Por íncrença que parível, o Tinder é um dos assuntos mais pesquisados aqui no blog, e desde quando eu fiz o primeiro release sobre (aqui) não fiz mais nenhuma atualização. Mas acho que me tornei uma espécie de Guru porque passei a receber várias mensagens de pedidos de ajuda e/ou justificativa de estar no aplicativo. Gente, sério, mais dois milagres e vou ser canonizada, hein? Na ausência da Irmã Dinah, eu também ofereço a primeira sessão grátis.

Correndo o risco de, mais uma vez, ter minha reputação jogada às traças eu simplesmente não resisto em compartilhar minhas experiências.

Em primeiríssimo lugar, quero registrar minha indignação por não conter os dados completos do indivíduo. Quem foi que disse que é importante saber quais os interesses dele no facebook? Quem foi que disse que idade é algo realmente relevante? Quem é que lê aquela descrição? E por que eu quero saber se ele mora perto ou não de mim? Quem descobriu a América?! NADA DISSO IMPORTA! Sabe o que realmente falta?! A ALTURA! Sério. Para as baixinhas isso não deve ser um fator imprescindível, mas eu que sou à nível cearense considerada alta, acabei pagando o pato. Dei match (quando dois corações verdinhos se encontram e a flecha do cupido te acerta a razão) em um carinha bem bonitinho, gente boa, papo maneiro e tal. E eu sempre me perguntei porque cargas d’água nunca via aquela criatura em Fortaleza se, inevitavelmente, todo mundo anda nos mesmos lugares. E o fato dele, do nada, ter surgido dentre o meu ciclo em comum de amigos e, principalmente, dito que já havia me visto em festas, me deixou com a pulga atrás da orelha. Pensei que ele deveria ter namorada ou estar morando fora, mas não. Não, Deus, obvio que não. O dito cujo só era baixo! Eu nunca o tinha visto porque eu não conseguia vê-lo! Vocês imaginam o quanto foi frustrante pra mim? A sorte é que no dia que nos conhecemos, que não foi planejado, eu estava sentada e quando o vi cruzar a porta aparecendo com toda imponência de seus 1,5m, sentada estava, sentada fiquei. Isso não é preconceito, nem nada; é um fato. Ele é baixo, eu sou alta. Margaridas são amarelas e violetas são azuis. Fim.

Desde o ocorrido, confesso que me traumatizei. E mesmo com toda minha experiência de “bater o olho e saber só por foto” se o cara é baixo ou não, dava um certo trabalho. E receio de estar errada. Sendo assim, preferi abri mão da prática em território cearense pra evitar a fadiga, sabe? E, além do quê, eu esperava que fosse só uma modinha, assim como tantas outras e que já já todos esquecessem.

Mas eis que o destino é tinhoso, e ironicamente manteve o aplicativo positivo e operante e cada vez conquistando mais fãs. Eu lembro que no início, ele andava em círculos; quando você recusava todos que estavam perto, voltava para o primeiro da lista. Hoje em dia, devido a demanda de gente que procura formas de voltar no aplicativo porque clicou errado ou apenas se arrependeu de ter recusado – atitude bizarra e admirável, diga-se de passagem – eu vejo que, provavelmente, ele deixou de ser cíclico. Isso me torna praticamente um patrimônio histórico do Tinder.

Quando me mudei para o Rio de janeiro, vi a oportunidade de fazer uso das belas artes da conquista sem ser vista como uma desesperada. O que pode ser melhor do que se resguardar no conceito de que “não sou daqui, não conheço ninguém. Por isso estou no Tinder.”? Cai bem, né? Com o tempo, eu passei a aprimorar minhas sacadas da paquera e dizer coisas do tipo “NÃO SOU DESESPERADA, NEM SERIAL KILLER. Tô no Tinder porque sou nova na cidade” e ter uma legião de fãs. Modéstia à parte, eu sou interessante. E já tenho umas boas piadas no gatilho. Vai pensando que são só os homens que tem suas artimanhas! Eu cheguei ao ponto de conduzir a conversa do início ao fim, passando exatamente a imagem que eu queria, coletando as informações que eu considerava importante e deixando a vítima criatura doida pra me conhecer. Eu não estou me superestimando, estou apenas sendo sincera quanto as minhas reais expectativas sobre conhecer alguém virtualmente. E quer saber de uma coisa? Conheci muita gente legal e, aos poucos aprendi a perguntar a altura sem parecer preconceituosa ou maluca. E, sim, é verdade: eu perguntava a altura.

Certo dia, conheci um garoto de 27 anos, empresário, poliglota, bonito, alto e na mesma situação que eu: morando sozinho, sem conhecer muita gente na cidade. O que eu achei disso? OBRA DO CAPIROTO, OBVIO! Até parece que um cara desses vai cair do céu pra mim, e que ainda vou conhece-lo dessa forma! (Valeu, Deus, nasci ontem! Sei não como a vida funciona, sei não.) Contudo, como eu não tinha nada a perder, resolvi sair com a criatura. Mas se tem um ditado que nunca falha é “quando a esmola é muita, o santo desconfia” e o meu santo é carcereiro de hospício; desconfia até da própria sombra. Não demorou muito e eu descobri que aquele príncipe era na verdade noivo! De outra, claro. RAIOS E TROVÕES!

A verdade é que tem de tudo nessa birosca! Comprometidos, adeptos ao swing, porras-loucas, solteiríssimos, fotos de pênis, bonecos de Playmobil, enfim. Se você quiser realmente usá-lo como facilitador de laços, vai com tudo. Mas esteja pronto pra colher as consequências. Tem muita gente doida no mundo. E não são que nem eu, viu? Lembre-se de acreditar em metade do que vê e em nada do que ouve. Sendo assim, você vai ficar bem.

Resumo da ópera, a lição que eu tirei disso foi: dá pra conhecer gente? Dá. Ainda existe preconceito com relacionamentos iniciados de redes sociais? Sim, mas cada vez menos. Atualmente, há realmente casais se formando através da internet. É normal que isso aconteça. Mas você não pode esquecer que se trata de você tentando passar uma imagem sobre quem pensa ser pra alguém que vai enxergar o que quer, entende? Ou seja, se pararmos pra pensar BEM, trata-se de uma relação por troca de projeções. O que não é nada palpável, nada concreto. Se você chegar a se envolver emocionalmente, tem que entender que, na verdade, está se envolvendo com a ideia que tem dele. O que pode não ter qualquer relação verídica com a realidade. Se isso estivesse diretamente relacionado à valorização dos sentimentos e da troca de ideia, tudo bem, eu diria que é um grande progresso. Mas, na verdade, é o contrário disso: aparências superestimadas, tato esquecido. Mais likes e menos sorrisos. Bem vindos à Era Digital.

O video abaixo é muito bom! Ele retrata como seriam os primeiros encontros baseados na primeira reação que as pessoas tem no chat. Tenho conhecimento de causa nas conversas com gringos – VOLTA, COPA! – é bem fiel à realidade.

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