Algumas vezes você se pergunta como não viu que dariam certo naquela época. Você se pergunta o que te fez recuar, você se pergunta porque você não estava tão interessada (ou desesperada) quanto agora. Você se pergunta “e se tivesse uma segunda chance, faria diferente?”. Você se pergunta se uma segunda chance seria sequer suficiente. Você se pergunta “e se pudesse voltar no tempo, faria diferente?” Você sabe que sim, mas também se pergunta se estaria exatamente aonde está porque é assim que deveria ser ou se não há nada que relacione o “ser” com o “estar”. Você se pergunta se todas as pessoas se perguntam o mesmo que você, se pergunta quantas delas acordam arrependidas e quantas não vêem mal algum em acordar na vontade. Você se pergunta se sua vida seria diferente se você se entregasse mais ao risco e acordasse arrependida. Nessa hora, você, por um segundo, esqueceu as consequências. E sempre há consequências. Então, você se pergunta quantas vezes pôde se dar ao luxo de não pensar nelas e quantas vezes já pensou. Você se pergunta se isso, de fato, mudou alguma coisa e se você poderia não estar, agora, se perguntando sobre isso. Quem sabe no futuro. Ou nunca.
Você decide tomar às rédeas, dominar as dúvidas e buscar respostas. Isso quer dizer, de uma forma bem clara, que você vai ser menos orgulhosa. Você volta atrás, relembrando de todas as vezes que teve a mesma oportunidade e se manteve em frente. Sabe lá deus como, em frente. Sem estar feliz. Você volta atrás porque acredita que a resposta final, nada mais é, do que a primeira resposta: como não vi que daria certo?
Você conta nos dedos quais teus erros, você conta seus acertos que lhe parecem tão insignificantes que você para. Recomeça e, dessa vez, também conta suas justificativas.
Você contou que não queria ou não devia. Você contou que não valia a pena o esforço. Você contou até, para suas amigas, que ele também não valia. Você disse isso a si mesma várias vezes, embora agora, não seja capaz de citar uma. Você disse isso aos outros mais vezes ainda, embora, nenhuma sequer fosse verdade. Mas, na época, verdade era a ultima coisa com a qual você se importava. Você se importava com cabelo, roupas, festas. Na semana, até se importava com os estudo e o trabalho, pelo menos, até as 18h de sexta; você se importava. Você se importava com viagens, com sorrisos, com amigos, com gente. E foi no meio dessa gente que você não soube mais com o que se importar. A verdade de ti passou longe. Passou longe quando mentiu sobre sua idade, quando mentiu sobre o que gostava, quando mentiu sobre quem gostava. Você mentiu. Você se pergunta se seria diferente se não tivesse mentido. Não, agora sem mais perguntas. Mesmo que eu já saiba que até quanto a isso, você mente.
Você mentiu sobre não se importar em vê-lo com outra, de vê-lo feliz. Você não quer vê-lo feliz. Aliás, a ultima coisa que você quer é que ele seja feliz longe de você. Você é esse sentimento de posse, você é ciúmes, você é medo, você é despeito. Você é o impulso que te faz procurá-lo na madrugada, você é o perdão de suas desculpas esfarrapadas. Você é a venda nos olhos para o flagra, a boca das fofocas. Você por dentro é isso: insana.
Você sente culpa. Você se acha o erro. Mas não é, nem um, nem outro. Mas você não acredita, se acha única em sua história vivida por todos. Você é protagonista numa peça de figurantes em que só mudam os nomes. Você não vê, não ouve. Você sabe que o tempo cura, você sabe que o tempo a faz esquecer. Você se pergunta como esquecer aquele sorriso, tal igual, esqueceu aquela briga. Você se pergunta como esquecer de quando era mimada, tal igual, quando foi traída.
Você sofre, mas esquece. Você tem insônia, mas esquece. Se martiriza, mais esquece. Se arrepende de esquecer, mas até disso, você esquece.
Então, você recomeça e, dessa vez, conta também seus recomeços. E perde a conta, mas tudo bem; você vive, essa é a resposta.

P.s: Esse texto é pura ficção e qualquer relação com a realidade é mera coincidência. Mesmo para você, amiga.

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