Andei pensando um pouco pra poder te escrever. Não foi fácil como devia.

Essa não é mais uma carta de amor, é o meu desespero latente de fugir da completa loucura.

A pior coisa que eu aprendi foi a desacreditar. Eu sei, dói menos não criar expectativas por alguém. Mas não é tão bom assim, lhe garanto.

Com o tempo a gente acaba ficando mais firme, mais confiante, mais sério.

Talvez porque não nós fomos fáceis como devíamos ser. Você foi meu desafio, a quebra do meu tabu. De tudo que eu havia aprendido, você me ensinou o outro lado. De todas as minhas certezas, você foi a dúvida. De todos os meus receios, você foi a coragem.

E então me vi assim: dentre tantos caminhos certos na escolha do que me fizesse simplesmente feliz por um momento ou por uma eternidade.

Nessas horas, eu fico pensando se podia ser diferente, e se eu faria algo pra que fosse. Mas quando é alguém que vale a pena, a gente só consegue pensar em saudade. Até porque é mesmo isso que dá tanto agora quando eu lembro de todo caminho, de tudo que senti. Mas pra deixar saudade, meu bem, se crava no peito muito mais do que carinho. Se nutre admiração, respeito, um pouquinho de implicância também, um cuidado quase infantil e um desejo pra que seja feliz que não cabe em palavras.

Sinto falta do coração palpitando, das mãos suando. Sinto falta dos pensamentos turvos, das histórias que nunca tiveram fim e se repetiram dia após dia dentro de mim.

Na vontade que esse sentimento se perpetue, desejaria a todos do mundo um pedacinho de ti. O teu lado que eu pude conhecer, que eu pude aprender e repreender também. O que os olhos não veem.

Já que a verdade é essa: não teria como depois de tudo não torcer dia após dia pra que sua felicidade seja essa busca. Seja mesmo essa confusão, essa descoberta, seja tentativa e seja erro também. Que você abandone a premissa que precisa de algo mais pra ser além da sua própria persistência, e isso sei que você tem de sobra.

Que mantenha cíclico esse orgulho do que é, e não do que demonstra ser – alheio até mesmo a mídia soberba que o envolve; e que essa seja sempre sua verdadeira essência.

Que com o passar dos anos desenvolva técnicas ainda melhores de manipulação modesta, mas que não se esqueça que sua maior conquista é a hora certa de parar. De deixar pra lá mesmo, sabe? Perder o controle, os caminhos premeditados, as falas ensaiadas. Se perder um pouco em outros passos, e não ligar pra isso.

Mas que, principalmente, continue sendo parte da minha história e eu parte da sua. Mesmo essa que não pode ser exposta, gritada aos quatro ventos, essa que nasceu pra ser engolida aos poucos, com direito a nós na garganta, apertos no coração.

Essa que parou o tempo e todos os limites na escala de dois dedos e inúmeras noites em claro. Essa que pode até não ser única, mas será nossa.

E que termine como o jogo que começou; da nossa maneira: mais dentro do que fora, mais tato do que pele. Mais eu, mais você, menos o mundo ao nosso redor.
Sempre que te bater o desespero, a saudade, a lembrança, resgata na memória essa história e confia que o jogo só acaba se você deixar de acreditar no que ainda há pra ser vivido.

Não há blefe nessa corrida pra ser feliz.
Tenha pressa.
Eu tenho fé.
Sempre fomos um bom time.

Vencemos o tempo pra não chegarmos ao fim de nós dois.

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