tumblr_mai6j7S5sG1rgimhdo1_500Nunca fui uma mulher louca. Quer dizer, não para relacionamentos, na verdade. Talvez nos demais quesitos eu não possa ter tanta convicção. Acontece que a minha adolescência, se falarmos somente dos derradeiros amores – na maioria platônicos, começando pelo Leonardo Dicaprio em Titanic, passando pelos Hanson e o vocalista do The Calling cujo o nome eu  nunca aprendi – foi bastante tranquila, por incrível que pareça. Aliás, foi também nessa época que eu tomei como verdade absoluta que não sofre por amor quem sofre por dinheiro. Que sorte a minha ter sido pobre, então; isso conservou meu humilde coração batendo. Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre o gerente do meu banco. Nem tudo é perfeito, meu bem.

Mas eu aposto como, sem pensar demais, você consegue citar pelo menos três amigas suas que fizeram coisas inimagináveis enquanto estavam apaixonadas. Eu consigo. E observe como eu uso a palavra “estavam” porque ainda acredito que não seja cabível agir assim na nossa idade. Esta idade, sabe? Dos vinte e poucos anos regada a toda ilusão (ou desilusão, no caso) matrimonial e financeira.

Às vezes, me pergunto quando foi que nos tornamos refém nessa coisa de relacionamento. Porque se sempre foi o papel da mulher se fazer de coitadinha, eu era distraída e, não, vítima. Agora, confesso, que se tornou mais difícil aceitar. Tudo isso. Quero dizer: o machismo exacerbado, os favores obrigatórios, o falatório cobiçado. Se antes eu já não entendia porque se esforçar tanto pra fazer alguém gostar de você – só porque você gostava dele –  em um mundo perfeitamente cor de rosa em que os problemas não passavam da porta do colégio para fora, hoje não entendo porque isso me seria o suficiente, já que aprendi que relacionamento perfeito existe nos quatro cantos da Terra. Pena que ela é redonda.

A ciência explica a química que acontece quando a gente se apaixona. Existe, de fato, uma lógica pra suas reações e a intensidade do sentimento. Mas o que pode ser tão recompensador por trás disso? Do que adianta estar com quem você ama e não ser correspondida? Do que adianta limitar sua felicidade à lembrança dos pequenos momentos bons quando a maior parte deles – em que estão juntos – lhe causa angustia? Aquele que não aprendeu a se doar também nunca amou de verdade, mas o único amor que não se cede é o próprio.  

Sabe, já pensei bastante sobre isso e nunca encontrei uma resposta. Acho que, na verdade, eu sou uma tremenda egoísta. Tenho mania de me valorizar, me pôr a frente dos outros. Calcular altos e baixos, prós e contras. Inclusive, faço listinhas pra não esquece-los. Principalmente, os contras. O que é, de certa forma, uma gesto pacífico de rancor, por assim dizer. Mas, em geral, não me queixo. Tenho muito menos a reclamar nesse assunto do que a maioria das meninas que eu conheço.

Insisto em pensar que amor não é assim. Não é destrutivo, não é unilateral. E que é consolo de menina mimada pensar que um relacionamento para viver em paz primeiro tem que sobreviver ao conflito. Não sei, talvez eu esteja mesmo enganada, mas se não para te fazer alguém melhor, pra te fazer reconhecer seus erros, moldar suas falhas e acreditar em recomeços, qual seria o sentido de escolher dentre 7 bilhões de pessoas aquela com quem compartilhar uma vida (não sua, nem dela, mas uma feita para os dois)?

Se nem sequer somos mais os mesmos daquele tempo em que acreditávamos ter todo o tempo ao nosso favor, onde podemos guardar a certeza desse sentimento? Por isso que o amor é paciente, benevolente. Não se mede na intensidade de um instante, nas palavras ditas em seu auge, nem nas promessas ao pé do ouvido. Pode vir a primeira vista, mas só pode se fortalecer com o tempo. E qualquer pessoa está sujeita a se apaixonar, mesmo que não seja uma pela outra. Então, não adianta bancar “o destino”. Aja como gostariam que fosse com você, e torça pra que seu coração reconheça que quando o amor lhe trouxer paz é verdadeiro.

 

p.s: Título meramente ilustrativo.

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