Dia desses, um amigo meu me confessou que seu namoro não estava lá essas coisas. Minha reação instintiva foi perguntar se ele já não a amava mais ou não a amava como antes. Ele disse que sim, o sentimento era mesmo, mas já não estava tão disposto.

E então eu entendi.

Temos mania de questionar o amor que a pessoa sente porque, lá no fundo, acreditamos que isso seja o suficiente. Acontece que em “o amor vence tudo” nem sempre está se referindo ao amor ao próximo. Aliás, há quem prefira se afastar quando sente que já não pode dar tudo de si naquela relação do que insistir e terminarem por se odiar. O que é justo. Por um lado, me esforço pra entender como você pode gostar de alguém e mesmo assim não a querer por perto. Isso me parece pior do que deixar de gostar. Isso me parece pior do que se decepcionar. Por outro lado, gostar não é o bastante, sei disso. Às vezes, nos apegamos àqueles momentos de alegria pra acreditar que compensem vivermos no caos e vamos empurrando com a barriga, torcendo pra que no dia seguinte as coisas melhorem como num passe de mágica, até porque, muitas vezes, não entendemos o que houve de errado. Ou melhor, como paramos de dar certo.

Sempre defendi que não vale a pena estar com alguém que não tenha certeza que quer estar contigo, mas e quando os papéis se inverterem? E se for você que não tenha certeza se quer estar naquela relação? Vai ouvir seu coração ou a razão? Pois é. É difícil se colocar no lugar do outro, se compadecer com suas dúvidas, inseguranças e medos. Quem escolhe o amor, a emoção, como caminho está simplesmente ignorando o outro lado da história, mas não pode exigir que o outro pense da mesma forma. Isso não mede o quanto se gosta, mas o quanto vale a pena para cada um. Não tem certo e errado. A verdade é que a gente não tem como saber como o outro se sente, a menos que passemos pelo o mesmo que ele.

Estamos todos interligados, precisamos uns dos outros – alguns mais de uns, outros menos. Então, seu esforço, muitas vezes, também precisa do esforço do outro. Você não pode carregar o mundo nas costas. Ninguém pode. É por isso que cada um de nós carrega um pouquinho – alguns mais e outros menos. E todo mundo está procurando com quem dividir esse peso, com quem tornar de alguma forma essa caminhada mais leve. Mas, no fundo, todo mundo sabe que vai ter que lidar com seu próprio fardo; por vezes arrastá-lo, por vezes escondê-lo. Mas nunca vai surgir alguém que o tire completamente de você. Aliás, se por acaso essa pessoa aparecer, você, definidamente, deve fugir dela; ela pode te fazer perder muito mais do que a cabeça e o coração.

No fim das contas, é tudo uma questão de disposição, e não amor. Você precisa estar disposto pra fazer dar certo, pra não se apegar ao passado, pra controlar sua insegurança, pra relevar as brigas, pra aprender com os próprios erros e para, sobretudo, desistir e perceber que, às vezes, seu coração precisa ter paz, e não ter alguém

2 respostas

  1. Eu simplesmente amooooo esses post’s , te fazem pensar, reavaliar algumas coisas e te faz mudar. Eu sou uma pessoa existencialista , então “pensar” sobre tudo, questionar, tentar ver sempre as coisas de um outro ângulo faz parte de mim. Fico boba quando vejo esses post’s que dizem muito. Amo ler, então obrigada por nos proporcionar palavras que juntas de uma certa forma te faz melhor , não melhor que ninguém, te faz melhor como pessoa. #AmoDePaixãoBenditaCuca ❤

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *