No início, eu só vi o meu lado, não vou mentir. Só conseguia pensar no quanto eu havia sofrido, eu havia feito, eu havia perdoado, eu havia me arrependido. Tratei um relacionamentos inteiro a dois como uma parte de mim, algo feito para me satisfazer ou então para me provocar. Até que me dei conta de que não sabia o outro lado. Eu achava saber sobre o que ele pensava ou sentia, mas usava a minha própria lógica pra justificar suas falhas. E todas as vezes que me decepcionei ou me iludi foi por acreditar demais no que eu havia criado, e não no que acabara de ouvir.

Já nem conto nos dedos quantas vezes me chateei por não ter exatamente o cara que eu queria ao meu lado, por achar que todo meus conselhos eram para o seu bem, e não para o meu próprio bem. Para o meu próprio ego. Eu queria que ele fosse melhor, e não para ele mesmo, mas pra mim. Foi preciso um certo tempo passar pra eu conseguir, aos poucos, enxergar com clareza o tipo de relação que havia tido. Uma idealização. Um conto de fadas moderno. Onde o ego existe, o amor desiste.

Se uma pessoa tem que mudar uma porção de coisas pra ser alguém que você gostaria de estar, você simplesmente não gosta dela tanto assim. Esse é o problema: pessoas que acreditam que precisam de uma metade, alguém que se encaixe em tudo que desejam. Esse alguém, meu bem, simplesmente não existe. Aliás, é um tanto egoísta estar com alguém esperando que ela mude pra que seja alguém melhor pra você. No máximo, quando se ambos quiserem muito, vocês amadurecem juntos. A mudança, nesse caso, é consequência, e não um elo que une o casal.

É isso que o amor faz: te dá força, paciência e motivação. É transformador, mas não é milagre. Então, às vezes, você precisa deixar ir. O amor não é pra quem teme a solidão, e sim ama a liberdade. O amor não é pra quem almeja a perfeição, e sim enfrenta os desafios. O amor não é só dar certo, é também dar errado, dar a cara à tapa e dar a volta por cima. É tentativa, e não conclusão. O amor não é pra metades, é primeiro para um, é pra quem seja inteiro. E só assim, diante de tanta contradição, se faz eterno pelo tempo em que for recíproco.

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