Duas coisas sobre mim, 1) sempre fui a mais nova de todas as minhas turmas de amigos e 2) tenho muito mais amigos homens do que mulheres. Ou seja, ser a mais nova em uma turma de homens só podia significar uma coisa: Mogli, o Menino lobo. Cresci assim, sendo lobo em pele de cordeiro. Tentando me enturmar com as meninas e nitidamente mais confortável entre os homens. Acho que o único “assunto masculino” que eu não manjava era futebol, agora, videogames, livros, filmes, quadrinhos, animes, rpg, magic – ainda por cima éramos nerds quando isso sequer era legal – e, claro, relacionamentos, eram minha praia. E o resultado disso não podia ser outro: fui preparada pra guerra. Desde os primórdios eu vi, vivi e ouvi sobre traições, sacanagens, loucuras femininas, ciúmes possessivo, vinganças no melhor estilo de novela mexicana, fofocas que poriam o Nelson Rubens no chinelo. Sem sombra de dúvidas, eu aprendi com os melhores dentre os piores. Ainda digo mais, se não fosse por eles, por terem partilhado seu universo comigo, eu provavelmente teria me perdido nos testes da Capricho há anos.

O lado ruim dessa história é que eu fiquei extremamente exigente em relação aos homens, é claro. Me sinto no direito de culpa-los se eu terminar sozinha jogando Candy Crush em um asilo e assistindo no repeat o dvd de Lua de Cristal pra me lembrar que até a Xuxa teve o Sergio Malandro como príncipe. E eu ODEIO ele.

Por conta disso, do meu ciclo e dos meus medos alimentados, sempre me relacionei com caras mais velhos. Ponho 10 anos de diferença no bolso; muito amor pelos anos 80. Mas chegou uma fase em que o tempo me pareceu parar, essa distinção tornou-se menos óbvia. É como se houvesse uma Era de Igualdade, onde 5 a 10 anos de diferença relacionam-se no mesmo grupo. E os pivetes da minha idade passaram a dominar tudo. Acontece que eu aprendi na pele que a gente não pode pular fases. Não importa o quão maduro você seja, eventualmente, vai agir como alguém da sua idade e em um relacionamento, possivelmente, isso vai pesar. Negativamente, por sinal.

Mas, na verdade, o que pesa mesmo é o fato de andarem na mesma página, quererem as mesmas coisas a curto e a longo prazo. Então, vamos a uma lista de prós e contras.

Prós:

1)      Desempenho sexual mais ativo. Vai bem dizer que você não pensa isso? Os novinhos estão fervendo.

2)      Maior flexibilidade de opiniões: é mais fácil você moldar e adaptar alguém – à sua vontade – se ele não tiver uma opinião formada sobre tudo. Se ele estiver propenso a aprender mais contigo, te ouvir, respeitar suas experiências. Uma pessoa mais velha levou a vida toda pra ser quem é, ou seja, é bem mais convicta sobre suas verdades.

3)      Te faz sentir mais valorizada porque, geralmente, ele te põe em um pedestal que as novinhas não chegaram ainda.

4)      Sem responsabilidades financeiras. Quero dizer, isto é, se ele não for pai muito cedo porque, venhamos e convenhamos, ele não ter nenhuma bagagem é uma vantagem, embora também não deva ser considerado um empecilho.

5)      Ilusões intactas: uma pessoa mais nova não teve tempo de se decepcionar o suficiente na vida pra que se torne um emaranhado de traumas e desconfiança. É bem provável que se torne depois de você, se lhe partir o coração. Mas aí, né? Acontece, nem tudo é perfeito. O importante é que você tenha feito bom uso.

Contras:

1)      Maior importância para as redes sociais: como tem mais necessidade de se provar diante do mundo, torna-se mais superficial em relação as limitações que a exposição impõe. Ou seja, dá mais cabimento para o que os outros acham e para fofocas.

