Quando eu era mais nova – e acredito que você também tenha passado por isso – eu, depois de muito negar pra mim mesma e até mesmo policiar os pensamentos que se direcionassem a essas perguntas, admiti que sentia um certo despeito quanto aquelas garotas que foram as escolhidas. Veja a seguinte situação pra refrescar a memória: você está ficando com um cara há um certo tempo e não vê absolutamente nenhuma razão pra que não se assumam. Pior, você já colocou ele na parede algumas vezes, e ele deu as mais variadas desculpas por estar se esgueirando de um compromisso. Você se satura depois de muito penar e termina. Pouco depois – se der sorte – ele aparece ficando sério com outra menina, você está convicta que não vai dar em nada justificando os motivos com sua lógica e que ela vai terminar como só mais uma iludida. Então, eles namoram.

Pois é, aí vem o “por que não eu?”.

Tentei fazer tudo conforme manda o figuro e tentar fazer o inverso. Tentei bancar a descolada, aquela garota que tem amigos homens e a mente aberta pra mostrar que eu, diferente das outras, não ia lhe encher o saco e tentei me passar de mocinha, daquela garota que só é conquistada no passo a passo. Tentei ser difícil e tentei não passar vontade. Tentei ser apenas amiga e tentei ser uma amante incansável. E, mesmo assim, nada deu certo.

Levei um bom tempo pra entender o porquê que, por mais que uma pessoa se mostre interessada, ela ainda assim tem que estar disposta. Ele podia até ter gostado de mim, ele podia até ter planejado assumir um compromisso, ele podia até querer isso mais do que eu, mas ele simplesmente não estava disposto o suficiente. Comigo. Frustrada, comecei a me culpar. Depois passei a competir mentalmente com a outra, me comparar a ela na esperança de encontrar pistas que justificassem sua escolha. E, por fim, eu tive que aceitar: nessa história eu não era protagonista.

Em toda história de amor há vários lados, e a gente tende a defender o nosso. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém. É preciso estar na mesma página. Tem gente que não vai valer a pena o esforço e tem gente que vai fazer o dobro por ti. É preciso que haja reciprocidade. Aprender a selecionar com quem se envolve, não dar tudo de si a quem só lhe dá metade. Muitas das relações das quais nos queixamos começaram do jeito errado: um na mão do outro, quando deviam ser de mãos dadas. É preciso saber a hora de parar de insistir e se retirar. Certas pessoas simplesmente não são as certas pra gente. E, principalmente, não temos culpa se elas decidem partir. A gente precisa ter ao lado quem também precisa da gente.

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *