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Esses dias, assistindo o jornal, vi uma reportagem sobre a geração canguru e a geração nem-nem. Certo, na verdade, não cheguei bem a ver a reportagem porque é complicado que o segundo melhor jornal da tevê brasileira passe na hora do sono pós-almoço. O que eles esperam de nós? Já não basta o melhor jornal de todos os tempos passar quinze pras oito da manhã, horário que, obviamente, se você não está no trabalho/faculdade está dormindo porque é filho de Deus?! Enfim, a questão é que me chamou muita atenção porque, até então, só via fortes manifestações da Geração Y, aliás, falou em manifestação é com eles mesmos. Na teoria, claro. Na prática, ainda acredito que essa geração de jovens que querem mudar o mundo não faz isso pelos motivos certos. Pena que não é algo que as pessoas se importem, já que nada se distingue de quem só crer em deus quando precisa, de quem é solidário para comprar vaga no céu e de quem faz esperando algo em troca, mas me parece que as pessoas acreditam que os fins justificam os meios, coisa que eu discordo completamente.

A Geração Y se caracteriza por pessoas que buscam o melhor pra si, são independentes, tem pressa por conquistar seus objetivos, querem trabalhar com o que lhes dê prazer, estão interessados em construir um mundo melhor e tem entre 20 e 30 anos. Sinceramente, onde está esse povo? Não sei se consigo listar muitas pessoas que sejam assim, por isso que quando ouvi sobre essas outras duas gerações que também são compostas por jovens (sim, considero um jovem mancebo alguém de 30 anos) identifiquei a maioria das pessoas que eu conheço, o que me levou à considerar duas coisas: 1) por que me envolvo com gente assim? 2) por isso  esse povo não casa!

Infelizmente, a geração canguru não se trata de australianos que provavelmente seriam surfistas, gatos, sarados, bronzeados…Ok, voltando. Mas, sim, de criaturas que não saem da aba dos pais. Muito bonito, Brasil. Em sua maioria, homens de 25 à 34 anos que ainda tem o ínfimo pensamento de “por que vou morar só e ter despesas se tenho tudo de graça e quem faça por mim?”. O engraçado é que eles trabalham e, claro, gastam tudo em farra, viagens e sabe mais deus o quê, já que só pretendem abandonar o “lar, doce lar” quando casarem. A questão é: e um infeliz desse, casa? Por isso que eles tardam a sair dessa vida adolescente de embriaguez e desordem, já que estão “muito bem, obrigado” sem ninguém pra sustentar além do seu próprio vicio ou, talvez, um filho que também negligenciam. Um fator que agrava isso é o comportamento dos pais diante das expectativas de vida dos filhos. Por exemplo, se lhes passam a mão na cabeça para que morem com eles até que sejam quarentões, quando não, para que tenham uma família que também more com eles, e lhes amparam com frases do tipo “tudo bem, papai paga.” não tem como um dito-cujo desse procurar outra vida!

Na verdade, eu não acho que tudo seja culpa da criação, nem da sociedade, nem do governo. Certo, mais um pouco do governo, já que com seus milhões de “salários” para população mais necessitada, incentiva que continuem sendo exatamente esses necessitados. Por que trabalhar se já tem quem lhes sustente? Mas o bom mesmo é você ouvir que isso é uma obrigação do governo ou que quem ganha bem, a classe média alta, deveria também como um dever pagar a mais para “ajudar” quem não tem. Ah, tá. Trabalhei a minha vida toda como um burro de carga até chegar aonde sempre quis e agora que finalmente tenho dinheiro (sou rica, e daí?) vou contribuir para que aqueles com nenhuma perspectiva de vida não só tornem-se, mas permaneçam e perpetuem essa identidade “pidona”.  (Calma, não estou falando de mim no presente. Infelizmente.) Salve, salve o capitalismo! E que se se exploda toda essa hipocrisia de igualdade porque, no fundo, tanto não é isso que vocês querem que até pelos carros tentam se destacar. Anda no Camaro do pai porque esconde um Uno na garagem. Fato.

Agora que já agreguei odiadores ao meu fã clube, já posso voltar ao assunto principal: como consegui transformar um texto que trataria dos jovens como um todo em um apelo nas entrelinhas para que as mães não tornem suas casas da “mãe joana” e os pais não paguem tudo para os filhos (se estes já tiverem condições de se sustentar) para que esses infelizes que não querem nada com a vida e não levam ninguém à sério criem algum juízo! Muito desesperado? De fato, detesto pessoas conformadas, acomodadas, preguiçosas, que desistem antes de tentar ou jogam tudo para o alto no primeiro obstáculo. Então, sempre que tenho a oportunidade dou, sim, um tapa na cara dessas pessoas (no sentido figurado, infelizmente.) ainda que, claro, isso trate-se apenas da minha forma de enxergar o mundo e eu não possa impô-la à ninguém. Maldito livre arbítrio!

