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Ela gostava dele. Simples e nada favorável. Mas a intensidade desse sentimento a fez muito bem, de verdade. Ela achava que não pudesse se sentir assim como se sequer fosse digna de um amor verdadeiro. Já nem contava nos dedos por quantas vezes dormiu de olhos marejados ao revisitar seu passado e as inúmeras tentativas falhas de se envolver, de se apaixonar. E com ele esteve mais perto do que com qualquer outro. Sabia disso porque lembrava o quão pouco interesse teve em conhecê-lo, e agora, quando lhe encarava por mais de 5 segundos rodopiava em devaneios dos dois daqui há 5 anos.

Dizem que se você algum dia já se apaixonou não tem dúvidas por quem foi, seu nome fica cravado no peito como uma cicatriz latente. Não dói depois que passa, mas também não se esquece. Quanto a ela, nunca teve mais do que tatuagens temporárias grudadas na pele na alusão de sentimentos inventados. Essa palpitação ao ouvir o nome de alguém, esse arrepio que vem de dentro, ela nunca havia sentido.

Mas quando nos descobrimos gostando de alguém e temos a coragem de admiti-lo, esse é só o primeiro passo. Não temos como saber se é recíproco e, até a mais racional das criaturas, teria uma visão tendenciosa sobre as atitudes do outro com base em suas próprias expectativas. Ou seja, nessa fase, sequer temos como distinguir o que realmente aconteceu do que queríamos que tivesse acontecido.

Ela, que sempre listou os prós e os contras de cada relação pra não perder minha sanidade, se viu enumerando as qualidades dele a fim de se convencer de que valia o risco. Logo ela, que lutava contra si mesma pra não se deixar levar pelo momento, quando estava com ele entregava as cartas, erguia uma bandeira branca. Só conseguia pensar na paz emanava ao seu lado e, naquele instante, derrotava seus monstros internos.

Ela decidiu que, dessa vez, não iria fugir. Não iria negar uma pulsação tão sincera nem que contava o tempo que ainda tinha com ele antes da próxima despedida. Se amor não é se sentir grata pela saudade mesmo estando ao lado, o que mais pode ser? O problema está em quando confundimos felicidade com garantia de tempo, eternidade. Você pode dar certo com alguém, sim, e se apaixonar perdidamente, mas nem todas as pessoas vieram pra permanecer em nossas vidas. Talvez, algumas só ficaram o tempo necessário pra que nos fizesse bem ou melhor para a próxima tentativa.

Ela gostava dele, mas gostava mais ainda de si e de quem havia se descoberto depois dele. Não ia esquecê-lo, e não porque ele foi o grande amor de sua vida, mas porque foi a porta de entrada pra que aprendesse sobre o amor. Principalmente, aquele que ela descobriu por si mesma ao perceber que se apaixonar não é o bicho de sete cabeças que dizem, mas de uma cabeça só: a dela. Ninguém, além dela, poderia saber o que seria melhor pra ela. Muito menos ele.

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