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Uma das minúsculas vantagens de ficar distante do blog (não por vontade, mas por uma série de acontecimentos que não descreverei pra não lembrar-lhes um funeral. Tendo a ir ao fundo do poço quando começo a ser mórbida devido a minha pequena mania de exagerar sobre as coisas. Pouco. Bem pouco.) é que me deu uma boa perspectiva sobre a minha vida. Não como aquela que me movia, mas uma nova, que me fez indagar como nunca havia pensado nisso antes.

A vida toda eu achava que era impulsionada por ter objetivos. E pelo tempo que eu os tivesse, estaria em boas mãos, porque isso me faria determinada, me tornaria esforçada. É como uma tatuagem que eu tenho: Move or bleed, que ao meu ver, quer dizer para se manter em constante movimento, sempre buscando fazer algo, o que quer que seja, para não se entregar às dificuldades e obstáculos e viver em eterna agonia, eterno martírio por, sabe lá, desistir antes de tentar. Mas, hoje, eu posso ver que, definitivamente, não é esse o caminho ou talvez, tenha sido o caminho pelo tempo necessário até que eu visse o verdadeiro caminho a seguir. De que importa o caminho a percorrer se você não sabe para onde vai? Nesse caso, qualquer caminho serviria e, no fim, seria uma tremenda perda de tempo. O que pode acarretar uma série de pensamentos similares onde estaríamos buscando, no final das contas, a busca e não o que realmente pensávamos buscar, entendem? Se até agora não perceberam, esse não será um texto necessariamente engraçado, tirando as partes que inevitavelmente rirão de mim ou da minha desgraça ou do simples fato de que, talvez, leiam isso bêbados. Ou não. Ou talvez, eu quem deva estar bêbada. (Não estou. Mas deveria, pelo menos.) A questão é que se não está preparado para entrar num turbilhão de indagações e prospecções de futuro e perspectivas distorcidas, bem como, verdades inventadas, sugiro que termine por aqui.

Oi? Ainda está aí? Bom, se você está aí, a palavra secreta é: ferradura. Agora já pode dizer que leu o texto porque sabe a palavra secreta e pode se gabar por aí com alguém (ou comigo mesma que vou ficar feliz em saber que você leu), no entanto, não saberá o porquê se não ler até o final.

Voltando… Uma boa análise de se você está aonde queria estar é pensar se você se tornou quem gostaria de ser quando tinha 14 anos. Certo, vamos esquecer a parte da rebeldia, do roqueiro ou até mesmo de ser um revolucionário. Há coisas em jogo mais importantes. O mesmo digo pra você que apoia manifestações porque vai contra tudo que impõe o sistema, sem ver, que até essa sua previsível formação foi o sistema que impôs. Papo para outra conversa, deixa pra lá!

A questão é que quanto mais jovens somos, mais fortes são nossas aspirações do futuro, maiores são nossos sonhos, maiores nossos amores. Chegando ao ponto de viver no limite do tudo e do nada. Conto nos dedos os relacionamento que perduraram tanto tempo, passando pela turbulenta fase de transição e lamento por quem nunca pôde se descobrir, já que sempre esteve com alguém pra lhes dizer quem é.

Naquela época, todo amor era o maior do mundo, todos os amigos os mais inseparáveis. Mas duvido que hoje em dia, em suas histórias sobre a vida, cite sequer essas pessoas. As histórias ficariam tão confusas com tantos nomes que nem fazem mais parte da sua rotina. Melhores amigos vão se tornando “um amigo meu, uma amiga minha”. Felizmente, não é algo do que se arrepender. Não deve se ver como vazio ou efêmero. Uma relação, seja qual for, não é sustentada apenas por uma pessoa. Melhor do que insistir em tê-la ao seu lado, mesmo com o nada em comum que os rodeia, é saber que ela estará lá se verdadeiramente precisar, mesmo que agora, aparentemente, cada um deva seguir com sua vida.

Esse é, para mim, grande parte do desenvolvimento de si mesmo. Saber a hora de largar, saber a hora de continuar. Eu sinto pena de alguns casais que são forçados a seguir pelo caminho tido como certo, sabe lá por quem, ou sabe lá por quantas novelas vistas, e não se permitiram, nem uma vez em anos, experimentar o que é viver só. E quando eu me refiro a viver só, não é da solidão que falo, mas não há nada mais maravilhoso do que estar com você e isso te fazer sentir melhor do que qualquer pessoa poderia fazer. É a fase de transição, de descoberta. Onde pesa tudo que viveu, tudo que gostaria de ser e tudo que é. Se decidir voltar, nem por um segundo, terá motivos pra se arrepender, ainda que tenha que começar do zero a conquistar tudo que se desapegou. Se decidir continuar, nem por um segundo, conseguirá entender o que te prendeu por tanto tempo, o que te impedia de ser você mesmo. Porque não é uma questão de algo ou de alguém, não é uma questão espiritual, nem de vinculo familiar. É você. E antes que se mostre ao mundo, precisa se conhecer.

Em outras palavras, agradeça pelas pessoas que não tem mais na sua vida porque elas, sim, te ensinaram coisas que precisará mais adiante.

