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Já haviam me falado que seria assim: uma atitude muito menor do que aquela que eu vinha esperando, que por muitas vezes chamei de sinal, e eu simplesmente saberia que nada mais seria igual. Jamais souberam me dizer quando viria, de que forma iria se manifestar. Por isso, a cada chance desperdiçada eu procurava listar os contras e nutria aos poucos o que eu achava ser minha defesa contra ele. Mas nada parecia ser forte o suficiente ou doloroso o bastante pra que eu quisesse realmente desistir. Eu acabava dando um jeito de ressaltar nas entrelinhas o que pra mim ainda valia a pena.

Não sei quanto tempo isso durou; ao seu lado, não mais que um segundo, longe dele, uma eternidade. Não sei dizer quanto de mim era coragem e quanto era loucura, mas eu insistia sem nem me dar conta do esforço que envolvia. Eu, que me torturava na demora de responde-lo, pensei em todas as possíveis formas de falar da maneira mais clara, mais uma vez, o que eu estava sentindo. Eu achava que se falasse dos meus sentimentos, tentasse lhe explicar a intensidade, ele ia se sensibilizar, ia ceder. Achava que quando gostávamos muito de alguém, esse alguém gostaria nem que fosse um pouquinho da gente, apenas como um gesto de gratidão.

Mas não é assim que funciona, muito pelo contrário. Quem já esteve do outro lado reconhece essa sensação: um misto de aflição e impotência. Você quer que a pessoa pare, que se ponha em seu lugar, que enxergue as coisas pelo seu ponto de vista. Você também quer ser ouvido, pois sabe que ela só vai escutar o que quiser. E foi quando ouvi aquela voz tão familiar me soar de um completo estranho que percebi que o havia superado.

Eu tinha todas as respostas possíveis e perfeitas para aquela situação na ponta da língua, mas de repente eu me dei conta de que qualquer que fosse a sua desculpa da vez ou réplica ao assunto, eu já não tinha interesse. E todo aquele infinito de dúvidas que me trazia aflição deu lugar ao completo nada. Não sei se você já sentiu isso, mas sabe quando você tem tanto a dizer que nada merece ser dito, porque a melhor das hipóteses já não lhe parece tão boa assim? E então, você não sente vontade de dar uma palavra sequer porque nem isso vale.

Às vezes, você precisa se libertar de quem poderiam ter sido juntos pra poder aceitar quem são separados. Por mais que alguém tenha te magoado, também te deu a chance de recomeçar do zero. Mais forte do que antes. Você não tem razão pra nutrir nenhuma esperança do passado, portanto é livre. Nunca é fácil sair de uma vida quando a decisão não é sua, mas pior ainda é forçar a entrada em uma porta que já está trancada. Sempre é uma aventura morar em outro peito porque, não importa o que façamos, outras pessoas já deixaram suas marcas. Temos que lidar com o passado, com o fracasso e o apego que nem sequer foi nosso. E aprender a respeitar o que foi perdido com a nossa chegada pra valorizarmos a estadia. Bom é amar sem esperar nada em troca, sem haver discussão, pressão, cobrança. Bom é amar de graça, sem amarras. Mas a gente insiste em amar na rédea curta por medo da distância.

E a vida funciona assim: a gente tem que buscar quem se encaixe na gente. Não adianta nos dedicarmos a um relacionamento unilateral, é como se quiséssemos a todo custo desdobrar um coração que nunca fez questão de ser nosso. Do que vale essa insistência, afinal de contas? Quanto de nossa teimosia é, de fato, vontade de estar com alguém e é apenas nosso ego ferido? Cedo ou tarde, você vai aprender que precisa mesmo gostar de você, cuidar de si, se respeitar acima de todas as coisas. E vai dar valor a quem seguir seu exemplo.

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