2)      Sentem-se mais inseguros pois acham que podem ser trocados por um cara mais experiente, mais estável, mais bem resolvido e até mais rico. Isso quer dizer que os ataques de ciúmes são mais frequentes.

3)      Infelizmente, o preconceito existe em casos que a diferença é aparente. Teoricamente, não há problema em ele ser mais novo, mas se ele aparentar que é tão novo assim, a própria mulher sente-se mal consigo mesma.

4)      Você não vai poder exigir dele uma maturidade que simplesmente não lhe é cabível. Ele não vai aprender ou desaprender certos “dogmas” porque você quer, mesmo que se esperneie pra explicar a importância; isso é inapto a ele. Ele não consegue compreender ainda. Cabe a você decidir se vai continuar tentando ensina-lo ou se vai desistir de molda-lo e aceita-lo assim.

5)      Há o desencontro das fases: enquanto ela pensa em casar, e ser bem sucedida, ele pensa em curtir a vida, viajar pelo mundo, aproveitar o momento. Um não pode pular, nem se sujeitar a fase do outro se também não for lhe engrandecer, lhe fazer bem. Porque isso não faria o menor sentido, ainda que fosse pra sustentar uma relação.

 

Imagina uma coisa: você recém formada, saída da faculdade, entrando no mercado de trabalho, um corpo de luz e sonhos disposta a lutar por seus ideais e comer todos os recheios de bolacha que quiser, afinal, é uma adulta. Independente. Madura. Ok. É assim que você se vê, mas sequer consegue decidir sobre suas próprias roupas, tampouco sobre seu futuro. Porque, sejamos francos, com vinte e poucos anos o futuro ainda parece distante. Relevando que em seu passado tenho tido um namoro longo ou noivado ou solteirice, encontrar alguém da sua idade é se ver entre dois mundos: aqueles que só pensam em crescer na vida e aqueles que não querem nada da vida. O problema é que essa diferença de planos não é bastante óbvia já que também não é estável. Em geral, eles ficam em cima do muro entre a pressão de ser alguém e a vontade juvenil de simplesmente aproveitar o momento. A solução é incumbir o tempo de definir quem passou da fase e quem se fez na fase, ou seja, essa segunda categoria são daqueles que são “velhos” e tem as mesmas atitudes infantis, sendo assim, não é mais uma questão de tempo, é simplesmente um traço de sua personalidade.

Em resumo, assim como em qualquer outro relacionamento terão dificuldades, alegrias, arrependimentos, brigas e tal. A diferença é que a mulher terá um álibi melhor pra sair impune das discussões, afinal, ela sempre pode atestar o quanto ele é imaturo. Todos vão acreditar, sério.

A verdade é que a idade não importa tanto assim. É só uma desculpa cronológico pra que a gente se sinta melhor com nós mesmos. Porque, pra falar a verdade, tem muitos caras que simplesmente parecem não amadurecer, e outros que tomam pra si responsabilidades bem maiores do que seria apropriado pra idade – e mentalidade – que tem e se forçam a um amadurecimento mais rápido, mais sério, porque acreditam que esse seja o caminho certo. O velho “certo e errado” costuma acompanhar aqueles que tem essa pressa em nutrir experiências ideológicas. Mas, assim como em qualquer outra relação, a regra é clara: se os dois quiserem, podem fazer dar certo. Não tem mistério e também não deveria ter tabu. Às vezes, a instabilidade de se estar na mesma fase de descobertas, autoconhecimento, aventuras, desmitificação de sonhos e, principalmente, fracassos, é que faz com que ambos consigam crescer. Faz com que se ajudem, se confrontem e aprendam um com o outro. Então, não subestime o bem que alguém pode lhe proporcionar ao fazer com que você enxergue o seu próprio passado por outros olhos. Da mesma forma, não superestime as qualidades de alguém que não vai ter culpa por não conseguir mudar quando VOCÊ quiser.

 

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