Um exemplo bem prático: estar feliz é muito fácil, gritar ao mundo o que te faz feliz também; não deixa de ser uma forma de se auto afirmar, como quem diz “Olhem só, eu sou feliz agora. P.s: Vocês que acharam que eu não ia conseguir ou que não valia a pena tudo que eu fiz, mas eu estou feliz. Toma essa, invejosas!” (Mas, sério mesmo?!). As pessoas que você perdeu ou aquelas que você tanto quis e não teve, vão te mostrar que quem manda não é você. Às vezes, você vai se esforçar tanto, mas tanto, que vai se confundir entre o que você quer e o que você está tentando provar. Será que essa pessoa é mesmo quem você gostaria de ser? Será que vale a pena se tornar alguém que não mede esforços para prejudicar os outros contanto que consiga o que quer? Era assim que você se via adulto quando era criança? O engraçado é que mesmo com todo esse esforço, às vezes, você, simplesmente, não vai conseguir. E quando menos esperar, você terá passados anos buscando algo que nem sequer valeria a pena ser teu. A verdade é que um dia, sem mais nem menos, sem que tenha ouvido nenhum conselho, sem que tenha tido pesadelos, você vai, como que em um estalo, conseguir realmente si vê. E, olha, você pode não gostar…

Aí que entra a perspectiva. Que, pasmem, é uma ferradura.

Não há nenhum relato na história do por que a ferradura é tida por algumas culturas, e entre os mais supersticiosos, como amuleto da sorte. São inúmeros contos que vão desde o seu material de fabricação, o ferro, ser considerado um poderoso elemento contra o mal na Grécia antiga, como, mitos de guerras celestiais do bem contra o mau com a ferradura. Mas nada disso importa. O que realmente importa é o que você decide acreditar e quão forte é sua crença de que isso seja verdade. Se você for capaz de depositar todas as suas esperanças naquela ferradura e ela, por ventura, te decepcionar, você nunca mais depositará tanta fé em nada. O que você não vê é que ela é apenas uma ferradura, tal igual mais de um milhão que existem. Não dê poder de controle ao que não pode controlar. Sua vida não deve depender de algo, tampouco de alguém. No entanto, uma coisa é certa: enquanto um chora, o outro ri. Alguém, enquanto você vibra por ter conseguido aquele emprego, aquele marido, aquele prêmio, chora por não ter conquistado as mesmas coisas com o mesmo esforço que você fez para tê-las. Não é uma questão de fé, nem uma questão inteiramente de esforço. É sorte e nessas horas, você vai torcer pra ter um amuleto. Acontece que ele não é pra trazer-lhe sorte, e sim, perspectiva. A sorte é, para mim, a mais poderosa arma de destruição em massa, porque ela é tudo que você sonhou em ser a vida toda; completamente independente de qualquer acontecimento. Ela torna aquele dia que já não começou bem, pior ainda, e aquele dia muito bom, horrível. Coisas acontecem. E merdas acontecem. E, eventualmente, será com você. Assim como, alguém, já se tornou milionário por causa dela. Afinal, qual o esforço em ir em uma lotérica jogar? E qual merecimento de ganhar um prêmio não vindo do seu trabalho? Bom, é apenas sorte.

Levante a cabeça, não fique procurando respostas e a quem culpar. Você deve dar o máximo de si pra conseguir conquistar qualquer coisa, mas, saiba que ainda assim, pode não ser capaz de tê-la. É nessa hora que deve olhar pra si e se perguntar se está aonde gostaria de estar, é quem gostaria de ser, e se vai em frente pra conseguir o que quer. Mas não se esqueça de saber se você realmente quer isso. Não confunda os sonhos que você tinha acordado quando criança, com os que têm hoje em dia. Não deixe que seus medos imaturos lhe tirem o sono. Mantenha sua determinação, mantenha o fogo vivo em seus olhos, mas seja realista. Aquele namoro de colégio pode não virar casamento. Aquela família desajustada pode ser tudo que você vai ter, então pense bem antes de dar as costas pra ela. Não deixe que o tempo apenas passe pra você. Não queira se olhar no espelho vinte anos depois de tantas promessas feitas no quarto e vê que não conseguiu ser o que queria. Ninguém vai te esperar se recuperar, ninguém vai te esperar acordar. Pessoas competem umas contra as outras desde o momento que abrem os olhos. Não deixe que isso te desanime e nem tire sua fé em boas pessoas. Eu realmente espero que você tenha quem te perdoe quando se der conta de tudo que deixou para trás para perseguir algo ou alguém, quando a primeira pessoa que deveria perseguir, era você.

A vida não é feita de objetivos. Ela é completa por eles. A vida é um ponto de vista, a realidade pela qual queremos lutar e se pode ser vista de tantas formas diferentes, porque se limitar ao que sempre pensou ser certo?

Pense, pense, pense, pense. Fique exausto. Exploda sua mente, amordace seu coração, contenha suas pernas e recolha todos os pedaços de você. Quando puder se ver, do dilacerado jeito que ficou, vai conseguir pontuar por onde começar a se consertar. Isso é evoluir, sob minha perspectiva.

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