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Sempre achei que superar fosse uma questão de tempo. Um dia a mais, outro a menos, então passa. A paixão, a raiva, a aflição latente no peito, a angustia de assistir o próprio passado disparado como em um clique ao som daquela música, ao cheiro daquele perfume quando menos se espera. Tempo pra curar as feridas, pra desatar nós que já te enlaçaram o bastante antes de tornarem-se cegos. Tempo pra cicatrizar as feridas, selar as portas que ficaram entreabertas. Tempo de se reconstruir, reescrever a próprio história.

Venho trabalhando as expectativas bastante em mim. O que são as expectativas, afinal? E por que não conseguimos nos impedir de criá-las? Porque quase nunca quando estamos planejando um futuro hipotético percebemos que isso é também criar expectativas. Toda forma de planejamento tem a ilusão como base, é claro. Então, não há como parar algo que não sabemos que está acontecendo, não é? Entretanto, venho tentando não pensar muito (esse é o desafio que enfrento todos os dias porque sou absolutamente sonhadora), mas acho que quanto mais nos focamos em metas a curto prazo (digo, a curto prazo mesmo, como por exemplo, hoje) e nos perguntamos “o que posso fazer hoje pra me sentir melhor?”, não pensamos no amanhã, certo? Simplesmente porque não dá tempo.

Não se supera com o tempo, não se esquece da noite para o dia. É preciso esforço, não se dá por vencido, desafiar o impossível. Só eu sei quanto tempo durou o tempo em que estive só, quantos recomeços cabem dentro de mim, quantos perdões trago no peito. Só eu sei o quanto fortaleci a cada resistência; não conto com a sorte, eu colho o que planto. Vez ou outra, saio de casa sozinha, sento em um jardim, leio um livro e bebo uns copos, tento não pensar se estou aonde queria estar, se me sinto só, se sinto falta… se sinto. Tento não sentir e, pra alguém extremamente emocional como eu, não sentir é como calar meus monstros internos, que ficam irritadíssimos com isso, por sinal. Mas, nesses momentos, perdida num completo vazio de sentimentos, percebo que nada me importa tanto assim, que não preciso ter pressa e que, quando eu cavo fundo, eu estou bem. Estou realmente bem. Às vezes, a gente só precisa pensar que está bem que, aos poucos, o tempo faz com que o coração entenda o recado. O tempo já me tirou muito, mas não é páreo pra minha urgência de ser feliz. 

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