20131128-123109.jpgEu relutei, pela falta de necessidade que vi, em expor minha opinião sobre esse aplicativo. Todo mundo estava fazendo isso a torto e à direita; publicações no facebook, instagram e em outros blogs. Foi então que não agüentei tanto falso moralismo. Gente, pelo amor de deus, em primeiro lugar, admitam: vocês riram. Inclusive, porque esse ocorrido não se distingue em nada da difamação da Fran que vocês devem bem se lembrar e que lhes gerou dor na barriga de tanto gargalhar. Então, tudo bem a menina ser exposta daquele jeito e ter que suportar semanas de piadas vindas de todas as classes sociais e agora, de repente, todo mundo tem senso do ridículo? Façam-me um favor, né? Os mesmos que hoje apontam o dedo ofendidos, em geral os homens, usavam esses lindos dedinhos para imitar a Fran há pouco tempo. Adorável hipocrisia. E não é como se esses adjetivos usados no Lulu não fossem ditos “na vida real”; eles são. Aliás, há quem diga coisas muito piores! Acontece que a necessidade de externar isso que o torna tão subestimado. Sinceridade demais é veneno.

Para mim, esse repúdio exagerado de algo que expõe a opinião dos outros sobre você (no caso dos homens) não passa de “não gostei do que li” e do medo das mulheres que o contrário aconteça. Claro que há também para os homens a desvantagem de mostrar o quanto são visados, com quantas já ficaram. Mas, sério, você que é mulher está procurando um namorado por esse aplicativo? Porque, sinceramente, isso seria o cúmulo do desespero. Até porque todos os homens, segundo ele, tem os mesmos defeitos que se encaixam em #MaisBaratoQueUmPãoNaChapa, #NãoLigaNoDiaSeguinte, #NãoSeInteressaPorNada, #SóPensaNaquilo. Todos! Não tem um que alguma menina, chateada por não ter sido levada à sério, deduzira que ele não queria nada com ninguém só porque não quis nada com ela. Olha, se for para me basear nessas hashtags e em algum universo usá-las como parâmetro, eu observaria #CaiDeBoca, #TrêsPernas e #ChristianGrey, porque, isso sim, me parece mais interessante do que se ater aos defeitos que, basicamente, todos tem se julgados pelos olhos de quem quis e não teve. Lê-se amarguradas ou despeitadas. Certo que nem de todo mundo deve ser verdade, mas por que alguma mulher mentiria sobre isso? A não ser que ele mesmo tenha se avaliado por outro perfil para “fazer seu filme”. Pensando assim, ficou a cara da Malhação. Credo! Aonde me meti? Não sei quem é o pior, honestamente. Isso não pode ser usado como vingança e muito menos como padrão.

Essa consciência natural de que isso é depreciativo, ofensivo e que não deveríamos dar continuidade, poucos têm de verdade. Falando sério, nem eu tive. Eu ri e ri muito de algumas hashtags que combinaram muito com algumas pessoas, de outras que eu mesma gostaria de ter pensado e de outras que eu jamais colocaria. Isso só prova o quão machista é o meio em que vivemos. Na hora em que surge algo que pode prejudicar a imagem dos homens, põem as mulheres em pânico sobre a tal vingança que eles iriam fazer. Afinal, se ela não se fizer de santa imaculada, as chances de ser levada à sério são ainda menores. Homens se importam muito mais com o que os outros vão dizer de sua fêmea do que o contrário. Fato. Mas o melhor, com certeza, é que todos se esquecem do esforço que fizeram para criar músicas, montagens, vídeos, tudo quanto pudessem inventar, para que a história da Fran que não foi nada demais, nem diferente dos outros mil vídeos que são repassados todos os dias pelo whatsapp, não fosse esquecida. Por quê? Por que ela é mulher? Duvido que se fosse um homem, teria tanta repercussão.

O grande problema que vejo no Lulu é que, inicialmente, você não tem como se defender do que dizem de ti. Mas, pronto, depois você pode retirar sua conta. Fica quem quer e quem fica, gosta do que vê. Não me venham com essa que é falta do que fazer das mulheres ou que a humanidade está perdida. Isso não é uma novidade e tampouco algo ocasionado por um simples aplicativo. No momento, essa é a pedra no sapato, próxima semana terá outra “vítima”. E assim a vida vai seguindo. Não da melhor forma, eu diria. Mas, pelo amor de deus, o que esperar de alguém de vinte e poucos anos totalmente influenciado pelas redes sociais e preocupado em fazer parte de um mundo de “ver” e não de “ser”? Não que, de alguma forma, justifique o apelo de aplicativos desse porte para uma “vingança pessoal”. Palavras ditas pela própria criadora do Lulu. A primeira coisa que eu pensei quando vi o aplicativo foi “Todo mundo consegue ganhar dinheiro inventando algo que explore a safadeza dos outros. Menos eu.” Tenho culpa se sou uma boa pessoa? Mas, se vocês pararem para pensar, muitos outros seguem a mesma linha de raciocínio do Lulu, apenas você não expõe de uma forma descarada o que pensa, mas isso não quer dizer que não te incentivem a pensar e que você não goste por isso.

Sinceramente, eu também espero que não criem um aplicativo para julgar as mulheres e se criarem, serei a primeira a bloquear o meu perfil. Não por medo, até porque, na realidade, tenho certa curiosidade em saber o que pensam de mim, mas porque eu não preciso disso. No entanto, todos os dias recebo alguma notícia que ameaça que isso vá acontecer em breve. Anda pior do que o boato que a tsunami invadiria Fortaleza! E foi gerado com a mesma intenção: causar o pânico, propagar o caos. Honestamente, eu não preciso de um aplicativo para avaliar minha conduta, ainda mais dando margem para outras mulheres que definitivamente não gostam de mim, opinarem e tampouco quero que algum jovem mancebo se interesse por mim através de algo tão superficial. E acredito que se mais pessoas pensassem assim, não perderiam seu tempo se atendo a “novidade da semana” para fingir que, em alguma escala humanitária, tem consciência. Francamente, um aplicativo não vai acabar com sua vida, não vai denegrir em demasia sua imagem, não vai te impedir de ficar com alguém e, menos ainda, atrairá outras pessoas para você. Se, eventualmente, essas coisas acontecerem, então tem algo muito errado no seu estilo de vida. Ele não é o problema e não se diferencia de uma roda de conversa de homens e de mulheres e nem mesmo dos grupos do whatsapp que alguns não passam de grupos de fofoca. Nós mulheres sabemos o quão perigosas podemos ser se postas juntas e, o pior, sem maldade alguma. Da mesma forma que, embora não queiramos admitir, também sabemos que alguns homens falam mais do que deviam. O problema é que eles não podem fazer isso e nós, sim. Pelo menos nisso a sociedade nos apóia. Ninguém suporta homem falador e ninguém sabe o tanto e, principalmente quais coisas, as mulheres falam. Vamos deixar como está.

O que torna isso um caso de sensacionalismo ou, na verdade, apenas um caso deplorável é você que se ateve, é você que compactua, você que se importa. Mas nunca se esqueça de que se hoje é você que julga, amanhã você será o julgado. E se não quer fazer parte desse ciclo, em qualquer circunstância, então comece tendo uma vida real. Se tiver curiosidade por alguém, saia. Se tiver despeito, se desapegue. Não queira mostrar, seja. Não queira se vingar, viva. Não perca seu tempo falando dos outros, arranje uma lavagem de roupa.

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