Sobre o amor da sua vida. Sobre aquele dia que você saiu de casa sem a menor pretensão de se envolver, sem o menor interesse de ter uma história, e foi apresentada a alguém que mudou tudo. Talvez tenha sido alguém que há muito já lhe conhecia, mas não tinham intimidade. Ou talvez alguém que acidentalmente bateu na traseira do seu carro naquela manhã de domingo e tiveram que manter contato. Talvez alguém que você tenha estudado a vida inteira, e que sentava-se atrás de ti por isso não o via. Ou talvez alguém que esbarrou em você na porta do banco e te deixou furiosa. Talvez o seu melhor amigo. A questão é: esse alguém estava prestes a mudar a sua vida e você não sabia.

A verdade é que você está, em qualquer circunstância, completamente sujeita a encontrar esse alguém. Pode ser em uma das situações que eu citei ou em muitas outras ainda mais inusitadas, improváveis. A história de “lugar certo” é utopia. Não existe certo pra acontecer; nem lugar, nem hora. Logo, também não existe isso de destino. Imagine-se andando na rua com milhares de pessoas vindo na direção oposta. Baixas, altas, de terno, com pressa, desatentas, se arrastando, falando sozinhas, brigando ao telefone; dentre elas, tem alguém – às vezes, mais de um – que vai mudar a sua vida, que vai dar sentido aos seus dias vazios, que vai trazer saudade, que vai moldar seus planos ao dele. Se ele sorrir, você vai sorrir de volta? Se parar e pedir seu número, você vai dar? Infelizmente, você não tem como saber quem é o tal. Ou seja, você vai deixar que isso aconteça?

Mas, sabe, eu não estou aqui pra falar disso. Essa pessoa que você talvez nem conheça e que poderia virar seu mundo de cabeça pra baixo não é o meu foco. Porque, sinceramente, existem milhares delas por aí. Como eu disse, esse é um texto sobre o amor da sua vida. E esse amor é outro alguém por quem você se apaixonou, por quem você já fez juras e desfez seus enganos. Aquela pessoa que você escolheu racionalmente pra chamar de sua. Mas “sua” de fato só mesmo a consciência de nunca tê-la para si. E na continua insistência do controle fez da posse seu sobrenome. Contudo, tem uma coisa que ninguém lhe diz: condicionamento de conduta não é amor. Se alguém está com você porque deve, porque sente-se na obrigação, ou até mesmo porque teme sua reação diante de uma traição ou término, simplesmente não está com você.

Pra que fique claro, em qualquer lugar você pode encontrar alguém que vai mudar a sua vida, mas você nunca vai saber se não der a oportunidade. E por que você daria se já tem quem lhe acrescente? Por que você se arriscaria a perder quem melhor te completa? Amor à primeira vista não existe. Você não se apaixona por quem não quiser, a verdade é essa. A partir do momento que você fica uma, duas, dez vezes, você se submete à tentação da paixão. Porque paixão é isso; tentadora, impulsiva, vibrante. É a paixão que te torna cega, não o amor. Ou seja, se envolver emocionalmente com alguém é se deixar fazê-lo. Se você já estiver em uma relação bem estruturada, por que se deixaria abalar por outra pessoa? Mas se, por acaso, os teus sentimentos se confundem por alguém, então, a resposta é ainda mais clara: você não está com quem gostaria. Veja bem, o nome disso é compromisso e, não, fidelidade. Se você puder entender que a tua segurança emocional, tua confiança no parceiro, vem do compromisso dele com você, não vai se martirizar com premissa de ser fiel. Isso não quer dizer que eu esteja defendendo a traição, de forma alguma. Na verdade, o que eu estou condenando é o ciúmes.

Estar com alguém que queira estar com você, e que saiba os verdadeiros motivos pelos quais deve te respeitar e aceitar seus interesses é a clara e simples confiança. É natural, é honesto. Você não deveria ter que reprimi-lo, policia-lo, vigia-lo e, principalmente, ameaça-lo pra se sentir única. Se isso acontece, bom, de duas, uma: 1) ele está sendo “adestrado” a ficar com você, o que te faz uma condição e, não, uma escolha, 2) você tem que rever seus valores.

Uma coisa é certa: ciúmes só faz mal a quem sente. Você tem que se trabalhar, se desprender do que não puder controlar. Não somos donos de ninguém, não podemos ser. Seja a escolha dele, seja a que domina seus pensamentos, a que instiga a melhorar suas falhas. Não se submeta a exigência de ser a titular, a única. Seja porque é. Valorize o compromisso que for recíproco e a segurança que for amadurecida. E entenda que o ciumes não é real, não existe. Ninguém merece estar com quem precisa a todo custo provar seu valor.

Esse é um texto sobre oportunidades. Sobre o amor da sua vida. E sobre quem você escolheu dá-las.

2 respostas

  1. Seu blog é maravilhoso. Eu estava cansada de encontrar blogs com textos meia boca de pseudo escritores que escrevem no estilo Tumblr. Por favor, não pare de escrever. Aqui é o único lugar onde eu consigo me encontrar <3

    Ps. Sou de Fortaleza e amo seus textos sobre o Fortal, hahahahhaha.

    1. Poxa, muito obrigada! Fico muito feliz mesmo! Escrever é tudo que eu sou e ser lida minha maior recompensa. Se compartilhar com suas amigas vai me ajudar muito. Daqui a pouco formaremos um exercito de pensadores. ❤️

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