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Queria poder te dizer que nunca vou te machucar, que vou decifrar seu silêncio pra evitar um escândalo em seu peito. Que vou engolir toda raiva mastigada antes de soprar verdades inventadas que nos levem à discussão. Que não vou permitir que nenhum mal te aflija, nem qualquer inveja te ofusque. Queria poder te dizer que do instante que nos conhecemos em diante toda singularidade das minhas escolhas se fez plural. Mas não posso.

Eu sou uma bagunça, minha vida é um caos. Tenho um pé na loucura que às vezes me puxa o corpo inteiro. Sigo exclusivamente meu coração de tal forma que pareço tão ingênua quanto estúpida. E penso sobre tudo. Tudo mesmo. Já avaliei os prós e os contras de estarmos juntos milhares de vezes. O que eu quero dizer é que eu estou ciente disso aqui, do que estamos vivendo, da incompatibilidade dos nossos planos. Confesso que uma partezinha de mim gostaria que você se importasse comigo. Pode ser a mesma que concilio com o fato de gostar de você, mas pode ser puramente egoísmo. Vai saber, eu é que não sei.

Eu não posso te prometer uma plena vida a dois porque ainda me construo e aprendo a ser uma só. Não posso te prometer a mais fina expectativa de tempo, pois eu também me reinvento e faço do calendário meu diário de casos perdidos. Não posso prometer que serei constantemente a mesma, mas que serei eu mesma oscilando entre delírios contidos e afetos histéricos tentando me aceitar. Poderia dizer a qualquer um com a mesma facilidade com que escrevo isso agora, mas não sei se diria isso olhando pra ti. É como se eu permitisse morrer um fio de esperança de que há futuro nessa história.

Culpo os olhos, nunca fui boa o suficiente pra lidar com eles. Imagina o que é olhar pra alguém e enxergá-la de verdade? Você já sentiu isso? E ai, você teve coragem de dar as costas? Quando eu estou contigo minha vontade é de fazer o tempo ter um pouco mais de calma e te dizer que vai ficar tudo bem. Isso é o meu pé sambando na linha da loucura, eu sei. Eu te prometo meus erros mais sinceros, os deslizes honestos de uma alma estilhaçada. Eu te prometo risadas abafadas de sua cara de raiva pra confundir seu temperamento hostil. Eu te prometo desacertos contínuos com a melhor das intenções.

Por fim – e é isso: chegamos ao fim – eu não posso te prometer que serei madura e sensata e levarei minhas próprias palavras ao pé da letra ou que não vou ficar minimamente afetada se descobrir que seus olhos já vagam por outras coxas. Não posso te prometer que vou te poupar, porque às vezes vou pensar tanto, mas tanto, que vou acordar angustiada te cuspindo minhas verdades inventadas. Nem que vou ficar impassível quando sentir uma necessidade extrema de lhe ver sem que haja qualquer razão. Ou que, se você me deixar do dia para a noite porque conheceu por aí uma garota mais interessante, e que gostou do que eu sem qualquer esforço, isso não vai me deixar chateada.

Tampouco posso te prometer que não seja eu a perder o interesse em ti simplesmente porque assisti um filme que me fez repensar minhas escolhas ou, sei lá, senti vontade de comer tapioca sozinha, sabe? Não sei onde acerto ou erro, mas estou tentando descobrir. Eu só posso te garantir, sem sombra de dúvidas, que quando quiser partir, vou abrir a porta pra você e engolir meu coração em seco. Não vou te impedir de seguir teu caminho, jamais.

Eu te prometo falhar, mas sobretudo, tentar incansavelmente trazer à tona tudo que lhe fizer feliz. E se eu não conseguir, prometo não te culpar por pegar um desvio em que nossos passos não se cruzem mais. Eu te prometo não desistir nem de nós, nem de você. E prometo tentar por ti o que por nenhum outro consegui: enfrentar meu próprio medo do fracasso. Eu também não vou desistir de mim por você. Afinal, não posso te prometer durar, só posso dizer que se a gente se perder, eu ainda vou estar aqui, do seu lado. Pra qualquer coisa.

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