Quero começar dizendo que fiquei chocada e agradecida com a repercussão do meu artigo sobre o Fortal. Primeiro porque prova estatisticamente que você também não presta, afinal, eu vi seus compartilhamentos. Aceite. E segundo porque eu simplesmente não estou pronta pra isso. Sério! Ao mesmo tempo que foi fantástico ser parada no bloco por várias pessoas que eu nem conheço, foi aterrorizante. Quer dizer, sendo franca: marido? Adeus. Reputação? Adeus. E minha dignidade foi a primeira a correr atrás do bloco na quinta. Nem conta. Ou seja, se eu ficar famosa vou ser tipo a Britney Spears na fase porra louca. Ou, sei lá, o Silvio Santos caduco. NÃO QUERO. NÃO POSSO. EU QUERO CASAR, DEUS! Contudo, ninguém tem sequer o direito de apontar o dedo pra alguém, principalmente, no Fortal. Não é justo. É como uma pessoa que não bebe; tenho FOBIA à gente que não bebe. É óbvio que ela tem dupla personalidade, é óbvio que mal se conhece. Como você vai saber quem é de verdade se não puder ser todos os seus lados? Claro que a bebida te deixa mais intenso, mais dramático também, mas faz parte da vida. Na verdade, daria uma ótima história de superação viver essa fase, curtir e sair ileso. Sério mesmo. Essa vida é muito longa pra você querer superá-la sóbrio. Simplesmente, não vale a pena. E a gente está na flor da idade, essa é a única época de todas em que podemos fazer tudo. De verdade. Não há mais aquela cobrança provinciana de não estar na boca do povo, de ser “direito”. E daqui a pouco vem milhões de responsabilidades, pressa de ser bem sucedido, corrida pelo dinheiro, eu, você, dois filhos e um cachorro. E aí a gente morre. É praticamente isso e, não, o que dizem na bíblia. Ou na Veja. Pelo menos, assim te resta história pra contar. Então, sente-se confortável, pegue uma cerveja, dê o play e aproveite o flashback.

Tudo começou há um tempo atrás na ilha do soool na quinta feira quando eu caí na tentação de ir. Um conselho? Não vá no primeiro dia porque você vai acordar na sexta embriagada, com as canelas imundas de lama, pelo menos umas 3 unhas a menos (com sorte todas da mão), e o torrencial desejo de que tenha havido uma amnésia coletiva e as pessoas simplesmente não saibam todas as coisas que você disse. Sem falar da ressaca ministrada pelo capiroto e a dúvida se você corria atrás do trio ou, simplesmente, rolava embaixo dele. Você malha um ano e, ainda assim, não consegue ter as pernas tão grossas como em um dia de micareta. Campanha: Bell para personal trainer já! E o pior: vai querer de novo porque mesmo não lembrando de nada, tem certeza que foi bom.

É desse jeito: primeiro dia é pra matar ou morrer. Você tem, pelo menos, três confianças 1) não vai ficar com seu ex, 2) não vai passar do ponto no corredor da folia, 3) não vai se perder. Mas, minha amiga, vamos falar sério? Você não só vai ficar com seu ex, como vai surtar se o vir com qualquer garota, vai tremer as pernas quando o vir feliz, vai pôr o pé pra ele cair, vai arranjar motivos pra uma DR, quando não, vai chorar. E outra: vai se atracar até com um pé de árvore. Na frente de todo mundo. Fato. Quanto ao corredor, só vai te faltar uma camisa de força porque você já vai se tacar nas paredes com maestria, vai ignorar todas as pessoas do camarote, vai odiar o pessoal das cordinhas por simplesmente estarem no meio e vai dar mole pros ambulantes te fazerem a cerveja mais barata. E a única forma de não se perder é simplesmente não estando com ninguém. Ou com todo mundo. Então, supere.

A sorte – ou infelicidade para uma nação – foi que esse ano foi como um encontrão do mIRC. Estavam apenas todas as pessoas conhecidas, inimigas, desprovidas e metidas. TODO MUNDO. Com certeza verificaram teus comprovantes de residência na compra do abadá; só entrava se fosse de Fortaleza. Os únicos turistas que eu vi foram os baianos cambistas. Saudades, Copa. Saudades, gringos. Saudades do sotaque de Telecurso 2000 aportuguesado. Ou seja, a frase mais ouvida foi “figurinha repetida não completa álbum, mas a gente cola por cima.” Fato. Tinha gente que eu vi tanto, mas tanto, que se eu cruzar na rua eu dou na cara dela. Apenas não aguento mais.

A novidade foi que esse ano com a maldita propagação dos grupos do Whatsapp fizeram um vídeo meu no meio do corredor. Valeu, galera! Tudo que eu sempre quis foi ter registrado e divulgado meu estado no Fortal. Não, porque você só pode mesmo ser um Deus do Olimpo imaculado e alheio à todas as putarias pra se achar no direito de gravar a vida dos outros. Mas só quero dizer que isso não é vantagem! Eu prefiro mil vezes estar trocando as pernas no corredor com um sorrisão no rosto, do que trocando farpas pela internet com recalque no peito. Bater foto e fazer filmagem é a efetivação da tua reserva no inferno. Porque, vamos combinar? Todo mundo que diz coisas do tipo “Fortal que nada” e fica fingindo que está gostando de fazer sei lá o quê ao invés de estar na micareta, é recalcado. Não tem pra onde correr. Se você estivesse tão satisfeito assim, nem sequer se lembraria que existe Fortal. E não é o que acontece: você quer provar que está melhor do que os outros. Mas não está. Hum-hum. Não tem perigo, meu bem. FORTAL É BOM DEMAIS! Só isso.

