Sinceramente, às vezes eu queria ser uma dessas pessoas que creem em destino porque, vamos combinar, é muito mais fácil! É como se você retirasse a sua parcela de atitudes impossíveis e simplesmente aceitasse que se não deu certo, não era pra ser. Detesto esse pensamento, mas francamente o uso com frequência pra consolar corações partidos, empregos demitidos e até mesmo o azar da mega sena. Afinal, se você fez tudo que podia e não deu certo é muito melhor acreditar que o destino já havia sido escrito certo por linhas tortas e que tem algo infinitamente melhor te esperando embalado numa fita, algo como um pote de ouro ao final do arco-íris. E não que se não deu certo, você tenha que mudar e que não vai ter nada muito melhor te esperando se não fizer por onde, independente de quantos arco-íris persiga por toda sua vida.

Eu sei, você me acha pessimista agora. Mas, em minha defesa, o otimismo sequer existe! Não passa de uma série de expectativas, promessas e fitas do Senhor Do Bonfim pra realizar algo que depende em 90% da sua própria força de vontade. Quer saber? Otimismo é fraqueza e está diretamente ligado à essa teoria de que nascemos predestinados à algo. Na verdade, o que se contrapõe ao pessimista é o realista, afinal, você pode enxergar como as coisas são e fazer algo à respeito ou você pode enxergar que elas sejam piores do que são e fazer algo à respeito. Ou você pode não fazer nada à respeito de nada e esperar de braços cruzados que o que já havia sido escrito nas estrelas venha até você. De antemão, quero te dizer que apenas duas coisas nessa vida são absolutamente corretas 1) você vai engordar e 2) você vai morrer. Pelo menos, de uma delas você tem a chance de escapar todo os dias quando acorda. Da morte, quero dizer.

Incontáveis vezes você se afasta de algo que te faria bem por um mero desentendido. O problema não está em voltar atrás, mas em nunca tê-lo notado. O destino serve pra isso, te imobilizar. A verdade sempre envolve um punhado de confiança, afinal, você não pode esquecer que convicção nada mais é do que a capacidade de alguém de convencê-lo do seu ponto de vista. Então, quando alguém lhe conta algo, se você confia nele, nem sequer vai atrás, mas se desconfia isso acaba te atormentando e se unindo com outros receios. O que você, talvez, não perceba é que sempre haverá um lado da história que você jamais saberá o que aconteceu. Supere!

Isso não é uma questão de destino, honestamente. Se algo te deixa com a pulga atrás da orelha, não há fórmulas mágicas de se livrar da dúvida. Mas a decisão de fazer algo à respeito disso é completamente sua. Passe a sua vida correndo atrás de provas pra satisfazer o próprio ego e saber que estava certo todo esse tempo ou confie. Posso falar? O que não é pra ser, poderia ser se você fosse mais tolerante. O que é pra ser, poderia não ser se você fosse mais preguiçoso.  Não que eu esteja dizendo que erros devam ser totalmente perdoados e mágoas esquecidas, mas independente de quantas chances você tenha de tentar novamente e de quantas vezes tenha ouvido que seria diferente, se você ainda for a mesma, terá o mesmo resultado. A vida não é sobre chances, é sobre mudanças. Você pode abrir mão de tê-las e continuar achando que o que é seu, virá num passe de mágica ou simplesmente fazer diferente.

Chance é sobre coragem, pôr o medo de lado e seguir em frente. Às vezes, fazer o que está além de sua capacidade, se despedaçar inteira e somente depois de dias de luto e revolta consigo mesma, superar. Mudança não é sobre superação, é sobre recomeço. Do que adianta se erguer pra voltar ao ciclo? Já o destino é egoísta, é entregar as cartas, desistir de lutar. Mas amor não tem nada a ver com isso, amor é sobre esperança que da próxima vez esse maldito e burro coração não erre porque não tem nada de divino no encontro de duas pessoas, além do que você mesma fantasia. Química não deve ser confundida com paixão, o seu melhor amigo não quer dizer que seja seu melhor namorado.

Faça além do que deve, mas sem a expectativa de retorno. Entenda que você não pode controlar tudo à sua volta e nem acreditar que as coisas funcionem em um sistema de recompensa imaginário. Isso é como dar murro em ponta de faca, neguinha. Não se martirize por planos que não deram certo, amores que foram um fiascos e finais de filmes tristes. Às vezes, o que realmente importa é se libertar de suas próprias correntes, seus paradigmas, sua ideia formada de felicidade. Quando isso acontecer você vai perceber que, na verdade, o que te faz feliz é a jornada e, não, o final dela. Aliás, não preocupe-se com o final. Nem o seu, nem das pessoas ao seu redor. Se você parar pra pensar, ninguém quer mesmo o fim. É desse meio termo que somos feitos, dessa corrida que somos motivados. É desse vai e vem de ilusões, dessa toada de preocupações que escrevemos nossa história.

 

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