Eu sou muito curiosa sobre os tipos de pessoas que leem meu blog e ultimamente venho me surpreendendo em encontrar o BC como indicação de outros sites que tratam sobre relacionamentos. Quer dizer, sério mesmo? Tem pessoas lendo e seguindo meus conselhos? Pelos meus cálculos só me faltam mais dois milagres para ser santificada. Me aguardem.

A questão é: todo mundo tem uma história que deveria ser de amor, mas que, na verdade, se trata em grande parte de uma série de ilusões e expectativas sobre aquela pessoa que conheceu na fila do pão e que por gostar das mesmas esquisitices que você, foi apelidada de “amor da sua vida”. E o mais importante, todo mundo acha que sua história é única. Certo, eventualmente, a gente escuta algumas coisas que reza a Deus e todos os santos que não passe de um caso isolado de completa obsessão em ter alguém que julga ser seu. Pior do que contos de terror e casos de exorcismo é um apaixonado-cego-compulsivo-obsessivo tentando justificar sua lógica em atitudes insanas. Isso, sim, é de dar medo! Imagina só ter seu pé puxado à noite por alguém que, simplesmente, não aceita não ser mais aquele que divide a cama com você! Credo. Mais desesperador do que ver “gente morta o tempo todo” é ver seu ex-namorado/noivo/marido/carma/encosto quando menos se espera na falsa inocência de que não estava te perseguindo. Nessas horas, é desejável um baralho para jogar cartas no poço da Samara do que suportar a incapacidade de findar uma relação (ou, talvez, a nunca existência dessa relação) que algumas pessoas insistem em ter como foco na vida. Confundiu? Bom, estamos no caminho certo, afinal, se apaixonar é isso.

Pensando nisso e usando casos contados por meus leitores como inspiração (francamente, estou cansada de pensar em tudo sozinha. Ser gênio, cansa, sim.) dou início a mais uma coluna de amor, ódio e pouquinho de sacanagem: Maldita Sorte.

É bem simples: você nos envia sua história, eu leio, reviso, publico e opino com sua autorização, obviamente. Afinal, não quero ser processada por quaisquer danos mentais ou físicos à vida de meus queridos leitores. E, com muita sorte, pode ser que você encontre a luz no fim do túnel ou o acalento pra sua alma penosa e seu coração dilacerado. Mas também pode ser que não e apenas ajude outras pessoas a não cometerem os mesmos erros que você. Ou a rirem da sua cara. Ou os dois.

Hoje, começaremos com a história de B., publicitário, 19 anos, um jovem mancebo na flor da idade que poderia estar fazendo as maiores loucuras da sua vida e ainda assim ter tempo de sobra para se arrepender e voltar atrás, mas que como ele mesmo se define “tem o dedo pobre para mulher” ou seja, uma maldita sorte!

“Eu vi pela primeira vez a R. em setembro de 2012 em uma festa no interior. Pensei “Pô, que linda!” e fui atrás no outro dia, mas ela já tinha ido embora porque mora em Fortaleza e eu em São Luís. Mandei várias solicitações de amizades no facebook e nada, então, a prima dela me passou o seu número e começamos a conversar.  Por volta de janeiro, trocamos whatsapp e nos falávamos sempre, ficando íntimos, nos apegando, até que um dia ela percebeu que devíamos namorar e propôs. Eu já sentia que gostava dela por isso aceitei, mesmo sem nunca tê-la conhecido pessoalmente. Oficializamos em junho de 2013 e nos falávamos todos os dias, eu confiava nela, sabia para onde saía; ela nunca foi farrista e isso me tranquilizava. Já tive a experiência de ser traído em outro namoro à distância e por isso, dessa vez, pretendia fazer as coisas diferentes. Em julho, eu viajaria para vê-la, mas adoeci pouco tempo antes e tive que cancelar. Ela, então, me disse que sairia em uma certa tarde para ir a um aniversário, mas depois descobri que, na verdade, tinha ido a uma festa no interior e voltado sozinha com outro garoto. Como são as coisas no interior me disseram que eles tinham ficado. O pior é que essa festa é a que havíamos combinado de ir juntos e mesmo sem que eu pudesse ir e sem que sequer me avisasse, ela foi. Assim que melhorei um pouco, viajei para vê-la e perguntei-a sobre o que fez, obviamente, ela negou. E muito. Depois disso nós só brigávamos e cada vez mais histórias apareciam sobre o que realmente tinha acontecido no interior. Terminamos várias vezes, mas eu sempre pensei “Se a amo, por que não posso ir atrás?”. Foi quando comecei a ser chamado de louco, de ouvir que estava ameaçando-a e de pessoas próximas que eu nós nunca daríamos certo porque eu não tinha nada para oferecer a ela. Eu não desisti e fui até o trabalho dela lhe fazer uma surpresa, pedi que conversasse comigo, ela me disse que chamaria a polícia, mas eu não sou bandido, só estava fazendo isso por amor. Então, esperei-a na saída do trabalho; ela me ignorava, não me respondia. Fiquei muito mal, eu só queria mais uma chance. Pedi a uma amiga dela que me ajudasse, falasse com ela que eu queria conversar. A amiga me disse que ela não queria papo comigo, que eu tinha causado muito mal a ela e a família dela e, a pior parte, que ela estava com outro. Mas não aceito minha derrota, eu mandei mensagem pra ela que quero cumprir; vou espera-la, sei que tenho todos os motivos pra odiar, ter raiva, mas eu sinto muito por ela ainda. Tem muitos planos, sonhos, vivos em mim, vontade de viver mais com ela, e mesmo ela tendo me trocado, eu vou espera-la, nem que seja no meu último dia de vida para apenas pra segurar na mão, tocar o rosto, e dizer que a amo e sempre amei ela.”

 

Querido B.,

Bom, em primeiro lugar, eu quero dizer que essa história é comum e bizarra ao mesmo tempo. Comum porque, fala sério, todo mundo é corno! Já dizia o falecido e sábio profeta Reginaldo Rossi, que a Santa Mãe da Agua Ardente o tenha. Ou seja, quem não foi, um dia vai ser. Fim de papo. O problema é quando você já foi e cai outra vez no conto do vigário! Principalmente nesse caso de namoro à distância é bastante complicado que haja maturidade em ambas as partes para leva-lo à sério. Francamente, maturidade é a grandeza mais bem distribuída do universo: todo mundo pensa que tem o suficiente até que alguns anos passam e você se arrepende do quanto foi infantil. Essa é uma outra verdade sobre a vida que talvez ninguém lhe diga, querido B. Então, em outras palavras, quem procura, acha! Corno, nada mais é do que um rapaz curioso que ao invés de aceitar caladinho que a mulher foi à um aniversário sem sequer duvidar da sua palavra ou lhe questionar com quem, vai atrás de perguntar a todos o que houve e dá credibilidade a toda criatura que se diverte em passar a vida coletando informações dos outros. De certa forma, tem gente que merece ser corna. Mas, é claro, não estou dizendo que sejam todos os casos. Quando uma relação é, de fato, sólida e estável e, mais importante, as pessoas tem convivência e bastante tempo de relacionamento, o traidor se torna o Burro do casal porque, afinal, só sendo mesmo muito estúpido para trair alguém que vê futuro por uma diversão de uma noite só. O que, francamente, também não é seu caso. Inclusive, porque ninguém com 19 anos pode se atrever a ter uma perspectiva como essa! Bizarra porque toda sua história pode ser vista por dois pontos de vista distintos:

1)       Garoto apaixonado pela ideologia da garota perfeita e que acha que nunca mais vai ter outro amor na vida. Amor adolescente, infantil, que aceita, se arrepende, chora, grita e faz manha. Algo como o primeiro amor na vida de alguém, aquele que você pensa que ninguém nunca vai substituir e depois descobre o quanto fazia tempestade em um copo d’água e como poderia ter começado a beber bem mais cedo.

2)       Garoto com sérios problemas de carência que fica obcecado por uma garota e começa a persegui-la porque acha que ela é o amor da sua vida. Amor perigoso. Quase psicopata. Basicamente, liderado por um ciúme doentio. Nesse caso, se a pessoa não se ponderar e perceber que isso afasta as outras pessoas dela ou que, talvez, não custasse nada ela fazer um tratamentozinho sequer, ela vai repetir as ações e os arrependimentos em todos seus relacionamentos.

Sinceramente, quero muito acreditar que sua história não passa de um capítulo da Malhação em que adolescentes se sacaneiam, se traem, “furam-olho” uns do outros e, ainda assim, acreditam que isso é amor. Até porque sendo isso mesmo, tudo que você tem que fazer é esperar até que outra garota roube a cena da sua vida. Ou, não sei, podia também arranjar um hobby pra manter a cabeça ocupada. Sua mãe sabe que você passa tanto tempo assim na internet? Dois namoros à distância…eu, hein! Essa é a tecnologia servindo pra destruir lares. Enfim, nesse caso, você pensa que vai espera-la ou pensa que ela é quem você mais amou, até que ame alguém muito mais que ela. Em consideração a ti, vou desejar que daqui há alguns anos você olhe fotos dela e se depare com uma garota incrivelmente gorda, acabada e com três filhos pra criar e nenhuma formação na vida e pense “Que sorte eu tive de me livrar dessa baranga!”. Por outro lado, tenho uma sincera preocupação de que você seja psicopata. Quer dizer, você parece ser um doce de garoto, mas nem tudo que a gente faz “por amor” é realmente por amor. Pense nisso. Sim, se as pessoas te ameaçam chamar a polícia NÃO É NORMAL. É porque elas estão com medo, VOCÊ as deixou com medo e se não é capaz de ver isso, então, eu também vou chamar a policia pra ti! A questão é: se reavalie, olhe para você e para suas atitudes. Tente ler o texto que me mandou em voz alta e não sinta pena de si mesmo, simplesmente, leia como alguém que nunca ouviu sua história. Só assim você vai entender o que eu quero dizer, dá realmente medo. Por que ficou esperando ela fora do trabalho? Por acaso portava uma faca? Às vezes, quando mulheres dizem que você deve se afastar, você DEVE se afastar. Nenhum tipo de obsessão é normal e tampouco saudável, nenhum “amor” que supera a barreira de te fazer inteiramente bem e se torna um emaranhado de lembranças turvas de poucos momentos de felicidade pode ser considerado algo para a vida toda. Eu sei, posso ter dito muito do que você não queria ouvir, mas alguém tem que te dar um tapa na cara. Você é novo e ainda vai sofrer muito pela frente. Viver é bom.

Beijos.

 

Quer nos contar sua história? Acha que tem algo interessante o suficiente pra me tirar do tédio? Bom, nesse caso, espero ansiosa a sua participação: contato@benditacuca.com.br.

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