Eles estão aprimorando suas técnicas. Eles estão a par da inovações tecnológicas, assim como, dos aplicativos de paquera. Eles têm evoluído. Eles estão usando artilharia pesada; buquê de rosas e chocolates dão lugar à declarações de afeto em redes sociais. Eles nos culpam por isso. E, pior, ainda tem mulher que acredita.*

Trago à tona a velha história de que alguém que é educado contigo e grosso com o garçom é um lobo disfarçado em pele de cordeiro. O pior tipo é aquele quando tem interesse na jogada sabe como agradar, e não mede esforços. Ilude mais do que pote de sorvete na geladeira com feijão dentro e decepciona mais do que vilã de novela das oito que vira à casaca (um saco, vamos combinar). Todo mundo tem seus momentos de pavio curto, concordo, mas a frequência com que o individuo manifesta seu lado capiroto pode ser um sinal que, cedo ou tarde, vai se voltar contra você. Ser gentil é uma questão de caráter, e não conveniência.

Se Pedro fala de Ana sabemos mais sobre Pedro do que sobre Ana, já dizia o filósofo. Quem está sempre a desdenhar a ex, no mínimo, se joga na balada de sertanejo e canta sofrência ou ainda mantém contato ou, pior, ainda tem sentimento. Ou é simplesmente um escroto. Respeito não é seletivo, você tem que ter por qualquer pessoa, tanto por aquelas que se envolveu e, especialmente, por aquelas que se desentendeu. Maturidade é isso. A frase “ela era doida” lidera o ranking de justificativas de quando um cafajeste termina uma relação.

Ok, obrigação mesmo não tem. Mas ninguém é obrigado a estar junto, não é? Fica porque quer. Namora porque quer – na maioria das vezes. Já peguei um desses babacas: o falso defensor de direitos iguais. Faz a linha moralista liberal pra evitar ser “nós” e se entupir de “eu, eu, eu”. O tipo que não paga uma conta por gentileza, por educação, por cavalheirismo ou apenas porque quer agradar o outro, afinal, homens não tem obrigação alguma de pagar nada pra mulher. O tipo planeja uma viagem inteira sozinho e depois só joga a ideia, você vai se quiser, e acha que isso significa ouvir sua opinião a respeito. O tipo que menospreza o que é importante pra você porque não acha significativo pra si mesmo. Chuta que é macumba!

Antigamente, eu achava que só o fato da pessoa se referir a outra assim já o colocaria na minha lista negra moral. Gente de mente pequena. Com o tempo, passei a notar uma semelhança entre eles: parecia mais complexo do que homofobia. Não sei qual o pior (mentira, sei. Definitivamente, homofobia). Os caras que mais se incomodavam com roupas, música, balada LGBTQ eram os que mais, na minha humilde visão, estavam propensos a sucumbir ao outro gume da faca. Às vezes, esse comportamento agressivo e preconceituoso é reflexo do quanto lutou contra si mesmo pra se convencer de sua masculinidade. Macho que é macho nem sequer perde a chance de imitar um viado, se vestir de mulher em pleno carnaval e ter amigos independente de sua orientação sexual. Como já dizia o ditado: quem muito desdenha, quer comprar.

Sabe lá Deus quanto tempo de fica depois e vocês ainda não conseguem se apresentar aos amigos/família do outro sem dar aquela velha engasgadinha. Mas não está bom assim, pra que rotular? Pior ainda, quando todo mundo passa a tratá-los como namorados, mas nem vocês se tratam entre si. Minha filha, se você já pensou “é um namoro, só não tem o nome”, então, sinto muito ter que te dizer isso porque NÃO é um namoro. Quero ver se você vai reclamar se descobrir dele com outra porque não é traição, e você não tem esse direito. Não é nem falta de consideração. É a beleza da natureza humana: livre e selvagem. Não determinar o que vocês tem, quando isso já se tornou explícito e, principalmente, quando você é a primeira a sustentar a ideia de que têm algo sério, é assinar o atestado de trouxa. Ninguém pode ficar ficando pra sempre. Uma hora tem que sair do muro e é bom que tenha as expectativas baixas pra não quebrar a cara com a queda.

Uma coisa é certa: homem perfeito existe, e é nosso melhor amigo. Por experiência própria, um homem que sabe se relacionar com uma mulher e não querer só transar com ela é mais sensível, mais empático, tenta se por mais no lugar dela ou ao menos entender o que ela tem a dizer, é mais carinhoso, mais curioso sobre o corpo feminino e mais confiável, por mais contraditório que isso pareça. Mas ter amiga mulher é, sim, uma característica que transparece lealdade e respeito com o sexo oposto.

Um cara desses, que ainda não aprendeu que liberdade é a escolha de permanecer ao lado de alguém por amor, sempre vai se sentir ofuscado, reprimido ou na rédea curta em uma relação. Essa sensação de sufocamento vem do sua própria ideologia de que a dois nada é possível, e não do comportamento delas, na maioria das vezes. Mulher nenhuma quer estar com alguém se sentindo preso, acuado e lhe culpando por isso. Imagina o que é você gostar tanto de alguém que não pensa duas vezes em inclui-lo em cada passo da sua rotina e essa pessoa chegar pra você e dizer que não pode fazer tudo o que quer estando contigo? Enquanto tudo que você queria era só estar com ele. Irônico, não?

Namorar em janeiro? É loucura, logo vem o carnaval! Namorar na semana santa? Mas, como fica a viagem que se planejou com a galera? Namorar nas férias? NEM PENSAR! Tem festa todo dia. Esse tipo de cara. ESSE TIPO… Fuja para as colinas!

* Usei uma relação heterossexual e monogâmica pra ilustrar o conceito de cafajeste, mas filho da puta não tem gênero nem orientação sexual. Pense nisso.

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