Senti uma angustia no peito um dia desses, não pensei muito sobre isso e passou. No entanto, no meio de uma conversa falei de você, qualquer coisa sem importância sobre algo que dissera sobre mim, então, essa aflição voltou acompanhada de uma pontada tão profunda que me deixou tonta. Era saudade, eu devia ter imaginado. Respirei fundo, contei até dez e engoli meu coração. Não era a primeira vez. Acho que você deve ter sentido algo parecido, mas escolheu vir atrás. Devia ser tua primeira vez, sei lá. Depois nós conversamos, depois decidimos nos encontrar, depois foi lindo. Você disse tudo que eu sempre quis ouvir. Você admitiu o que eu já havia desistido de saber. Mas isso aconteceu depois.

Eu precisava que você tivesse dito antes, feito mais, insistido um tanto. Antes. Eis uma verdade sobre mim: sempre tive medo dos meus sentimentos. Tive medo de assustar, de afastar por gostar demais. Eu não sei amar pelas beiradas, estou sempre apostando alto, pagando um preço maior ainda. Não sei como doar só um pedacinho de mim; eu sou tudo ou nada. Uma grande bagunça à peito aberto, um colapso nervoso de carinho e cuidado. Eu sou de quem eu puder amar por inteiro.

Então, eu percebi quanto do meu agora dependia do seu depois. Eu te esperei por tanto tempo… Depois eu desisti. Vê que ironia? Prefiro as relações que acontecem simultâneas, lado a lado. Algumas deram certo, outras não, mas tive a certeza que aconteceram quando tiveram que acontecer, tenham sido pra me ensinar ou me fazer arrepender. Essas foram as boas histórias que eu tive. Antes. O depois sempre dependeu inteiramente de mim, e assim sigo em frente. Recomeçando. Já é tarde demais pra ti.

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