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Tive notícias suas ontem. Não pedi por elas, mas tive quando menos esperava. Ironia do destino pra testar minha fé, aposto. Ontem aquela dor já cicatrizada me formigou por dentro numa pontada fina e profunda que subiu até o céu da boca, e eu contive um grito de socorro. Já tive vontade de perguntar por você, mas só de pensar que estava feliz sem mim, paralisava. Não era egoísmo, era medo de aceitar que você já tinha seguido em frente.

Já imaginei por horas a fio um reencontro nosso sem querer e decorei o diálogo que nunca tivemos. Já desejei que você precisasse de mim pra qualquer coisa, por menor que fosse, porque eu moveria o mundo pra realizar pra ti e, talvez, ganhasse você de volta pra mim. Já supliquei aos céus que colocasse outra pessoa na minha vida, e fui atendida, mas todas elas eu comparei a ti e, aos poucos, perdi a esperança. Ninguém chegou tão perto de mim quanto você, e nem ao menos sei porque permiti sua entrada.

Nunca magoei ninguém de propósito, assim como, diversas vezes, sei que não tinham a intenção de me ferir também. É que eu sempre senti demais, me doei demais. Não caibo em pessoas rasas; eu transbordo. Amor, pra mim, sempre foi uma questão de profundidade: cair ou não de cabeça. E eu caio, quebro a cara, me machuco, porém levanto, mesmo cambaleante. Ponho um pé depois do outro, ergo o peito e sigo em frente. Nem sempre consigo manter o equilíbrio, mas não desisto de tentar.

E até ontem, eu estava bem, eu juro. Encontrei o ritmo do meu caminhar, perdi a pressa, decidi andar a favor do tempo, e não esperar uma cura milagrosa. Mas ouvir sobre você, e o pior, perceber a forma como isso me afetou me deixou na dúvida se havia te superado. E, sinceramente, eu acho que não. No entanto, assim como você, eu fiz uma escolha. Dessa vez, por mim. Doeu, confesso. Ontem eu tive a sensação que estava perdendo a chance, e talvez última, de você. Mas entendi que nada entre nós havia mudado, o que me martirizava era apenas a esperança que eu cultivava por ti. Ontem eu morri um pouquinho por dentro porque andei engolindo meu próprio veneno. Dei poder ao meu coração de mandar em minha vida e me tornei refém do meu psicológico.

Tive notícias suas ontem, e a princípio, isso acabou comigo. Mas isso foi ontem. Hoje, não. E se amanhã doer, vou repetir “hoje, não. Hoje eu vou cuidar de mim.”

 

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