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A gente nunca sabe quem vai mudar nossa vida. Aliás, pra ser sincera, meu problema é achar que sei e sempre apostar todas as minhas fichas nas pessoas erradas. Ele veio tão lindo, tão atencioso. Talvez, o amor aconteça mesmo para os distraídos, e enquanto metade de mim ainda se recuperava da bagunça que urgia em meu peito, a outra metade escapulia por dentre meus dedos. Quando eu menos percebi, era dele meu primeiro “bom dia” e meu último “boa noite”, era para ele que eu contava nos mínimos detalhes minhas ambições diárias e as pequenas aventuras que se passavam dentro da minha cabeça. Era dele que eu queria ouvir uma opinião, conselho ou a indicação de um filme, sei lá. Tinha que vir dele meu sossego e, aos poucos, meu vício. Eu queria sempre mais, ter mais. Mas, sobretudo, queria que ele estivesse sentindo o mesmo por mim.

Vou pular de contar a parte boa porque passou. Demos certo, é claro, mas só por um tempo. Dizem que as melhores coisas da vida duram pouco. Discordo, não sei dizer quanto tempo foi, mas pareceu a minha vida inteira. E que tudo que eu havia feito cumpriu perfeitamente seu papel de me levar até ele. Agradeci até pelos percalços que superei quando o tive ao meu lado. Tudo fez sentido. No entanto, passou. É, assim mesmo. Sem mais nem menos. Não sei dizer por quanto tempo nos desgastamos, nos entregamos e fizemos as pazes até colidirmos novamente, mas pra mim, pareceu um minuto. Sério. De que vale um minuto sequer sem quem a gente ama ao lado? Se eu pudesse voltar no tempo, eu juro como não voltaria mais do que isso. Eu só queria mais uma vez aquela esperança, eu só queria acreditar que iríamos superar isso. Quero dizer, superamos. Mas não juntos. Como explicar para a saudade que o amor passa arrastado?

Ele fez a escolha dele e eu a minha, o problema foi porque não escolhemos um ao outro. Não sei dizer o que foi mais difícil: aceitar que isso era o certo a se fazer ou que chegávamos a essa conclusão juntos. Eu queria que ele lutasse por mim, queria que ele deixasse a razão de lado e me dissesse “sim”. Eu queria não ter pensado sobre tudo, não ter ponderado o certo e o errado. A vida não é justa, sejamos francos, por que o amor havia de ser? Eu queria ele, e queria que ele me quisesse. Mas tínhamos os pés no chão e as asas cortadas de outros voos; quanto mais alto se aposta em alguém, maior é a queda também.

No fundo, tínhamos medo. Sei disso pela forma como meu coração batia acelerado golpeado pela adrenalina de me desfazer da única coisa que aparentemente me fazia respirar. Sei disso porque minhas mãos tremiam em um impulso desesperado de se manterem longe dele. Sei disso porque quando vi seus olhos, fugi desgovernadamente para sua boca e pedi por tudo que mais uma vez fosse minha. Ou quem sabe, nunca deixasse de ser.

Às vezes, até acho que o esqueci, mas aí sempre vem alguém me dizer que o viu. Ou todas as estações do rádio tocam a nossa música. Ou talvez seja coisa da minha cabeça, sei lá. Então, eu saio, me divirto, conheço algumas pessoas, ouço o de sempre “vai passar”. Sei que falam do tempo, mas imagino que podia ser dele. Já perdi a conta de quantas vezes prometi a mim mesma que se passasse pela minha vida outra vez, eu o pararia. Eu sei, talvez não desse em nada, mas quando se tem o coração em frangalhos, nada é a única coisa que se tem a perder. Não é todo mundo que faz a gente querer tentar de novo. E se a gente quer é porque, mesmo por um instante, vale tanto a pena.

O vi de novo um dia desses, e honestamente, não encontro uma só palavra pra descrever esse sentimento. Eu quis pular em cima dele, agarrá-lo, dizer-lhe que a mandasse a razão a merda porque eu não aguentava mais a porra dessa saudade, mas tudo que fiz foi lhe dizer “oi” à distância com um sorriso bobo na cara. Patética. Sempre fantasio com o dia em vou trata-lo como mais um, perguntar sobre a família, o trabalho, desejar que dê certo com a nova namorada. Eu podia fazê-lo, sério. Mas prefiro não me arriscar, afinal, como ignorar que foi que ele que me deixou assim? Tenho medo de ouvir que esteja muito mais feliz sem mim. Não é egoísmo, não. Ainda é amor, mas agora mais meu do que dele. Prefiro cuidar do meu jeito, deixar quieto. Vou esquecer, sei disso. Só não sei se quero. Estamos bem, cada um para o seu lado, sabe? Vida que segue. Mas por trás da minha força, só eu sei a falta que ele me faz.

 

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