508fd8f587b3193f2ee823977c7bca01Eu sei que você talvez não acredite, mas eu segui em frente. Sério, até namorei outros caras! Acontece que o valor que nos dão é medido por quem nos dá, e eles não me importavam tanto assim. Ou quem sabe, por tanto tempo assim. Na verdade, eu tentava com eles suprir o vazio de não ter sido notada por quem me importava. É, você me fazia sentir invisível, pequena. Frágil. Mas você sabia disso, não sabia? A forma com que me abraçava inteira não negava. Você queria ser aquele que me protegeria. O herói, talvez. Mas que tipo de herói não tem coragem de enfrentar seus próprios monstros? Você tinha orgulho de me manter refém numa torre de inseguranças. E eu tinha tanto medo dos estragos que uma queda me causariam que não ousava me arriscar nem às margens das grades.

Não poderíamos evitar o estopim, não é? Quer dizer, mesmo que realmente tivéssemos tentado. Já parou pra pensar sobre quem seríamos juntos se não tivéssemos lutado em campos opostos? Eu já, pois com você eu tive mais do que o orgulho ferido. Eu fiquei dilacerada, furiosa, fiquei magoada. Mas não fiquei contigo. E de que tudo isso me valeu no final das contas? Essa batalha era nossa, devíamos tê-la enfrentado. No entanto, batemos em retirada ao primeiro sinal de derrota.

Por que fomos tão covardes, meu amor? Não se ama em um dia e se esquece no dia seguinte. O amor é contínuo, é passivo. Mas nós nos agredíamos em muitas palavras e quase nenhuma verdade, desgastávamos um tempo que não nos pertencia na intenção de controlar a incerteza do futuro.

Você não imagina como o céu me pareceu acinzentado em pleno verão, nem como as melodias de amor me soavam desafinadas quando você se foi. Você não sabe em quantos passos fiz uma linha reta ou por quantas vezes serpenteei na corda bamba da saudade quando você me ligava desesperado pedindo para voltar.

Então, te superei. Descobri o quanto eu podia ser forte e que ter o coração partido, às vezes, tem seu charme. Mas eu também descobri que quem ama, volta. E eu voltaria por você do outro lado do mundo. Eu voltaria pra você em todas as vidas. Eu voltaria pra você de malas feitas, cara lavada, alma em pedaços implorando que você me consertasse. Eu voltaria pra você em todo pôr do sol, e em cada pequena alegria do meu dia.

Foi em você que pensei quando viajei pelo mundo, quando escrevi meu livro e quando me apaixonei outra vez. Eu queria te contar, eu queria dividir contigo mesmo aquilo que soasse absurdo, invasivo. Sempre foi você, meu amor. Em outros corpos, outras bocas, outros planos… Ainda era você. Meu amor.

Nos forçamos a acreditar que fomos destinados a ser felizes de uma forma divina, que tudo que nos acontece tem um propósito a nós inalcançável, então, a gente segue em frente esperando que nosso coração pulse mais uma vez na próxima esquina. Mas não é como se ele pudesse vibrar em outros olhos, pois contigo foi como se ele batesse pela primeira vez. Pois contigo, eu soube o que nunca puderam me dizer sobre o amor: ele também é feito de altos e baixos, de fortes rasgos de dor, de pontadas de saudade. Sobretudo, ele é feito por nós em planos e laços atados. Feito pelo tempo que nos reconstruimos separados, pela culpa que sentimos de não termos realmente amado a quem, talvez, a nós tenha se doado. O amor também é refeito na expectativa do desencontro, na tentativa de caminhos diferentes. Mas, meu amor, quando ele se reacende na gente não há quem duvide de que devíamos ter tentado mais uma vez.

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