado. Ao invés de preocuparem-se com a que gênero sexual os estudantes pertencem, deviam simplesmente deixar que descubram por si sós, assim como foi feito desde o início dos tempos. A diferença seria não julgar, condenar, nem induzir qualquer tipo de gosto. Não me importaria com o uso de um banheiro unissex, contanto que tivesse instalações individuais, por uma simples questão de autopreservação, independente do sexo e tampouco do gosto.

6 – Em sua opinião, como a invenção dos 50 gêneros sexuais para as pessoas se definirem no facebook pode afetar os internautas?

R: Terão aqueles que irão expor seus verdadeiros gostos e serão julgados, terão aqueles que irão mentir pra agradar quem não conhecem e sequer se importam, terão aqueles que irão fazer o que as pessoas que admiram fazem, terão aqueles que terão medo de se expor. Enfim, é uma pena dizer que a minoria será aquela que pouco se importa em definir virtualmente o que é, porque venhamos e convenhamos, isso não passa de uma perda de tempo.

7 – Você acha que com esta nova ferramenta do facebook, será possível que diminua as páginas de descriminação contra homossexuais?

R: Nada. Obviamente, a criação dessa ferramenta não visa isso e, sim, uma possível pesquisa de mercado sobre gostos, aptidões, induções e logo aparecerão campanhas publicitárias de falso cunho social para o fortalecimento de alguma marca e que vai afetar todo aqueles que não leem um jornal, mas não saem do twitter de forma à manipula-los. Como sempre. E assim como foi a campanha #somostodosmacacos. O sistema da internet trabalha pra beneficiar as mentes pensadoras por trás e induzir a massa acéfala, mas não é exclusividade dele, telejornais, revistas, programas de tvs, todos tipo de mídia segue a linha capitalista. Muitas vezes, a informação é depreciada e por consequência, os valores são desvirtuados. Está cada vez mais difícil encontrar uma educação – que vai além dos hábitos de casa – que valorize a consciência.

 

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