tumblr_myxg7wmnes1swvd8io1_500Há aproximadamente três semanas resolvi fazer uma horta aqui em casa. A ideia parecia maravilhosa, afinal de contas eu teria alimentos naturais, temperos fresquinhos, além de achar um charme.

Analisada a ideia, era hora de pôr o plano em prática. Comprei todos os equipamentos necessários: terra adubada, sementes, enxada para tirar a grama do local e até uma ferramenta que me indicaram na loja, mas que até agora, confesso, não consegui encontrar serventia. Fiquei a tarde toda naquela função de tira a terra, insere a semente e coloca a terra de novo.

Até que finalmente estava tudo pronto, quer dizer, quase pronto, porque eu ainda teria que regar diariamente antes de sair para o trabalho – o que me tiraria uns quinze minutos de sono – e isso tudo antes mesmo de conseguir ver uma flor ou uma folha sequer para que me sentisse motivada a continuar. Eu deveria pressupor que estava tudo “ok” e continuar regando e regando.

Só que, passada uma semana de cuidados diários, comecei a questionar se aquela plantação de fato vingaria e a pensar em inúmeras causas para que não tivesse dado certo, como o cachorro ter cavado parte dela, a quantidade de exposição ao sol ou então que eu não tivesse feito direito, afinal de contas era a minha primeira vez. E pensando nisso tudo, acabei desanimando e deixando ela de lado. Agora eu regava dia sim, dia não e às vezes nem lembrava de dar uma olhada.

O tempo passou e eu estava decidida a iniciar uma nova empreitada, mas um fato ocorrido hoje pela manhã me deixou envergonhada: as primeiras folhas apareceram. Sim, elas estavam vivas o tempo todo, mas eu, na minha ignorância, não tive a paciência e a sabedoria suficientes para esperar.

Cresci numa época em que tudo começa e termina tão rápido que me pareceu que tinha algo de errado com aquilo. E aquilo era nada mais, nada menos do que a natureza. Nós somos a natureza, mas esquecemos que demoramos nove meses para nascer e mais alguns anos para nos tornarmos seres independentes.

Obviamente as couves-manteiga não surgem na prateleira do supermercado. Alguém teve que cuidar delas para que estivessem prontas. E nós, ou a maioria de nós, não sabemos mais cultivar as coisas. Não cultivamos mais relacionamentos, amizades, hobbies, paixões. Tudo começa e termina na mesma velocidade que uma atualização de status. E é por isso que hoje em dia temos muito menos pessoas realmente boas naquilo que fazem. Não temos paciência, não temos tempo, não temos vida.

A partir de agora sempre que eu me sentir ansiosa para terminar algo ou achar que certa coisa não está acontecendo na velocidade que eu julgo correta, vou me recordar disso e me lembrar que a minha noção de tempo está muito distorcida. Tudo leva o tempo certo que deve levar. Alguns tempos são mais lentos outros mais rápidos. Tudo na sua hora.

10547461_707411752665240_8324863708304669650_nCOLABORADORA

Ana da Silva é uma pessoa simples e igual a qualquer outra que você conheça. Nascida em uma metrópole está desfrutando, atualmente, das delícias e desgostos de viver no interior. Bancária, formanda em administração, agnóstica, mãe de um vira-lata e passageira da vida.  Facebook | Blog  | Página do Blog

 

3 respostas

  1. Achei legal a comparação com a horta,
    muito fofo mesmo. Somos parte de uma geração que quer tudo pra ontem,
    e quando não vemos um sinal de que tem alguma coisa acontecendo é que tem alguma coisa errada!
    Mas nem sempre é assim, né?
    Muito bom o texto! Amei!

    1. Aqui no site tem vários textos a respeito disso. Procura Crise dos vinte e tanto anos. Sério, sofro muito com ela. hahah
      Obrigadaaa pelas palavras! Espero que aqui se torne sua segunda casa. 🙂

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