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Andei pensando se gostava mesmo dele, mas sempre tive uma dificuldade enorme de reconhecer sentimentos no ato, sabe? Às vezes, até acredito que eles não existam, mas quando sou confrontada com a perda, ou pior, com a simples ideia da perda, e sinto todo meu corpo estremecer e uma pontada fina me atingir o peito, é como se toda minha alma acordasse. Como se assim eu pudesse finalmente corresponder aos meus instintos, antes tão controlados e temidos.

Então, sendo bem franca, quando passamos a lutar por quem acreditamos amar, isso é reconhecimento de valor ou puramente posse? Ninguém gosta de se sentir rejeitado, fato. Várias vezes, já me vi fantasiando desvios de um possível término que nunca aconteceu. Pra ser honesta, nunca acertei sequer o contexto dos diálogos que ensaiei sozinha à fino trato em casa. O que eu me esquecia era de calcular o peso que tem a opinião outro alguém sob minhas decisões. Afinal, relacionamento é isso, não é? Por mais que pensemos conhecer alguém, nunca poderíamos, de fato, prever suas palavras e tampouco suas atitudes. Não que não façamos isso, francamente. Aliás, de tanto que fazemos, vivemos por nos decepcionar com grandes expectativas inalcançáveis e pequenos fracasso desmerecidos. Como eu poderia saber, então, se era gostar enquanto não havia o “perder”?

Não vou mentir que arrisquei uns argumentos que nada mais eram do que cutucões pra fazê-lo sentir algo. Não, minto. Pra fazê-lo demonstrar o que sentia. Muitas vezes, eu queria tanto que ele me desse motivos pra continuar ao seu lado – ignorando o fato de que ele não dava nenhuma razão para não estar – que desejava que mentisse. Acho que tenho a síndrome da princesa indefesa, sabe? Quero sentir que estão lutando por mim, que sou uma recompensa valiosa, que sou estimada, que sou disputada. Não sei bem porque, mas sinto que ao menor sinal de confronto, sou mais feliz assim. Passei a minha vida inteira achando que amor era isso; preto no branco. Procurando mensagens subliminares nas entrelinhas, alguma forma de conforto ou conflito. Algo. De tão insatisfeita que me sentia, permanecia inconformada. Nem eu sabia o que havia de errado, mas não desistia de encontrar a resposta.

Sinceramente, eu não quero passar a maior parte do meu dia fantasiando diálogos sobre nós dois quando deveria estar estudando ou trabalhando. Não quero buscar qualquer mínimo detalhe que seja para puxar assunto e me fazer presente em sua rotina. Não quero assistir filmes de ação com ele, quando posso ver comédias românticas sozinha. Não quero abrir mão de acordar tarde no domingo e passar o dia de camisola pra ir almoçar na casa de sua mãe, e passar o dia com uma família que nem é a minha. Não quero sonhar que estamos juntos e acordar desesperada por seu cheiro lhe mandando mensagens de madrugada. Não quero me fazer de difícil ao vê-lo, enquanto meu coração se desfaz por dentro.

Não quero sentir saudades só de pensar no tempo que ainda temos juntos até suportar mais uma semana inteira de distância. Não quero me importar com seus problemas, nem tentar driblar suas aflições e criar piadas ridículas pra lhe arrancar o riso. Eu não quero nada disso, é sério. Descobri que mesmo sozinha, estou completa, não sinto que me falte nada. Mas o que eu realmente quero é alguém que me faça sentir que toda concessão compensa, que cada desvio do caminho foi um mero atalho pra nos encontrarmos. Que toda história antes vivida foi puro aprendizado, que todo amor já distribuído foi só aquecimento. Que todas as paixões rasas, com ele, transbordem. Que toda dor exposta, com ele, se cure. Que toda mágoa guardada, com ele, se apague. Que tudo que eu jamais quis com ninguém, por ele, valha à pena.

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