Falando sério, o que eu senti por ele nunca senti por ninguém. E, sinceramente, acho que nunca mais vou sentir. E não porque ele foi o grande e insubstituível amor da minha vida, longe disso. Mas porque eu acho que a gente só deixa um sentimento nos possuir desse jeito uma vez. Foi torrencial e devastador, me atingiu como uma bala perdida de uma hora pra outra e, quando dei por mim, eu era dele. Pois é, dele. E não minha. Foi dramático e intenso, meu coração virou morada de bons sentimentos, eu emanava amor, radiava esperança. Eu era um vagalume cego pela paixão, desorientada e encantada. Foi também cruel, doeu como uma ferida exposta, uma espinha na garganta, me sentia constantemente a ponto de chorar. Ora de alegria, ora de dor.

Então, se é que você me entende, depois disso, a gente aprende a se proteger, talvez até mais do que antes. Ninguém quer viver essa paixão avassaladora dos filmes. Ninguém, em sã consciência, gosta de se sentir refém das atitudes de alguém. Ninguém merece a angústia de temer o que vai dizer, de se arrepender do que já disse. Ninguém merece conviver com dúvidas sobre si mesmo, incerto do é diante de tudo que já fez. Ninguém, com o juízo perfeito, prefere viver assim: na sombra da vida de alguém. Mais preocupado com o que ele faz, aonde vai e com quem conversa do que consigo mesmo.

Até certo ponto foi a melhor experiência da minha vida amar alguém assim e, logo em seguida, a pior. Trocar a sanidade por um punhado de saudade dá nisso: ladeira abaixo, vira uma bola de neve. Nada em excesso faz bem, nem mesmo amor. Às vezes, a gente justifica a vontade de insistir, de se apegar e a própria carência no amor que sentimos por alguém e pra sabermos o limite, até que ponto é saudável não desistirmos, temos que nos perguntar se isso não nos anula como pessoa, não nos causa danos internos (e às vezes, irreparáveis). É difícil fazer uma autoanálise desse tipo pra perceber que, em alguns casos, são 6 dias de briga pra um de paz. Em outros, a gente finge que não nota o alívio de um dia sem discutir, e até mesmo sem se falar.

Todo mundo tem problemas, então, é claro, que se unirmos duas pessoas teremos problemas em dobro. Isso é normal. Passar do ponto é tornar isso rotina, é achar que amor é perdoar os erros do outro mas não curar as próprias feridas, e principalmente, acreditar que todo relacionamento vai ser assim só porque você não se permitiu viver um diferente.

Honestamente, não quero e acho que não vou passar por isso de novo. Aprendi a remediar meu erros, pensar dez vezes antes de agir, não destilar veneno pra depois não me engasgar com minhas próprias palavras. Aprendi, sobretudo, a soltar. Não tenho e nunca terei posse de ninguém, se por acaso alguém não valoriza o suficiente a minha presença, então que vá. Hoje eu quero um amor tranquilo, que me faça bem e que venha na medida certa. Pode me chamar de boba, mas eu prefiro o bastante pra valer a pena para os dois e pra se ter de volta sem precisar pedir. Amor não pode ser isso que faz as pessoas perderem a cabeça, não pode ser tão complicado assim.

Quero estar com alguém que eu possa ser eu mesma sem medo de expor meus defeitos. Quero alguém que venha pra somar, e não tirar de mim boa parte dos meus sorrisos. Quero alguém que não me veja só como seu amor, mas como sua melhor escolha. Quero alguém que me dê paz e me ajude a pegar no sono com a consciência tranquila. Quero alguém que, definitivamente, não foi me faça sentir tão vulnerável. Um amor desse jeito só acontece uma vez pra que a gente aprenda que nada é melhor do que estar em paz.  A gente é que não deve desistir de encontrar um jeito de viver em harmonia com o próximo e em paz consigo mesmo. Por nenhum amor que não seja o próprio.

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