Teve gente que se fingiu de morta no meio do bloco, teve gente que fez xixi nas calças, teve gente que subiu nas árvores, teve gente virou bissexual, tiveram namorados brigando, tiveram mulheres brigando também. Teve unha do pé caída, teve gente escalando pra dar um beijo nos camarotes, tiveram malditas fotos também. Teve vinho São Braz dado como água, teve latinha de cerveja na cabeça, teve Veveta com modelito do Beco da Poeira também. (Veja aqui) Teve pegação, zoeira, balburdia, algazarra. Teve senhores de idade com invejável autoestima. Tiveram homens que simplesmente esqueceram de crescer. Teve de tudo. Isso é vida e glória.

Na sexta feira, o nome do filme foi O chamado; o que eu vi de gente rastejando no chão não é brincadeira! Dando a vida por um beijo na boca. E o que tinha de mulher chorando parecia uma orquestra sinfônica. Eu bem que tentei pensar em algo bem triste só pra cumprir tabela do choro, mas não deu. O jeito foi me entregar aos pulos e aos berros. Resultado este que me rendeu um pé machucado. Não sei exatamente o que aconteceu com ele, mas por via das dúvidas, fica a dica: se você calça 37, não use uma sapatilha 35 por 4 dias; risco de se tornar uma espécie de cadeirudo dançado kuduro: andando e tropeçando, tropeçando e andando, ançando e tropando, tropeando e andacendo; daquele jeito. Outro fator memorável foi que dessa vez eu não levei dinheiro. Mas eu não deixei de procurar no chão, né? Se eu não perdi esse ano, alguém perdeu. E tenho quase certeza que me tornei uma delinquente e roubei cervejas porque é a única explicação que vejo pra não ter ficado sóbria. Pra variar, terminei mais uma vez pedindo dois reais pra comprar um cachorro quente na saída e implorando aos céus que aparecesse uma boa alma de carro pra me deixar em casa.

Devido a minha franja curta e a incapacidade dela de se manter no lugar, eu simplesmente desisti do meu cabelo e passei a joga-lo pra todos os lados. Porque assim, eu não ia conseguir ficar ajeitada, então se era pra ser feia que fosse ao extremo. Detesto meios termos. E posso falar? Não fez a menor diferença eu estar igual a Joelma do Calypso ou dançando completamente fora do ritmo no meu melhor jeito não-sexy. É isso que eu mais amo no Fortal. Nada faz diferença, nada é nada e tudo é nada. Você apenas vive e é feliz. Acabou.

Sábado eu detestei. Não consegui ficar bêbada e olhe que eu me esforcei muito. Também não consegui curtir o trio e olhe que eu corri de um lado pro outro o tempo inteiro. Também não consegui carona de volta pra casa e olhe que até pro taxista eu pedi que inteirasse minha corrida. Mas a questão toda foi que eu não fiquei bêbada e nada aconteceu. Simples. ODEIO VIVER! Tchau!

Mas domingo veio pra superar, entreter, animar. Domingo, seu lindo! E o nome do filme dessa vez foi Jogos Vorazes. Só os fortes sobrevivem. Você tem que ter muito sangue no olho, band-aid nos pés e foco na cabeça. É vai ou racha: se não ficou ainda com quem queria, cace. Se não tentou subir no trio do Bell e quase foi expulso, tente. Se não fugiu para os outros blocos e despistou os seguranças, corra. Faça tudo que puder fazer porque não tem mais jeito, é a despedida. Quando acabou o bloco do Siriguella fiquei enlouquecida pra entrar no Safadão só pra não ir embora. Sou dessas. Mesmo ciente de que era jogar o abadá pra cima e vê-lo cair engomado: só tinha empregada. (Oi, Lucifer, como vai meu lounge vip no inferno?) Assim sendo, tentei de todas as formas negociar com pessoas, cambistas, árvores e postes por uma camisa. Nem os ambulantes escaparam das minha irresistível proposta de pagar 20tão na sua camisa e comprar tudo que tivesse no seu isopor com um amigo meu. De algum jeito, a gente ia entrar! Mas acabei desistindo e fui obrigada a ir pra casa.

De tudo me restaram quatro coisas: 1) a saudade desses quatro dias que as pessoas não te julgam (ou deveriam não julgar) e você pode ser tudo que quiser, inclusive, o cão, 2) o desejo de que esse tenha sido meu último ano e em 2015 eu esteja casada, rica, magra e siliconada, 3) a certeza de que eu estou mentindo, e a gente se vê lá ano que vem e 4) a vontade que vocês não tenham lido até o final e eu ainda tenha credibilidade na pista.

ATUALIZAÇÃO: Esse ano, eu fiz um vídeo! VENHAM VER:

Se inscreva porque vai ter vídeo de pós-fortal! 🙂

5 respostas

  1. Gostei demaaaaaiiiiis!!!! E fui uma das que compartilhei o primeiro texto, assim como compartilharei esse.
    Só não gostei do preconceito com bloco de safadão. Foi o melhor que já fui, inclusive o mais caro doo forta, muitos gringos soltos por lá… Mas a meninada reinou!

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