E se pensam que, como sempre, apenas dei um jeito de inverter o jogo e ridicularizar os homens que são estilo “Jurassic Pan na Balada” (programa da rádio Jovem Pan que só passa músicas antigas. Na balada porque, bom, é isso que eles fazem) estão muito enganados. Vou falar das mulheres também, ora mais! É, então, que apresento-lhes a Geração Nem-Nem: aqueles jovens, em sua maioria mulheres entre 15 e 29 anos que NEM estudam e NEM trabalham. Perdendo a fé na humanidade em 3, 2…1. Tudo bem, você não quer aceitar o fardo de que a culpa é exclusivamente sua, então, vamos lá, mais uma vez, falar do governo que estimula tal situação já que não dispõe de creches decentes, visto que, grande parte das mulheres nessa faixa etária e com esse tipo de atitude tem filhos e, muitas vezes, não tem com quem deixa-los para trabalhar ou retomar os estudos. Francamente, ainda não faz parte do senso comum que você tem que pensar duas vezes antes de ter um filho se não tiver condições de cria-lo ou que, como dizem, hoje em dia, só engravida quem quer. Salve exceções, claro. Não me odeiem.

Desculpa, Brasil, não sei ser imparcial. Nunca soube! Tenho fortes opiniões sobre a vida, os astros e tudo mais e o desejo de jogá-las na cara do mundo. Se antes, a primeira pergunta dita ao conhecer alguém, além do nome, era a idade pra ver se se encaixavam em seu padrão, hoje, a primeira pergunta é “Faz o quê da vida?” para ver se se encaixam na sociedade e tem qualquer perspectiva. Em seguida, a idade pra ver se, claro, estão sequer fazendo isso no tempo certo. Muita expectativa em cima de um desconhecido? Sim, mas se não pela expectativa pelo o que mais despertar interesse em alguém? O carro? O apartamento à beira-mar? Dispenso.

Perspectiva é tudo! É também o que falta nessas gerações e em tantas outras que ainda serão inventadas a fim de justificar o descaso do governo, a demasiada proteção dos pais e o fato de que, venhamos e convenhamos, a vida está mais fácil, sim. Claro que ver as coisas por esse ponto de vista exige, acima de tudo, grande força de vontade. Reclamar é muito fácil, acomodar-me mais ainda. Adorável zona de conforto que lhe dá essa falsa sensação de paz. Para mim, para se encontrar você tem que ir até o fundo do poço. Você tem que se por à prova, você tem que se dilacerar pelas suas conquistas, você tem que dar o seu sangue para suas vitórias e você tem que, eventualmente, ter seu mundo de cabeça para baixo para que isso lhe ensine também a reconsiderar as alternativas. Algumas pessoas não sabem da sorte que tem, outras, não tiveram sorte alguma porque não sabem como acreditar nela, então, elas batalham. Algumas pessoas esperam sentadas que o mundo gire ao seu redor, o universo conspire a seu favor e seus pais lhe deixem uma gorda herança ou sejam aprovadas mais trinta tipos de bolsas do governo para que, enfim, possam ganhar para não fazer nada e tenham isso como direito. Outras, vão à luta. É simples: duas mãos trabalhando, valem mais do que milhares rezando.

Eu não sei quanto à vocês, mas diante de tantas gerações de adultos de sorrisos plásticos, bolsos cheios e mentes vazias, apenas torço para que todos os estereótipos sejam trocados  por consciência que, honestamente, está mais em falta do que uma boa educação.

 

Agora, formem suas opiniões:

http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/geracao-nem-nem-quase-10-milhoes-de-jovens/
(Eu sei, nem Veja, nem leia, mas abre essa exceção, vai.)

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/11/29/ibge-na-geracao-canguru-mais-jovens-de-ate-34-anos-moram-com-os-pais.html

http://exame.abril.com.br/topicos/geracao-y

Uma resposta

  1. Sah meu amor, vc esquece que vivemos num país onde os filhos quando começam a trabalhar ajudam em casa, pagam contas, muitas das vezes tornam a vida da família mais confortável. O mesmo país onde o valor dos imóveis e aluguéis cresceu várias vezes acima da inflação, onde todo mundo é classe média C, ou seja todo mundo é pobre.

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