tumblr_lf1yma5yTn1qbv4sdo1_500_largeVontade louca de fazer as pazes contigo e apagar essa merda de orgulho que me inflama o peito. Que raiva eu sinto de mim mesma agora! E de você e de tudo no mundo por não ser como poderia. Como eu queria. Dói e o pior dessa dor é que eu não quero suturá-la com ninguém. Quero deixa-la assim: aberta, exposta. Do jeitinho que ela é porque, por pior que seja, ainda é o mais próximo que eu me sinto de você. Vivo com minhas verdades entaladas na garganta. Eu queria um palco, um picadeiro, o mundo inteiro para expor minha alma mutilada.

Não lembro o que eu estava assistindo antes de selar meus olhos com tuas lembranças. Ou seriam criações minhas? Sei que estava tudo bem, tranquilo. E eu sentia aquela paz que me rompe o peito, que me descontrola a falar a cada pessoa que eu cruzo na rua que eu te encontrei, que você existe. Talvez, eu tenha mesmo inventado isso.

Acordei e você não estava ao meu lado, e nada estava bem. Me senti desamparada, aflita. Tentei me lembrar o que antes me mantinha esperançosa. Tentei me lembrar de onde eu tirava forças. Não consegui. Procurei por alguma mensagem tua e não tinha. Uma ligação recente que não existia. E toda rigidez que eu havia galgado, e todo sentimento que eu havia petrificado, eu vi se desfazer na minha frente. Bem na minha frente; na tela impassível do meu celular que só me alerta do tempo que não nos vemos. Das nossas fotos que tornaram-se velhas, da nossa música que nenhuma rádio ousa tocar mais. Guardo tudo. Sou dessas.

Venho escrevendo pra ti de partes em partes. A cada dia, uma nova história. Mas não importa o quanto eu escreva e quantos dias se passem até que elas cheguem ao fim, serão sempre minhas, e não, nossas.

Sabe, sempre que eu termino um relacionamento tem uma coisa que me inquieta muito. Não sei ao certo dizer o que é, e às vezes, penso que seja rejeição. Puro e claro sentimento de rejeição, de “menos um”, entende? Ou de “quando vai chegar a minha vez?”. Mas a verdade é que eu não consigo definir o que seja. Nem porque está lá, latente, dentro, ardendo. De uma forma difícil de compreender, de até mesmo se fazer sentir. Fico angustiada para mudar algumas coisas. Como um adeus.

Mas eu não sei o que tínhamos, não me sentia no direito de pedir ou cobrar nada a você. Não me sentia como alguém na sua vida. Eu gostava de ficar contigo, estar contigo, dormir contigo, mas ao mesmo tempo, o gostar não era suficiente pra mim. O tipo de relação que você me proporcionava não me saciava. Era muito pouco; não valia a pena. Por isso, as brigas, os choros, os términos e o fim. Inevitável, sabia? Eu sabia.

Agora comprimo no peito a saudade. Ela é traiçoeira, sei disso também. Só consigo me lembrar dos nossos bons momentos, da sua mania de lamber o lacre do iogurte como se fosse parte do prazer de comê-lo. Do seu irritante de azar de sempre, sem exceção, desatar o lençol luva da cama simplesmente por sentar nela, e como agora vendo-a impecável me desmorono em lágrimas a fim de preenche-la com teu vazio. Mas a melhor parte era seu cabelo de moicano involuntário de todas as manhãs que denotavam a rotina de nossas noites em claro.

Comprimo no peito a saudade. Ela é traiçoeira, sei disso. Por isso, me despeço da tua lembrança pela última vez. Me reprimo a dizer qualquer fato a teu respeito. Deixo a mercê do tempo a responsabilidade de lhe tirar da minha cabeça. Já aprendi que alguns “adeus” são mais longos que outros.

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